sábado, 18 de junho de 2011

Aniversário: Imigração japonesa faz 103 anos

Mogi das Cruzes comemora a vinda da colônia que influenciou em sua formação social, cultural e econômica
Luana Nogueira
Da Reportagem Local
Jorge Moraes

O médico Nobolo Mori, fundador do Hospital Ipiranga, foi a inspiração do artista plástico que fez a escultura da praça do Imigrante
Há exatamente 103 anos, chegava ao Brasil o primeiro grupo de imigrantes japoneses. Eles desembarcaram do navio Kasato Maru, no Porto de Santos, e, em julho 1919, a primeira família japonesa se instalava em solo mogiano. A formação da sociedade e da identidade cultural de Mogi das Cruzes teve grande participação dos imigrantes japoneses.


Os primeiros que chegaram à cidade trouxeram na bagagem experiências e hábitos que, aos poucos, foram introduzidos na cidade. A dificuldade de se adaptar ao idioma e aos costumes brasileiros foi um dos desafios dos recém-chegados. O empreendedorismo e o sentimento de união deste povo ajudaram a construir a cidade e a modernizar a agricultura.


No início do século 20, a situação econômica do Japão não era propícia para o crescimento igualitário. Em contrapartida, o Brasil tinha abolido a escravidão e precisava de mão de obra para cultivar as plantações de café, que na época era o principal produto de exportação. 
Por causa do clima ameno e o bom solo, Mogi foi escolhida por muitos imigrantes como reduto. "Mogi era uma cidade pobre e pacata, na periferia de São Paulo, ponto apenas de tropeiros. A imigração japonesa vitalizou as zonas urbanas e rurais, por meio de um modelo especial de desenvolvimento. No Brasil, existia o latifúndio e os japoneses trouxeram o minifúndio. Havia a monocultura e eles trouxeram a policultura. Tinha uma mão de obra escrava e foi trazida a familiar. A vinda dos imigrantes é um virar de página na história de Mogi", afirmou o historiador Mário Sérgio de Moraes.


Segundo Moraes, grande parte dos imigrantes que chegavam dos navios da ilha oriental não era da área agrícola. "Existiam muitos desempregados, pessoas que eram vistas sem qualificação no Japão, mas que viram aqui uma oportunidade imensa de desenvolvimento. Elas chegavam com uma mão na frente e outra atrás, mas eram portadoras de relação exemplar com o campo. Se fôssemos comparar o Brasil daquela época com o Japão, estaríamos como pelo menos 50% a mais de riqueza que eles", explicou.




Economia
A terra adquirida por um preço mais em conta que a do oeste paulista, terra do café, fez com que os imigrantes japoneses buscassem Mogi como destino. "Os imigrantes chegavam e trabalhavam, faziam economia e em seguida compravam uma propriedade. Eles começaram a plantar e a abastecer o mercado com produtos diferentes, como tomate e verduras que ninguém conhecia. Os italianos conheciam o tomate, por isso, os japoneses passaram a vender os produtos para o mercado de São Paulo. Eles começaram a se fortalecer e fundaram o Sindicato Agrícola de Mogi das Cruzes", esclareceu o historiador.


A época mais próspera para os imigrantes foi entre a metade dos anos 1950 e o início da década de 1980. "Com a superinflação, muitos produtores faliram", justificou Moraes. "Nós não somos mogianos, mas mogiponeses. Não há na cidade nenhum aspecto que não tenha tido a influência positiva dos japoneses. Nossa culinária japonesa é respeitada e o comércio também foi muito beneficiado com a participação deles, por exemplo. Mogi não seria exatamente o que é se não fosse a colônia japonesa. Ela frutificou em todos os sentidos".


Fonte:Mogi News