terça-feira, 23 de novembro de 2010

Novo ataque criminoso deixa um morto no Rio; criança fica ferida

DIANA BRITO
DO RIO
 
Um novo ataque criminoso deixou um jovem de 18 anos morto e duas pessoas feridas --entre elas uma criança de 11 anos-- por volta das 13h desta terça-feira em frente a um posto do Detran (Departamento Estadual de Trânsito), na rua Edgar Romero, em Madureira, zona norte do Rio.
De acordo com a Polícia Militar, dois homens armados teriam efetuado os disparos na direção de Cristian Santos, 18, que morreu no local. Os outros dois feridos foram levados para o hospital estadual Carlos Chagas, em Marechal Hermes, e para UPA (Unidade de Pronto Atendimento) de Irajá, na zona norte.

Ainda não há informações sobre o estado de saúde das vítimas. Segundo a Polícia Civil, Santos era morador de Inhaúma e tinha ido ao posto do Detran para renovar a carteira de identidade. O caso está sendo investigado pela Delegacia de Homicídios do Rio. Por enquanto, a polícia não confirma que o caso possa ter relação com a série de atentados criminosos que assustam moradores nos últimos dias.

VIOLÊNCIA

Desde o fim de semana, criminosos fazem arrastões e queimam carros no Rio. Ontem, o secretário de Segurança do Estado, José Mariano Beltrame, disse que novos ataques podem acontecer de 'traficantes emburrados', em retaliação às UPPs (Unidade de Polícia Pacificadora) e a transferência de presos para presídios federais.
Nesta terça, quatro rapazes --dois deles adolescentes-- foram detidos com bombas caseiras em Copacabana, zona sul do Rio. Segundo a Polícia Militar, eles são acusados de tentar instalar os artefatos explosivos embaixo de dois veículos no bairro.
Entre a noite de ontem e esta terça-feira, uma cabine da PM foi atingida por tiros e carros foram queimados. Na via Dutra --que liga o Rio a São Paulo--, carros foram queimados, e duas pessoas ficaram levemente feridas na altura do bairro da Pavuna (zona norte).
Já no início da manhã desta terça-feira, duas pessoas morreram e uma ficou ferida após um carro ser atingido por tiros na avenida Washington Luís, na altura de Duque de Caxias, Baixada Fluminense. Em Araruama, região dos Lagos, dois PMs foram mortos ontem à noite. Nos dois casos, a polícia investiga a possível ligação entre com os recentes ataques.

Van queimada ontem na saída da Dutra, sentido avenida Brasil, em Irajá, na zona oeste da cidade do Rio de Janeiro
 
OPERAÇÃO


Para tentar conter a onda de violência, a Polícia Militar iniciou hoje uma operação simultânea em ao menos 17 favelas. Em nota, a corporação informou que está com o efetivo de todos os batalhões da região metropolitana nas favelas, além de policiamento ostensivo nas ruas.
Houve tiroteio no início das ações, e um suspeito foi morto na favela de Mandela 1, em Manguinhos (zona norte).
 
 
Folha.com 23/11/2010

Acusado de abusos, médico Roger Abdelmassih é condenado a 278 anos de prisão

MÔNICA BERGAMO
COLUNISTA DA FOLHA
 
O médico Roger Abdelmassih foi condenado na tarde desta terça-feira a 278 anos de prisão. Acusado de ter abusado de pacientes de sua clínica de reprodução, ele pretende recorrer da decisão. A sentença foi proferida pela juíza Kenarik Boujikian Felippe.
O advogado José Luis Oliveira Lima, que defende Abdelmassih, diz que respeita a decisão da magistrada "mas entendo que ela desprezou as provas favoráveis que existem no processo, como os 170 depoimentos prestados em seu favor de meu cliente feitos por ex-pacientes por seus maridos".

Fred Chalub - 17.ago.09/Folha Imagem
Abdelmassih tem registro médico cassado após mais de pacientes o acusarem de abuso sexual; ele já tinha solicitado cancelamentoOliveira Lima diz ainda que o médico sempre negou todas as acusações. Ele pretende recorrer ao Tribunal de Justiça de São Paulo para reverter a decisão.

Apesar de ter sido condenado a 278 anos de prisão, pela lei brasileira, o tempo máximo de detenção é de 30 anos.

ENTENDA O CASO

O médico Roger Abdelmassih, um dos mais famosos especialistas em reprodução assistida do país, foi preso no dia 17 de agosto de 2009 --mas permanece solto devido a um habeas corpus. Ele teve a prisão preventiva decretada pela Justiça após cerca de 60 mulheres afirmarem ter sofrido crimes sexuais durante consultas.
O caso foi denunciado pela primeira vez ao Ministério Público em abril de 2008, por uma ex-funcionária do médico. Depois, diversas pacientes com idades entre 30 e 40 anos bem-sucedidas profissionalmente disseram ter sido molestadas quando estavam na clínica.
As mulheres dizem ter sido surpreendidas por investidas do médico quando estavam sozinhas --sem o marido e sem enfermeira presente (os casos teriam ocorrido durante a entrevista médica ou nos quartos particulares de recuperação). Três afirmam ter sido molestadas após sedação.
Em agosto de 2008, Abdelmassih foi intimado pelo Ministério Público a depor, mas não compareceu. Mesmo assim, o órgão ofereceu denúncia à Justiça, recusada porque a juíza Kenarik Boujikian entendeu que a investigação é atribuição exclusiva da polícia.
Um inquérito foi aberto pela polícia, mas desapareceu do Departamento de Inquéritos Policiais em novembro de 2008. Ele foi encontrado um mês depois, possibilitando o reinício das investigações.
Em junho do ano passado, Abdelmassih foi indiciado pela polícia. Na época, a defesa de Abdelmassih afirmou que ele teve seu direito de defesa cerceado e que a Polícia Civil descumpriu a determinação do Supremo.
Segundo um dos advogados do médico, Adriano Vanni, na época, a polícia antecipou o depoimento sem maiores explicações, antes que a defesa pudesse ter acesso às acusações.
Em agosto de 2009, o Cremesp (Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo) abriu 51 processos éticos contra o médico. Os conselheiros do órgão avaliaram que as denúncias eram pertinentes e decidiram pela abertura dos processos. A pena máxima é a cassação do diploma.
Formalmente, Abdelmassih foi acusado de estupro contra 39 ex-pacientes, mas como algumas relataram mais de um crime, há 56 acusações contra ele. Desde que foi acusado pela primeira vez, Abdelmassih negou por diversas vezes ter praticado crimes sexuais contra ex-pacientes. O médico afirma que vem sendo atacado há aproximadamente dois anos por um "movimento de ressentimentos vingativos".
Abdelmassih também já chegou a afirmar que as mulheres que o acusam podem ter sofrido alucinações provocadas pelo anestésico propofol, usado durante o tratamento de fertilização in vitro. De acordo com ele, as pacientes podem "acordar e imaginar coisas".
Segundo sua defesa, o médico nunca fica sozinho com suas pacientes na clínica, estando sempre acompanhado por uma enfermeira.

Folha.com 23/11/2010