segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Tiririca da Silva

O impacto da repercussão da candidatura de Tiririca, com seu poder de comunicação, surpreendeu os conservadores e provocou reacionários


O partido que propõe "uma sociedade livre, pluralista e participativa", conforme consta do programa do PR (Partido da República) em seu primeiro parágrafo, não pode se apresentar como a legenda das restrições prévias para o reconhecimento da legitimidade de uma candidatura à representação popular.

A rigor, nos parece contraditório que alguém se apresente como democrata enquanto questiona a legitimidade da candidatura de qualquer cidadão em dia com suas obrigações e no gozo dos seus direitos civis. Alheias aos costumes de regime democrático, algumas opiniões sobre o conteúdo da propaganda política de televisão confessam saudades da chamada Lei Falcão.

Aparentemente insatisfeitos, os falsos democratas esperavam que os republicanos amordaçassem candidatos ou censurassem suas formas de expressão e conteúdos.

Felizmente, este não é e não será o papel de um partido como o PR. O Partido da República não partilhará do pensamento ressentido que orienta as viúvas do totalitarismo de direita ou de esquerda.

Não há constrangimentos ou subterfúgios para falar do pluralismo que praticamos em nossas listas de candidatos por todo o país. Defendemos, sem exceção, a legitimidade de todas as candidaturas do nosso partido.

A candidatura do artista Francisco Everaldo Oliveira da Silva, o Tiririca, é um símbolo do pluralismo praticado pelo Partido da República. Repentinamente, sem que houvesse qualquer pirotecnia ou preparação prévia, Tiririca e a espontaneidade de sua mensagem conquistaram as atenções na democrática internet brasileira.

O impacto da repercussão da candidatura de Tiririca, com seu poder de comunicação com o povo, surpreendeu conservadores e provocou reacionários adormecidos.

Aceitamos todos os questionamentos e, por vocação democrática, respeitamos inclusive as manifestações injuriosas. Sobretudo depois que o STF (Supremo Tribunal Federal) reafirmou o compromisso da Constituição brasileira com a ampla liberdade de expressão.

O candidato Francisco Everaldo Oliveira Tiririca da Silva representa um relevante segmento entre os brasileiros. Ele tem todo o direito de se apresentar para o eleitorado da forma que o eleitorado o conhece.

Caso contrário, os candidatos cantores não poderiam cantar, os que usam chapéu teriam de mostrar os cabelos e os médicos estariam proibidos de aparecer na televisão em roupas brancas.

Tiririca é livre para escolher a forma e o conteúdo que lhe parecer conveniente quando se apresenta para pedir o voto nas ruas ou no horário de propaganda política da TV.

Cabe ressaltar, entretanto, que o republicano Francisco Everaldo Oliveira Tiririca da Silva, no exercício do mandato de deputado federal, assumirá dever de obediência ao programa e ao estatuto do Partido da República, além de estar subordinado às restrições impostas pelo Código de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara dos Deputados.

Os artistas Francisco Everaldo Oliveira Tiririca da Silva, Agnaldo Timóteo e Juca Chaves não foram os únicos agraciados com um convite para ingresso no PR.

Da mesma forma que, em todo o país, convidamos para filiação no PR personalidades de outros segmentos da vida brasileira. Sempre orientados pelo propósito de ampliar a representação social na vida política e partidária deste país.

SÉRGIO TAMER, mestre em direito público pela UFPE, doutorando pela Universidade de Salamanca, professor universitário, é procurador federal e presidente do Conselho de Ética do Partido da República.

Retirado do jornal Folha de S. Paulo, segunda-feira, 06 de setembro 2010/ opinião pag. A3