quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Aloysio Nunes Ferreira promete lutar por instalação de aeroporto na regiãoSenador eleito disse que também atuará no desenvolvimento de uma política ética para obter recursos e benefícios para São Paulo


NOEMIA ALVES
Da reportagem local
 
foto: Daniel Carvalho




Eleito senador pelo PSDB de São Paulo com 11.189.168 votos (30,42% dos válidos), na eleição do dia 3 de outubro último, Aloysio Nunes Ferreira é tido como a grande esperança de Mogi das Cruzes e do Alto Tietê no Congresso Nacional. Além de criar leis e propor emendas na Constituição, entre outras medidas que atendam aos interesses da região e do Estado, o senador eleito prometeu se empenhar para conquistar o aval do governo federal para a construção do terceiro aeroporto internacional em São Paulo, mais especificamente na região do Alto Tietê.

Em entrevista exclusiva ao Mogi News, Aloysio Nunes afirmou que a região "está muito bem servida no que se refere à acessibilidade" e que passado o segundo turno das eleições presidenciais, ele buscará informações técnicas sobre os estudos e projetos do aeroporto pelo governo do Estado e que irá "lutar para que se torne realidade".

Com 27 anos de carreira política - foi três vezes eleito deputado federal, duas vezes estadual, ministro da Justiça e secretário-geral da Presidência na gestão de Fernando Henrique Cardoso, secretário de Estado dos Transportes Metropolitanos e ex-chefe da Casa Civil de São Paulo -, Aloysio Nunes promete se dedicar também à reforma tributária e à regulamentação da emenda 29 da Constituição, que trata de recursos e investimentos na saúde.
Mogi News: Qual será sua linha de trabalho no Senado, a partir de janeiro de 2011?
Aloysio Nunes Ferreira: Vou trabalhar em diversas frentes. Além do Legislativo, que é atribuição do cargo, também irei atuar no desenvolvimento de uma política ética para obter recursos e benefícios para São Paulo. Ao contrário do PT, não vou puxar brasa ou sardinha para município x ou y que é do partido ou aliado. Vou trabalhar em busca de recursos para beneficiar obras por todo o Estado. Também quero retomar ações para discussão da política externa e financeira, de acordos internacionais que visem à redução de tarifas tributárias ou ainda para combater o tráfico de drogas. No Senado, não serei um político do PSDB, mas um senador que representa o Estado de São Paulo.
Mogi News: E que tipo de propostas o senhor pretende apresentar?
Aloysio: Pretendo lutar pela regulamentação da emenda 29 da Constituição, que prevê mais recursos para a área da saúde. A ideia é lutar para que São Paulo, que realiza o maior atendimento de pacientes SUS (Sistema Único de Saúde), tenha participação considerável. Também quero propor revisão da tabela SUS e, claro, maiores investimentos do governo federal, para implantação de clínicas de tratamento e especialização nos dependentes químicos e alcoólatras. No setor financeiro, pretendo empregar um forte trabalho para a reforma tributária e ampliar os recursos destinados a São Paulo pelo Fundo de Participação. Dos R$ 40 bilhões de IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) e Imposto de Renda do ano passado arrecadados no país, São Paulo recebeu apenas 1%. É preciso uma redistribuição mais justa para o término de obras viárias importantes: Rodoanel Leste e Norte, e investimento no transporte coletivo tanto ferroviário como metroviário.
MN: Durante a campanha, o senhor visitou Mogi das Cruzes, em duas oportunidades, e falou do carinho pela cidade e todo o Alto Tietê. Como será sua atuação em favor da região?
Aloysio: Realmente tenho um carinho muito grande por Mogi e cidades do Alto Tietê. Aliás, durante o mês de novembro, após a eleição do segundo turno, vou visitar a cidade e agradecer pessoalmente os milhares de votos que obtive na região. O trabalho em favor da cidade eu já desempenhava enquanto secretário da Casa Civil, agilizando vários investimentos em obras viárias e para a saúde. Agora, enquanto senador, vou dar continuidade a esse trabalho, porém na esfera federal.
MN: Na semana passada, o governador de São Paulo, Alberto Goldman (PSDB), anunciou a análise de terrenos no Alto Tietê e Vale do Paraíba para abrigar o terceiro aeroporto internacional do Estado. Contudo, ele ainda depende da outorga do governo federal para investir neste setor. O senhor vai atuar neste segmento? Apoiará qual região?
Aloysio: Não tenho conhecimento técnico sobre esse estudo. Porém, já passou da hora de São Paulo ter um terceiro aeroporto internacional. Há três anos, quando teve o acidente da TAM, em São Paulo, e veio à tona o caos aéreo no país, o presidente Lula (Luiz Inácio Lula da Silva) prometeu a construção de um novo aeroporto. Da mesma forma, Guarulhos aguarda um novo terminal e Viracopos espera pela reforma além de uma terceira pista. Contudo, nada foi adiante. Enquanto senador, vou trabalhar para que estes projetos saiam do papel. Isso inclui, é claro, a possibilidade da região do Alto Tietê receber o equipamento. Não tenho conhecimento técnico sobre o estudo, mas a região está muito bem servida no que se refere à acessibilidade, isto é, pode ser acessada pela Presidente Dutra, Rodovia Ayrton Senna, Índio Tibiriçá, ainda Mogi-Bertioga, entre outras. O aeroporto irá facilitar a intermobilidade, inclusive por conta dos trens da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) que chegam à região. Depois do segundo turno, buscarei informações técnicas sobre os estudos e projetos do aeroporto pelo governo do Estado e irei lutar para que se torne realidade.
MN: E outros problemas regionais, como o aterro sanitário pretendido pela Queiroz Galvão no distrito do Taboão e o Centro de Progressão Penitencária (CPP)?
Aloysio: Por mais que eu conheça a posição da cidade de ser contrária ao empreendimento da Queiroz Galvão, não há muito que possa se fazer em nível federal, no Senado. Trata-se de uma questão que precisa ser discutida, tecnicamente, com o Ministério Público e a Secretaria de Estado do Meio Ambiente. Já a questão prisional precisa ser resolvida com a construção de novas unidades para desafogar as cadeias públicas. No Senado, vou propor a retomada do Fundo de Participação da Segurança Pública aos Estados, criado na gestão do presidente Fernando Henrique Cardoso. Nos últimos oito anos, São Paulo não recebeu um tostão desse fundo.
MN: O senhor tem sido um dos principais cabos eleitorais de José Serra neste segundo turno das eleições presidenciais. Qual estratégia adotada pelo partido nesses últimos dias de campanha? Há alguma chance de Serra vir ao Alto Tietê?
Aloysio: Nesta reta final, o José Serra permanecerá em viagens por todo o país, em outros Estados. O trabalho em São Paulo deve ser desempenhado por lideranças do partido e aliados, sob comando do Geraldo Alckmin. De início, a ordem é fazer com que o Serra amplie os votos obtidos nos municípios paulistas. Queremos que ele atinja a mesma marca do Alckmin, no primeiro turno como governador. Por exemplo, em Mogi, onde o Alckmin obteve 116 mil votos para o governo e o Serra 91 mil para presidente, a meta é conquistar os 25 mil restantes e ampliar a diferença sobre Dilma (Rousseff-PT) no Estado. Será assim em todo o Estado. A visita de lideranças partidárias à região nos próximos dias é uma possibilidade, mas depende do agendamento da assessoria do Geraldo Alckmin, quem coordena os trabalhos.
MN: O fim de semana prolongado pelo feriado de Finados, na terça-feira, dia 2 de novembro, que pode indicar um grande número de abstenções, é tido como motivo de preocupação para uma eventual eleição de José Serra?
Aloysio: Acredito que os cidadãos estarão conscientes do dever cívico e não viajarão antes de votar, neste domingo. Cada voto faz diferença sim.