domingo, 11 de dezembro de 2016

O Diário 59 anos: 24 horas na sede do jornal

 11 de dezembro de 2016  QUADRO DESTAQUE  
As luzes não apagam no número 568 da Rua Dr. Ricardo Vilela, sede de O Diário, o mais antigo jornal em circulação de Mogi das Cruzes e Região que, nesta terça-feira comemora os 59 anos de fundação. Até chegar às bancas e casas dos assinantes, uma jornada de 24 horas é cumprida nos setores de assinatura, comercial, distribuição, parque gráfico, recepção, balcão e redação. Num relógio imaginário, confira o que ocorre desde as 3 horas da manhã, quando os entregadores chegam à gráfica até as 8 horas, quando a equipe de reportagem começa a preparar o jornal do dia seguinte.

5 horas
Por volta das 3 horas, os responsáveis pela entrega de O Diário aos assinantes começam a chegar ao Parque Gráfico de O Diário, com entrada pela Rua Barão de Jaceguai. São recebidos pelo café preparado por um deles, Hélio da Silva Marte, ex-feirante e vendedor de salgados e sonhos que passou a entregar jornais há dez anos. O grupo de 13 motociclistas distribui os exemplares nas rotas agrupadas pela proximidade de endereços. Alguns levam o jornal a 400 residências e estabelecimentos comerciais.
Motoboys circulam por mais de três horas para realizar a entrega dos jornais. (Foto: Divulgação)

Motoboys circulam por mais de três horas para realizar a entrega dos jornais. (Foto: Divulgação)

Antes de saíram para as ruas, eles envelopam os jornais dentro do saquinho plástico transparente, que protege contra a chuva e outras intempéries. Nos cestos encaixados na garupa das motos, vão as edições preparadas no decorrer do dia anterior. “Vamos aprendendo a deixar o jornal, onde o assinante prefere, ele é o nosso ‘patrão’”, comenta Hélio.

Por volta das 4 horas, saem as primeiras levas dos jornais. O trabalho termina entre 6 e 7 horas, quando os percursos mais distantes são concluídos. Depois disso, os entregadores vão descansar, alguns partem para outras jornadas.

Na próxima madrugada, tudo recomeça. Há 59 anos, a serem completos na terça-feira, dia 13.

2 horas
O barulho das máquinas e o cheiro de tinta sobressaem. Estamos na gráfica, onde acontece a penúltima etapa de produção do jornal, comandada pelo gerente de produção Emerson dos Santos. Ali, os funcionários chegam por volta das 21h30 para calibrar os equipamentos e iniciar o processo de impressão.
Setor gráfico é termina na madrugada a montagem do jornal. (Foto: Edson Martins)

Setor gráfico é termina na madrugada a montagem do jornal. (Foto: Edson Martins)

O material é enviado da redação para a produção a partir 22h, começando pelo Caderno A e Classificados, por volta das 23 horas. A Primeira Página e a Nacional são fechadas por volta das 23h30.


Feitos os ajustes necessários por dois funcionários, supervisionados por Antônio Carlos da Silva, começa o processo no Computer-To-Plate (CTP), máquina de pré-impressão offset em chapa de alumínio.

A partir daí, assume o líder de impressão, Antônio Moura do Nascimento, que conta com a ajuda de três pessoas para rodar o jornal. A encadernação é feita por outros três funcionários, que trabalham até as 4 h. Um pouco antes, às 3 h, chegam os treze motociclistas para embalar os exemplares.

Todo o trabalho é acompanhado pelo mais antigo funcionário da casa, Benedito Maria de Almeida, o Ditinho: ele está no jornal desde a sua fundação, em 1957.

23 horas
A rotina no setor responsável por organizar e dar vida às páginas da versão impressa de O Diário, a diagramação, começa às 14 horas, com a chegada da responsável pelo departamento, Patrícia Sposi. A primeira tarefa realizada por ela é a de separar os anúncios nas páginas. O próximo processo acontece em parceria com a editora do caderno de Cidades, Eliane José. Juntas, elas definem os tamanhos dos textos, quais serão ilustrados por imagens, quadros ou gráficos. Finalizada esta parte, Patrícia dá início à montagem do Caderno A, de cultura.

Carmelo Riolo integra a equipe de diagramação. (Foto: Edson Martins)

Carmelo Riolo integra a equipe de diagramação. (Foto: Edson Martins)

Os diagramadores Fernando Lopes e Carmelo Riolo chegam para compor a equipe por volta das 17h30. Lopes é responsável pela diagramação das páginas de Opinião, Nacional e Esportes. Já Riolo dá continuidade ao caderno de Cidades que, a esta hora, já começou a ser montado pelas mãos de Patrícia. Nos dias em que não ocorrem factuais no período da noite, às 23 horas todas as páginas do jornal são salvas, em formato PDF, em uma pasta compartilhada com o setor gráfico, responsável pela impressão e montagem do jornal.

20 horas
É da tarde para a noite que a Redação começa a corrida diária contra o relógio, cujos ponteiros parecem avançar cada vez mais rápido. Ao mesmo tempo em que os repórteres da manhã concluem os textos, encaminhados às editoras Célia Sato e Carla Olivo, que leem e titulam os materiais, escolhem e legendam as fotografias, a equipe da tarde inicia a apuração das pautas para produção das reportagens sob sua responsabilidade e que seguirão o mesmo caminho das demais. Na fotografia estão Edson Martins, Eisner Soares e Ricardo Santo.
Repórteres, editores e diagramadores trabalham em conjunto, para finalizar a edição. (Foto: Edson Martins)

Repórteres, editores e diagramadores trabalham em conjunto, para finalizar a edição. (Foto: Edson Martins)

O telefone não para de tocar. E se alguma informação chega à noite, em pleno horário de fechamento, é preciso apurá-la e, dependendo da importância, escrever a respectiva reportagem, substituir textos já prontos, alterar a diagramação de páginas ‘fechadas’ e incluir a nova notícia.


Em meio a tudo isso ainda são definidas as principais manchetes e fotografias da primeira página do jornal e finalizadas etapas, como a aprovação do Caderno A, o primeiro a ser encaminhado à gráfica, seguido pelo Cidades – que inclui o noticiário de esportes – e a página dois do primeiro caderno, que traz editorial, artigos e as colunas “Informação” e “Cartas”. Mas todos apenas são ‘liberados’ à impressão após a conferência das provas das páginas impressas pela diagramação.

Enquanto tudo isso acontece, o repórter Natan Lira atualiza as notícias no Portal O Diário, que possui 300 mil visualizações mensais. À noite, Gerson Lourenço e Cícero Gomes conclui o noticiário de nacional e internacional do primeiro caderno, o último a ser encaminhado à gráfica antes de os computadores serem desligados para começar tudo de novo, na manhã seguinte.

18 horas
O dia a dia em uma redação é imprevisível. Por mais que tenha uma pré-programação para o dia seguinte, sugestões e fatos inesperados norteiam o trabalho. Silvia Chimello tem mais 20 anos de profissão, trabalha em O Diário (em duas passagens) há 10 (ela também acumula passagens pela Rádio Metropolitana AM) e diz que gosta dos temas cotidianos, mas tem paixão por contar histórias. “Os temas do dia a dia são importantes e me marcaram, como as mudanças no transporte (com a saída da empresa Eroles e a chegada da CS Brasil e as mudanças de governo, já que sempre acompanhei política), mas as histórias são o que eu mais gosto de contar”, explicou. Silvia foi personagem marcante, no final da década de 90, para o governo do Estado. Era ela quem cobrava as melhorias e duplicação da Rodovia Mogi-Dutra (SP-88) ao então governador Mário Covas (PSDB). Ela era tão reconhecida que numa inauguração – de estrada – em Taubaté, Covas disse: “Lá vem a moça da estrada me perguntar da duplicação”.

Danilo Sans, 30, está no jornal desde 2010, e afirma que aprendeu mais no dia a dia da redação do que na faculdade. “O Diário é uma boa escola do Jornalismo local e o dia a dia propicia muitos aprendizados. Cada dia é algo novo, diferente. Neste meio tempo, muita coisa marcou em pauta. A principal dentre elas foi a minha ida a Aparecida (SP), a pé, na véspera do Dia de Nossa Senhora Aparecida. Foram três dias a pé, às margens da Dutra e acompanhando tantas demonstrações de fé”, comentou.

Repórter fotográfico mais antigo de casa, Edson Rodrigo Martins, 53, já registrou muitas coisas. Donos de imagens marcantes, Martins avalia que o jornalismo fotográfico do futuro precisará se reinventar. “Os bons, claro, sobreviverão, mas a tendência, com tanta tecnologia, é que algumas pessoas passem a tirar fotos e acharem que são profissionais. Na hora da verdade, a imprensa ainda vai querer os bons profissionais, que conseguiram se atualizar, se reinventar com qualidade”, analisou.

Ainda fazem parte da redação de O Diário os editores Darwin Valente, Célia Sato e Eliane José, os subeditores Carla Olivo e Gerson Lourenço, os repórteres Lucas Meloni, Larissa Rodrigues, Natan Lira, Laércio Ribeiro, Cícero Gomes, os repórteres fotográficos João Ricardo Santo e Eisner Soares e os diagramadores Carmelo Riolo, Patrícia Sposi e Fernando Lopes.

8 Horas
Um olhar atento nos jornais do dia e principais sites de notícias, além da indispensável agenda. E chega a hora de Eliane José, a chefe de reportagem, definir os assuntos que irão compor a pauta do jornal do dia seguinte.

Enquanto discute com o editor Darwin Valente, o assunto para o editorial e os temas que podem render boas histórias, ela vai distribuindo entre os repórteres da manhã e tarde as tarefas que cada um deverá executar, à medida que forem chegando à Redação.

O telefone e internet se tornaram auxiliares quase obrigatórios da reportagem. Danilo Sans tornou-se um especialista e obter na rede a ajuda necessária para suas reportagens, completando o trabalho feito nas ruas. Lucas Meloni é outro que gosta de sair cedo da Redação para buscar suas fontes no lugar onde os fatos acontecem. Laércio Ribeiro persegue a Polícia; Silvia Chimello, os políticos; Gerson Lourenço, os esportistas.

Todos têm o apoio dos fotógrafos Edson Martins e Eisner Soares.

Como em todos os jornais, a Redação está enxuta, o que não tira a motivação de quem faz da notícia o seu sacerdócio diário.

Apuradas as informações, é hora de passar para o computador, em detalhes, os fatos do dia, que irão compor a história impressa da Cidade, nas páginas de seu mais antigo e importante jornal. Rechecados os dados e textos, todo o material ficará à disposição para ser diagramado e editado. É hora de Carla Olivo e Célia Sato entrarem em ação na próxima etapa do jornal do dia seguinte.

Tradição diferencia atuação no mercado
Através da venda de anúncios, o Departamento Comercial é um dos setores responsáveis pelo faturamento da empresa. De acordo com o gerente comercial de O Diário, Maurício Paiva, o mercado publicitário é forte na Cidade e o jornal, em razão de ser tradicional na região, representa uma grande fatia deste mercado.
Equipe do comercial vende e orienta uso do espaço publicitário. (Foto: Edson Martins)
Equipe do comercial vende e orienta uso do espaço publicitário. (Foto: Edson Martins)
Com cerca de 100 anunciantes mensais assíduos, além dos 300 rotativos, Paiva conta que alguns destes clientes têm uma parceria de várias décadas com a empresa, como é o caso das imobiliárias Kiyokawa e Washington e do grupo Faberge, por exemplo. “Temos uma equipe de rua, formada por executivos que constantemente estão prospectando novos clientes, além de tentar manter os parceiros já conquistados”.

Com uma rotina intensa, Paiva revela que a demanda por anúncios é elevada e constantemente surgem pedidos de última hora, o que exige de sua equipe muita agilidade e criatividade para resolver a questão. O diretor comercial lembra que um dos anúncios que mais chamou sua atenção foi do laboratório Umdi. “A edição foi publicada no Dia Internacional da Mulher e trazia uma rosa na capa como se fosse a manchete do jornal. A repercussão foi muito positiva”.

Formado em publicidade pela Universidade de Mogi das Cruzes e com gestão empresarial pela Fundação Getúlio Vargas, Paiva, de 38 anos, comenta que o maior desafio é deixar seu cliente satisfeito. “Nossa função não é apenas vender o anúncio, mas orientar o cliente sobre qual a melhor página e a posição mais adequada para ele ser publicado no jornal”, finaliza.

A equipe de contatos comerciais é formada por Lana Mara, João Pinto de Souza e Adriana Cardoso, além de Monica Castrezano e de Paulo Almeida, do Marketing.

No balcão, Letícia Fragnani, 35, Iolanda Rosemeire da Cunha Walfredo, 50, e Henrique Lourenço da Silva, 47, acompanham de frente a preparação do jornal. Eles trabalham no balcão, que fica no saguão de O Diário, e recebem as primeiras sugestões de pautas, recebem anúncios e cuidam do sistema de entrega de exemplares a assinantes.

No balcão, Letícia, Iolanda e Henrique. (Foto: Edson Martins)
No balcão, Letícia, Iolanda e Henrique. (Foto: Edson Martins)

Letícia destaca que ajudar em pauta é parte do processo. “Chegam muitas sugestões. Esses dias, por exemplo, ajudei com uma fonte. Um amigo meu jogou futebol com um rapaz da Chapecoense que morreu no acidente aéreo na Colômbia. Deu certo e virou reportagem”, disse.

Iolanda cuida de várias itens, como receber pagamentos de assinaturas e a publicidade legal e anúncios. Ela conta uma história interessante. “Há um senhor que vinha até aqui colocar um anúncio para arrumar namorada. Só que ele não tinha celular e marcava tal dia e tal hora na praça da igreja matriz de Biritiba Mirim. Não sei se deu certo”, disse.

Henrique tem a responsabilidade de fazer chegar à residência de cada assinante. “É preciso saber organizar bem para que todos os assinantes, de Mogi, Suzano, Ferraz de Vasconcelos e de Biritiba Mirim, ponto mais distante a receber os exemplares, os tenha em tempo”, contou.

Setor vital para o jornal é o de Assinaturas, coordenado por Lilian Tartaglia e integrado por 9 funcionários. O foco dessa equipe é manter os assinantes atuais e ampliar o leque de leitores das versões impressa e digital.

Com a crise econômica, Lilian revela que alguns cancelamentos são inevitáveis. “Infelizmente, quando a população reduz despesas, o lazer é prejudicado e a leitura faz parte disso”. Em contrapartida, ela cita casos de assinantes que não abrem mão de receber o jornal em casa, como é o caso de Tadau Harada, de 83 anos. “Ele foi nosso primeiro cliente e assina o Diário há mais de 40 anos”, diz. O nosso assinante padrão é da classe A e B, do sexo masculino e com mais de 40 anos.

Dona Regina, a “agenda” de todos
Regina Monte Serrat Soares Pires, de 69 anos, é uma espécie de enciclopédia e agenda telefônica para os jornalistas de O Diário. Por ela, passam há décadas, ligações que informam os repórteres da casa a respeito de eventos e sugestões de pauta. Nascida em Santa Isabel, ela está em Mogi desde a infância. No jornal, exerce a função de telefonista há 26 anos.

Dona Regina é solícita e rápida, na hora de conseguir uma fonte. (foto: Edson Martins)

Dona Regina é solícita e rápida, na hora de conseguir uma fonte. (foto: Edson Martins)

Solícita, dona Regina, como é chamada ela equipe jornalística, é o ponto de partida para contatos ou localizações dos repórteres. Quem não conhece alguma personalidade da Cidade, lugar, ou não tem contato, pede ajuda a ela que arruma meios de conseguir alguma informação. “Comecei nos anos 90 para substituir uma moça que estava de licença maternidade. Gosto muito de ajudar e me sinto bem com isso. O dia mais difícil foi quando o prefeito Francisco Ribeiro Nogueira morreu. Naquele dia, eu trabalhei das 8 da manhã às 22 horas. No saguão, realizo alguns atendimentos ao público e em eventos, como a passeata da Festa do Divino”, disse.

Linha do Tempo

O INÍCIO
Fundado em 1957 – a primeira edição foi publicada no dia 13 de dezembro -, O Diário de Mogi sempre teve o objetivo de defender os interesses da população e a preservação da identidade comunitária do Município. Ao longo dos seus 59 anos, a empresa passou por uma série de transformações e mudanças gráficas. Em quase 11 anos de atividades, o jornal já contava com duas linotipos e era impresso em uma máquina plana manual.

LINOTIPOS
Em 1968, o jornal cresceu para acompanhar o desenvolvimento da Cidade e passou a utilizar uma máquina automática – ainda plana – e uma bateria de seis linotipos.

SEDE PRÓPRIA
Na década de 1970, a sede de O Diário passou para a Rua Dr. Ricardo Vilela – onde se encontra até hoje – em um prédio maior (área de 2.000 metros quadrados) e que ainda contava com a Rádio Diário de Mogi – deixando a acanhada construção da Rua Barão de Jaceguai, onde foi fundado. Em 1976, a direção da empresa moderniza a gráfica e institui edições em cadernos.

PARQUE GRÁFICO
Na nova sede e com um espaço mais amplo, a direção da empresa jornalística utilizou a década de 1980 para incorporar ao seu patrimônio novos equipamentos e em1984 começa o projeto de renovação do parque gráfico, com a composição a frio e impressão em nylon print.

IMPRESSÃO A CORES
Em 1989, encomenda seis unidades Goss Community off Set para impressão a cores. Com novos investimentos em O Diário, em 1991 o jornal passou a ser editado em cores. Resultado da aquisição de rotativas Goss Community, importadas do Estados Unidos, com financiamento do Eximbank.

INFORMATIZAÇÃO
E três anos depois, toda a produção do jornal passou a ser realizada com o sistema de informatizado de produção editorial e de anúncios, com a utilização do programa Atex, na época o mais moderno e utilizado pelos maiores jornais do mundo, entre eles o New York Times. No dia 13 de dezembro de 1997, aniversário de 40 anos de O Diário, o jornal passou a circular nas segundas-feiras.

Em 2011, a direção de O Diário amplia a capacidade do parque gráfico, com aquisição de novas unidades Goss Community.

BANDEIRAS
Durante as últimas seis décadas de atividades, o Diário empunhou bandeiras que se tornaram realidade e transformaram os rumos de Mogi das Cruzes e de toda a Região do Alto Tietê, como a preservação das Igrejas do Carmo, o redesenho urbanístico do Centro Cívico, a implantação de calçadões nas ruas Deodato Wertheimer e Paulo Frontin.

A instalação de uma unidade do Corpo de Bombeiros, a abertura da rodovia Mogi-Bertioga, a duplicação da Mogi-Dutra e a chegada do Expresso Leste até os trilhos do município são outros exemplos das conquistas para o desenvolvimento da cidade.

NA INTERNET
O jornal segue se transformando e acompanha as inovações tecnológicas do novo século (internet), com a criação do portal de notícias e a sua ligação com os leitores através das redes sociais. 



Fonte:O Diário de Mogi

INFORMAçãO: Gondim quer bombeiros e Samu na Mogi-Bertioga

11 de dezembro de 2016  Informação
A destinação de ambulâncias do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência, viaturas de bombeiros e reforço no policiamento rodoviário para a ligação rodoviária Mogi das Cruzes-Bertioga foi solicitada pelo deputado estadual Luiz Carlos Gondim Teixeira (SD) ao governador Geraldo Alckmin (PSDB), via Assembleia Legislativa do Estado. O objetivo, diz ele, é oferecer “maior rigidez e melhor atendimento dos usuários daquela importante, sobrecarregada e movimentada rodovia de acesso ao litoral paulista”. Segundo o deputado, o movimento intenso de milhares de veículos de passeio, ônibus e caminhões em toda a extensão da Mogi-Bertioga justifica o pleito de maior policiamento rodoviário, reforço de bombeiros, bem como a destinação de ambulância para prestar melhor atendimento e socorro para milhares de usuários daquela estrada, vindos de todo o Alto Tietê, Região Leste da Capital e Capital. “Esta via, além de ser muito utilizada para acesso ao Litoral, também dá acesso à Represa de Taiaçupeba, zona rural de Mogi, e a chácaras de veraneio espalhadas por toda a região, além de bairros residenciais com um grande fluxo de veículos, diariamente, especialmente nos finais de semana e feriados prolongados, quando dezenas de milhares de motoristas dirigem-se ao Litoral da Baixada Santista”, diz Gondim, lembrando ainda que na altura do Km 69, em Biritiba Ussu, costumam ocorrer congestionamentos, com ocorrências frequentes de atropelamentos e acidentes, causando ainda grandes transtornos para a mobilidade dos moradores daquele Distrito e bairros próximo. Para o deputado, “faz-se necessário a adoção de medidas urgentes por parte de órgãos estaduais para que se possa oferecer a tantas pessoas uma estrada segura, capaz de proporcionar-lhes tranquilidade e comodidade em suas viagens”, conclui.

Aposta no esporte

A Educação Física inclusiva e iniciação ao paradesporto deverão ser as marcas do trabalho do mogiano Cid Torquato à frente da Secretaria da Pessoa com Deficiência da Prefeitura de São Paulo, no governo de João Doria (PSDB). Sua principal referência, segundo informou à coluna, será o projeto dirigido por Dirceu Pinto, com participação do professor Jhonny e equipe, em Mogi, tendo a bocha como vetor, “O que me incentiva é o verdadeiro resgate social que só o esporte consegue promover”, disse Torquato.


Fonte:O Diário de Mogi
CIDADES:
Prefeitura aumenta em 50% repasse à AACD de Mogi

 10 de dezembro de 2016  Cidades, QUADRO DESTAQUE  
A Administração Municipal vai contribuir com R$ 1,4 milhão por ano.  (Foto: Edson Martins)
A Administração Municipal vai contribuir com R$ 1,4 milhão por ano. (Foto: Edson Martins)

O repasse anual à Associação de Assistência à Criança com Deficiência (AACD), no Rodeio, foi ampliado de R$ 960 mil para R$ 1.440.000,00 por parte da Prefeitura de Mogi das Cruzes, que passa a assumir praticamente 100% do custeio mensal estimado para o equipamento. O aumento foi confirmado ontem, quando o prefeito Marco Bertaiolli (PSD) e o superintendente da AACD, Valdecir Galvan, estiveram na unidade para comemorar cinco anos de implantação.

Durante o evento, que reuniu funcionários, voluntários, pacientes e familiares, o prefeito assinou o termo aditivo do contrato válido para os próximos cinco anos. “Se formos comparar Mogi das Cruzes com qualquer outro município, vemos que estamos bem à frente. Apesar de todas as dificuldades econômicas, conseguimos ampliar o repasse e garantir a manutenção desse importante equipamento para a nossa Cidade”, explicou Bertaiolli.


Desde que foi inaugurada, em 2011, a unidade mogiana da AACD cadastrou 1.068 pacientes e realizou 89.399 atendimentos diversos, como sessões de fisioterapia solo, fisioterapia aquática, terapia ocupacional, psicologia, fonoaudiologia, pedagogia, serviço social e enfermagem. O trabalho é realizado por uma equipe composta por 29 profissionais (médico fisiatra, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, psicólogos, pedagogos, assistentes sociais e equipe administrativa), 25 voluntários e nove conselheiros.

“O mérito todo da evolução dessa unidade é da cidade e da Prefeitura de Mogi, que entendeu a dificuldade financeira, entendeu o papel da AACD na vida das pessoas e prontamente nos atendeu”, elogiou Galvan, ao lado da presidente voluntária da unidade mogiana da AACD, Onélia Miranda.

A AACD atende crianças e adultos com deficiências físicas e trabalha para que esses pacientes possam atingir seu máximo potencial e evoluir além de suas limitações. “Infelizmente, por conta das dificuldades financeiras, a AACD teve de fechar duas unidades em São Paulo. Isso jamais pode acontecer em Mogi das Cruzes porque a AACD é um equipamento de extrema importância e com alta capacidade técnica para a reabilitação de crianças e adultos”, afirmou o secretário municipal de Saúde, Marcello Delascio Cusatis.

A unidade foi construída com recursos da edição 2010 do Teleton (maratona televisiva de arrecadação), que escolheu Mogi graças a uma série de investimentos feitos pela Administração Municipal na inclusão de deficientes como frota de ônibus 100% adaptada para o transporte de cadeirantes; referência regional da Santa Casa de Misericórdia para a realização de cirurgias ortopédicas e o engajamento da Prefeitura em todo o processo, incluindo a doação da área de 5 mil metros quadrados (m2).


Fonte:O Diário de Mogi

CIDADES: Crise não desanima futuro provedor da Santa Casa

11 de dezembro de 2016  Cidades  
Austelino Pinheiro de Mattos deve ser o novo provedor da Santa Casa. (Foto: João Ricardo Santo)
Austelino Pinheiro de Mattos deve ser o novo provedor da Santa Casa. (Foto: João Ricardo Santo)

SILVIA CHIMELLO
A partir do próximo ano, a direção da Santa Casa de Misericórdia de Mogi das Cruzes estará nas mãos do professor Austelino Pinheiro de Mattos, que deverá ter o seu nome confirmado para assumir a provedoria da entidade na eleição que acontecerá nesta quinta-feira. Ele encabeça a chapa única na disputa para o cargo, ocupado atualmente por Reginaldo Abrão, que não se candidatou à reeleição.

Comandar a Santa Casa não será novidade para Mattos, que atuou na entidade entre os anos de 2013 e 2014 como diretor administrativo. O grande desafio, no entanto, vai ser gerenciar um hospital com a estrutura da Santa Casa, que mantém um atendimento com portas abertas e depende de repasse de recursos públicos para manter-se.


O déficit mensal estimado está em torno de R$ 300 mil e os problemas podem se agravar ainda mais em 2017 por conta da crise econômica e política. Mas, esse cenário não tira o ânimo do futuro provedor, que espera “manter um trabalho de excelência” na Santa Casa de Mogi, onde são atendidas mais de 11 mil pessoas por mês, apenas no Pronto Socorro.

No Ambulatório de Ortopedia, são realizados seis mil procedimentos por mês. O hospital possuí, ainda, a única maternidade pública da Cidade, referência ainda para cidades vizinhas, como Biritiba Mirim e Salesópolis. É um dos hospitais filantrópicos mais antigos do Estado, que apesar de enfrentar diferentes momentos de dificuldades financeiras e administrativas tem conseguido manter as portas abertas.

“Mogi das Cruzes está bem, se compararmos com outras cidades. Temos uma rede de assistência de atendimento de qualidade e bem estruturada”, observa. Os projetos que pretende implementar em sua gestão, ele só pretende divulgar depois de tomar posse do cargo.

O futuro provedor da Santa Casa é pós-graduado em Matemática e por mais de 30 anos deu aulas na Universidade de Mogi das Cruzes. Mineiro, da região da Zona da Mata, trabalhou alguns anos em Volta Redonda da Companhia Siderúrgica e acabou vindo para Mogi nos anos 60 para atuar na Aços Anhanguera, que depois de transformou em Aços Villares.

A eleição da entidade acontece nesta quinta-feira, a partir das 14 horas, quando será feita a primeira convocação. Depois de meia hora, haverá a segunda. Podem votar todos os membros efetivos da irmandade.

Atualmente a Mesa Diretiva é composta por oito membros da Mesa e três do Conselho Fiscal, com seus respectivos suplentes. O tempo de mandato do provedor e da mesa diretiva é de dois anos. Podendo haver reeleição por mais dois. A posse da nova diretoria pode ocorrer logo depois da apuração ou acontecer uma semana depois. Essa prerrogativa é do atual provedor.


Chapa única que concorrerá a gestão 2017/2018 é formada por Austelino Pinheiro de Mattos, José Eduardo Cavalcanti Teixeira, Francisco Machado Pires Junior, Walter Zago Ujvari, Amarildo Sant’ana de Moraes, José Brasilio de Azevedo Marques, Halim Zugaib, Miriam Nogueira do Valle, Mário José Calderaro, Elias Sleiman Khouri, Benedito Carlos Filho, Antonio Tadeu Caravieri e José Carlos Petreca.

Fonte:O Diário de Mogi
QUADRO DESTAQUE:
Entrevista: Renato Abdo, secretário de Agricultura

 11 de dezembro de 2016  QUADRO DESTAQUE  
Renato Abdo será mantido na Secretaria de Agricultura. (Foto: Arquivo/ O Diário)
Renato Abdo será mantido na Secretaria de Agricultura. (Foto: Arquivo/ O Diário)


LUCAS MELONI
Responsável por quase 13% do produto interno bruto (PIB) de Mogi das Cruzes, a agricultura deve ter campanhas de incentivo à alimentação saudável e à produção familiar, ampliação de venda de hortifrutis em pontos fora do Centro da Cidade, além da retomada do projeto do Censo Rural. Renato Augusto Abdo, de 39 anos, será mantido pelo prefeito eleito, Marcus Melo (PSDB) no cargo que exerce desde o começo deste ano.

Abdo é o segundo entrevistado nesta série de reportagens que O Diário publica com os nomes de secretários já anunciados pelo prefeito Marcus Melo (PSDB). O primeiro foi Marcello Cusatis (saúde).


Engenheiro agrônomo por formação, Abdo trabalhou por 15 anos como consultor do Sindicato Rural de Mogi das Cruzes e substituiu o empresário Oswaldo Nagao, afastado por problemas de saúde.

Sobre a importância do setor no PIB, o secretário destaca que há potencial de crescimento já que o número de culturas plantadas por aqui é diversificada. “Há muitas folheosas, frutas e flores, com bastante diversificação de tipos. O que a gente percebeu é que não adianta apenas incentivar a produção se não houver mercado para compra. O que precisa ser feito, e é nossa intenção em fazê-la, é uma grande campanha de conscientização para alimentação saudável. Focar no combate à obesidade, na importância de comer coisas que fazem bem. Isso acaba incentivando políticas públicas de apoio à agricultura, como o fornecimento dos produtos plantados aqui à merenda escolar local, além de estimular os agricultores a adotarem boas práticas de plantação”, disse.

Estimativas da Secretaria de Agricultura apontam que o setor emprega, pelo menos, sete mil pessoas na Cidade, a maior parte delas em agricultura familiar, pequenas propriedades que ficam em zonas rurais, às margens de Mogi. O chamado “Cinturão Verde” continua a vender suas culturas para quase toda a Região Metropolitana de São Paulo (RMSP) e Grande Rio.

Projetos prioritários
Há alguns meses foi reimplantado o Conselho de Desenvolvimento Rural. O colegiado, formado por especialistas e representantes do segmento, busca desenvolver ações que são classificadas em prioritárias e de implantação. “Temos duas prioritárias no momento. Uma é o programa ‘Propriedade Legal’, que dá orientação jurídica a produtores para resolverem pendências. Outra é a volta do Censo Agropecuário, que nos mostrará a localização e o perfil de cada produtor de Mogi das Cruzes, sua área de atuação e a sistematização que usam para seus negócios”, comentou.

Novos espaços
Há planos para que outros espaços, como o Mercado do Produtor Minor Harada, no Mogilar, seja replicado em outras partes da Cidade. Havia projetos do tipo para a abertura de uma versão desse centro de negócios em Judiapeba e em Braz Cubas. “Precisará ser em uma área de fácil acesso que permita a rápida locomoção e a mobilidade urbana. Não adianta colocar em um local muito afastado e de difícil acesso porque nem todos conseguirão ir”, explicou à reportagem.

Perfil
Formado em Engenharia Agronômica pela Universidade de Taubaté (Unitau), em 2000, Renato Augusto e trabalhou muitos anos como consultor de agronegócio no Estado de São Paulo. Abdo trouxe um perfil mais técnico à Secretaria de Agricultura, que assumiu no começo de 2016, após a saída de Osvaldo Nagao, um representante da comunidade nipônica, forte dentre os produtores, e que ocupou o cargo desde a primeira gestão de Marco Bertaiolli.


De 2001 a 2016, Abdo foi consultor do Sindicato Rural de Mogi das Cruzes, portanto, conhece a Cidade e suas regiões produtivas de perto. É presidente da Câmara Setorial de Hortaliças do Estado de São Paulo, órgão ligado à Secretaria Estadual da Agricultura. Foi chefe de Divisão da Diretoria de Agronegócio da Prefeitura de Mogi das Cruzes entre 2005 e 2007. 

Fonte:O Diário de Mogi
DESTAQUE:
Novo túnel facilita trânsito no Centro de Mogi

 11 de dezembro de 2016  DESTAQUE  
 Placa com identificação do túnel leva imagem de Tirreno da San Biagio.
Placa com identificação do túnel leva imagem de Tirreno da San Biagio.

ELIANE JOSÉ
Após homenagens ao jornalista Tirreno Da San Biagio (1931-2015), centenas de pessoas conheceram ontem o primeiro acesso que elimina o tráfego de carros pela passagem subterrânea da Praça Sacadura Cabral. Maior obra contratada pela Prefeitura, por R$ 128 milhões, o túnel interliga a Rua Dr. Ricardo Vilela à Cabo Diogo Oliver, no sentido bairro. “Estamos acabando com a cancela, a porteira que dividia Mogi das Cruzes ao meio. É o fim de um ‘apartheid’, do ‘muro de Berlim’, que existia na Cidade”, comparou o prefeito Marco Bertaiolli (PSD).

O administrador destacou o peso do projeto na vida da Cidade. “É um problema grave a manutenção das cancelas, porque elas param o trânsito”. E não se furtou a rebater críticas às características da obra, que inicia em uma faixa e termina em duas faixas. “Passa ônibus, passa caminhão, e não é apertada, como os senhores poderão ver”.


Na solenidade, um senso comum na fala de populares, técnicos que de alguma maneira participaram da execução do projeto, empresários e autoridades sobre o Complexo Viário Jornalista Tirreno Da San Biagio: a modernização da região central. O entorno da Estação Ferroviária, construída há 140 anos, quando dava para contar nos dedos das mãos, o número de ruas da Cidade, transformou-se num dos pontos mais deteriorados daquele perímetro e a causa do colapso do trânsito, toda vez que o trem passa.

Esse sentido foi captado por Tulio Da San Biagio, filho de Tirreno: “É um motivo de orgulho e honra para a minha família a homenagem ao meu pai, que sempre defendeu o melhor para Mogi, e motivo de reconhecimento nosso, como cidadão, porque a passagem é uma solução para a Cidade antiga que trava por causa do trânsito, e que demorou muito para conquistar essa obra. Os governos do Estado, Federal e Municipal estão concluindo um projeto que não podia mais ser postergado. Demorou muito. Mogi cresceu muito e depende da modernização para se desenvolver”.

O prefeito eleito, Marcus Vinicius de Almeida Melo (PSDB), afirmou que o primeiro dos dois acessos tem valor qualitativo para a Cidade. ‘Hoje, o maior desejo das pessoas é ter mais tempo para ficar com a família e se dedicar a outras atividades que não o trabalho. A melhoria da mobilidade reduz o tempo gasto no trânsito, melhora a vida das pessoas”.

A três semanas de assumir a Prefeitura, ele comentou que deseja entregar o segundo túnel em setembro do ano que vem: “O mais breve possível para acabar, de vez, com esse problema”.

Sob forte sol, centenas de pessoas acompanharam os discursos, o descerramento das duas placas, instaladas em um totem – uma com a descrição e data de inauguração, a outra, com um pequeno perfil de Da San Biagio.

“Agora, podemos dizer que Mogi não para para o trem passar”, disse o comerciante Roberto Assi, um dos interlocutores dos lojistas daquela região. Ele tem expectativas positivas, após a entrega do segundo túnel. “Durante anos, essa parte esperou por atenção”, disse.


Juquita, na certidão, José Silva de Oliveira, de 88 anos, mineiro morador do Mogilar, foi um dos que quis ver de perto o resultado da obra. “Cheguei a Mogi em 1957 e vi Mogi com 80 mil moradores e, agora, com mais de 400 mil. Essa cancela era uma vergonha. Vamos esperar a passarela para o pedestre”. As demandas da Cidade não param. A passarela está em estudo e será necessária para atender às milhares de pessoas que circulam entre o Centro e a Vila Estação (veja matérias à página 3).

Por volta do meio-dia, foi cortada a fita inaugural. As pessoas entraram na iluminada passagem. E ali pelas 14 horas, os primeiros veículos circularam por ela. Muita gente pode, então, matar a curiosidade.

Homenagem: Um jornalista na essência
Tirreno Da San Biagio, o Tote, era essencialmente um jornalista. Desde aquele 13 de dezembro de 1957 quando, aos 26 anos, editou o primeiro número deste jornal, ele cultuava uma máxima: “Quem não tem um projeto é usado pelo projeto de alguém”. E todos sabiam qual era o projeto de Tote: Mogi das Cruzes. A esse projeto, durante os 57 anos em que esteve à frente de O Diário, colocou o jornal a serviço.

O resultado foi aquele que, sabia o jornalista, seria infalível: na medida em que se pratica o jornalismo ético, se terá a credibilidade do leitor; com a credibilidade, se terá carteiras de assinantes e de anunciantes. Pressuposto básico para a sobrevivência de qualquer veículo.

Mogiano do Largo do Bom Jesus, nascido em 19 de outubro de 1931, Tote começou no jornalismo pelas mãos dos irmãos Isaac e Jayme Grinberg, que então dirigiam a Folha de Mogi. Foi em 1951, aos 20 anos, que teve contato, pela primeira vez, com o ofício. Ficou com os Grinberg por seis anos, até que estes vendessem o negócio. Não concordando com a nova linha, de conotação política, imprimida pelos novos donos, propôs a Neid de Freitas Brandão, noiva e colega de trabalho (se casariam dia 10 de dezembro de 1959): “vamos nos demitir e, com o dinheiro da indenização, montamos nosso jornal”.

E assim foi feito. Alugaram um galpão na Rua Barão de Jaceguai, compraram máquinas de segunda mão e tiveram, consigo, a lealdade de antigos colegas de trabalho, que aceitaram o desafio da empreitada. Também a adesão de assinantes e anunciantes que decidiram apoiar o jovem casal.

Em seis meses, o jornal do qual haviam se demitido já não existia, enquanto O Diário seguia sua trajetória ascendente. “Ninguém faz nada sozinho”, uma frase constante nas conversas de Tote. Ele sempre lembrava passagens como a compra de seu primeiro carro, um Volkswagen sedan. “Eu vendia anúncios e cobrava assinaturas de bicicleta. Um dia Anésio Urbano, concessionário da Volks, disse-me que eu precisava ter um carro; quando lhe respondi que não tinha dinheiro ele contestou: paga como puder”. Anésio foi um dos empresários mogianos que apoiou o novo jornal, publicando anúncios.

Na sua empreitada de constante reinversão de resultados, Tote foi consolidando o negócio. Adquiriu o prédio em que o jornal começou, assumiu o controle da Rádio Marabá (depois Rádio Diário), a mais antiga emissora da Cidade e construiu a nova sede da Rua Ricardo Vilela. Sempre cuidando da atualização do parque gráfico. E olhando para o futuro: foi o maior incentivador dos filhos no processo de concorrência pública, que resultou na instalação da TV Diário, retransmissora Globo no Alto Tietê.

No período que antecedeu sua morte, em 14 de outubro de 2015, Tote seguia a rotina que se impôs desde 13 dezembro de 1957: era o primeiro a chegar, tinha a porta de seu escritório permanentemente aberta e permanecia um atento defensor dos interesses de Mogi das Cruzes.


O discurso Da San Biagio
“Antes de mais nada quero comentar uma feliz coincidência: há exatos 57 anos, nesta mesma hora do dia 10 de dezembro de 1959, meus pais Neid e Tirreno casavam-se.

Sinto-me emocionado e profundamente grato ao me dirigir a todos aqui presentes, em especial ao prefeito municipal Marco Aurélio Bertaiolli.

Tulio discursa em nome da família Da San Biagio. (Foto: Edson Martins)
Tulio discursa em nome da família Da San Biagio. (Foto: Edson Martins)

Estou feliz e, ao mesmo tempo, recompensado por ter sido escolhido pela minha família para, em seu nome, externar a nossa emoção e gratidão neste momento ímpar da história recente de nossa Cidade.

Esta oportunidade me leva a um passeio pelos 51 anos em que pude conviver com meu pai. E lhes confidencio: ele tinha um ideal prioritário. Que era Mogi das Cruzes. E transformou cada edição do jornal que fundou, e por 57 anos dirigiu, em ferramenta para a concretização desse ideal.

A inauguração desta imponente obra viária tem um significado especial para Mogi das Cruzes e, mais ainda, para os Da San Biagio.

Para Cidade, representa o primeiro passo para a solução de um problema crônico do nosso antigo centro urbano.

Eu e meu irmão temos a consciência de que não podemos substituí-lo. Mas firmamos com esta Cidade, neste momento, o compromisso de manter vivo o ideal de nosso pai, na defesa permanente e intransigente de seus propósitos.

Esta passagem subterrânea, cujo primeiro túnel está sendo entregue hoje ao tráfego de veículos, representará a libertação progressiva dos congestionamentos que sempre atormentaram aqueles motoristas que se aventuraram a passar por aqui, tendo de enfrentar os prolongados fechamentos das cancelas junto à linha férrea, para que os trens pudessem trafegar com segurança.

Mogi das Cruzes, a partir de hoje, poderá se orgulhar desta obra, assim como de tantas outras realizadas durante o profícuo mandato deste dinâmico prefeito.

E assim como a Cidade, posso garantir que a família Da San Biagio também sente-se especialmente honrada e orgulhosa por este importante complexo viário receber o nome de Tirreno Da San Biagio, o Tote, meu pai, um apaixonado por Mogi das Cruzes e defensor intransigente de seu progresso e crescimento.

A cada edição de O Diário, a cada grade de transmissão da TV Diário e em todos conteúdos digitais das plataformas que atuamos, sentimos que, de alguma forma, estamos trabalhando para a perenização de sua memória.

Neste momento, prefeito Bertaiolli e demais presentes, gostaria de lembrar um antigo orador que dizia que “nenhum dever é mais importante que a gratidão”, e assim poder afirmar a todos que esta homenagem prestada ao jornalista mogiano e fundador do jornal O Diário de Mogi ficará para sempre registrada, de maneira marcante e inesquecível, em algo maior que a estrutura de concreto que se apresenta à nossa frente.

Ficará guardada, em definitivo, na memória do coração de todos nós, da família Da San Biagio, onde se devem recolher as manifestações de carinho, como esta que hoje recebemos desta Cidade que meu pai tanto amou e pela qual sempre lutou.

Em nome de minha mãe Neid, de meu irmão Spartaco, da minha mulher, Márcia, de minhas filhas Giovanna e Rafaella e de demais familiares, gostaria de externar nosso mais sincero agradecimento por essa obra que irá eternizar o nome de meu pai no coração da Mogi das Cruzes, onde ele passou os 84 anos de uma vida voltada para o jornalismo e para os interesses maiores do Município e seus habitantes.

Neste momento avalio o orgulho que nosso pai teria ao deixar a sede de O Diário, que ele construiu com tanto amor no número 568 da Rua Ricardo Vilela e dirigir até este túnel. Chegaria devagar, nem tanto que atrapalhasse o trânsito que lhe seguisse. E olharia cada detalhe. Tenho certeza, voltaria mais uma vez, e ainda outra e muitas outras vezes para olhar, admirar, inspecionar. E sabemos, meu caro prefeito, também para lhe telefonar na manhã seguinte sugerindo uma pequena complementação. E, assim, honrar o que o senhor sempre diz a respeito de meu pai, que ele “Tote é o síndico de Mogi”.

Fonte:O Diário de Mogi