sexta-feira, 4 de setembro de 2020

PANDEMIA: Pancadões atormentam famílias de Sabaúna; moradores cobram fiscalização aos finais de semana

 16 horas atrás6 min. - Tempo de leitura

Eliane José

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PATRIMÔNIO Reformada, a Estação Ferroviária de Sabaúna está fechada por causa do isolamento social. (Foto: Eisner Soares)

Durante a semana, a Sabaúna pacata, quase sem trânsito, marca a rotina dos moradores. Porém, a partir das noites de sexta-feira a domingo, eles começaram a enfrentar o som alto de veículos de fora do distrito que estacionam em frente à Estação Ferroviária e ali permanecem até o início da madrugada. Notadamente nas últimas semanas, com o afrouxamento do isolamento social e a elevação da temperatura, os pancadões começaram a incomodar a vizinhança. Um abaixo-assinado circula entre os residentes e deverá ser entregue ao prefeito Marcus Melo (PSDB) e à Polícia, solicitando o reforço do policiamento e da fiscalização nos finais de semana.

Esse transtorno soma-se a outras preocupações das famílias por causa da pandemia da Covid-19, cujo meio de prevenção é não promover aglomerações de pessoas. Além dos pancadões, moradores como a professora Claudia Franco, vice-presidente da Sociedade Amigos de Sabaúna se preocupam com outra rotina que não se alterou desde março: o grande número de esportistas, sobretudo ciclistas, que passam pela região central do destino ou fazem ponto final, ali, dos treinos de final de semana.

“O grande problema é que estamos na pandemia e o morador não consegue nem mesmo ir comprar um pão, no domingo pela manhã, ou estacionar o carro para ir à missa, porque o número de ciclistas, é muito grande. Aqui, em Sabaúna, não houve isolamento total, aos finais de semana”, reprova Cláudia, acreditando que uma fiscalização constante seria um meio de ordenar as visitas e inibir as aglomerações.

TEMOR Claudia Franco cobra a fiscalização aos finais de semana. (Foto: Eisner Soares)

Moradora em frente à Estação Ferroviária recém-reformada, mas fechada por causa da crise sanitária, Cleide Soares, afirma que são duas situações distintas – o pancadão, e a grande movimentação de ciclistas, com impactos diferentes na vida local. “No pancadão do último domingo, a Guarda Municipal foi chamada e não veio, o que nos atendeu, após algum tempo de espera, foi o setor de Fiscalização da Prefeitura”, contou, comentando que impedir o som alto é tarefa complicada. “Quando o pessoal da Prefeitura chega, com o giroflex acionado, o som é abaixado, e fica nisso”, considera.

O assunto foi tratado na sessão da Câmara de quarta-feira, quando vereadores solicitaram a atenção da Guarda Municipal aos bairros que têm registrado o aumento dos pancadões, prática proibida por lei municipal, independente do decreto da pandemia.

Já o que diz respeito aos esportistas de final de semana, Cleide destaca que a maioria toma os cuidados, como o uso das máscara, mas o grande número de pessoas causa alguns inconvenientes, como a utilização das calçadas e de trechos da rua para o estacionamento da bicicletas. “Os moradores do lugar precisam disputar espaço com as bicicletas, em determinados horários”, indica.

Apesar desse inconveniente, os ciclistas são bem-vindos. Integrante do Conselho Deliberativo da associação que defende Sabaúna, ela sugere o encontro de soluções para ordenar as visitas, uma situação considerada por parte dos moradores, como uma saída para o desenvolvimento econômico do distrito. “Nós queremos o desenvolvimento sustentável, o turismo como um aliado para a geração de empregos para os moradores que precisam se deslocar para trabalhar até em outras cidades. Não queremos o crescimento de Sabaúna”, acentua.

Provocada sobre como aliar essa meta à tranquilidade e qualidade de vida do lugar, ela responde que será necessário o engajamento da comunidade local, na busca de saídas para a boa convivência entre todos, e do poder público municipal.

“Se ligarmos para a Guarda Municipal e, ao invés dela chegar uma hora depois, ela vir em 20, 30 minutos, teremos como prevenir os pancadões, por exemplo”.

Nos finais de semana, a Guarda Municipal tem atendido reclamações e solicita as ligações de moradores para flagrantes a situações como os pancadões.

O abaixo-assinado em elaboração visa fortalecer os pedidos de fiscalização.

Reforma da estação atrai os visitantes

A reforma da Estação Ferroviária de Sabaúna foi entregue em agosto, inclusive com uma área de lazer, onde foram instalados brinquedos infantis. Planejado para ser um Museu Ferroviário, gerido pela Associação Nacional de Preservação, com nova pintura e melhorias, o prédio tem atraído muitas pessoas, mesmo com as portas ainda cerradas. A beleza desse patrimônio arquitetônico e histórico de um dos pontos de partida para o desenvolvimento de Mogi das Cruzes inspira uma parada para fotografias e a contemplação da paisagem.

Isso seria mesmo o esperado, não fosse 2020 um ano marcado pela expansão do Sars CoV-2, o nome do coronavírus que transmite a Covid-19. “Sabaúna não fechou como Luis Carlos, ou a região central de Guararema”, compara Claudia Franco, vice-presidente da Sociedade Amigos de Sabaúna. Para além dessa questão pontual (veja matéria nesta página), o poder de atração de Sabaúna embala um projeto turístico da Prefeitura Municipal para a região.

Além da reforma da estação, iniciada em outubro de 2017 e marcada por paralisações até a conclusão, há um mês, há uma expectativa de se reativar as viagens turísticas do trem até o ponto de parada que vai completar, em janeiro próximo, 128 anos.

O comerciante Marcelo Triboni, proprietário de uma das padaria do lugar, é um dos defensores desse plano. Para ele, hoje Sabaúna recebe corredores, ciclistas, trilheiros, sobretudo nas manhãs dos finais de semana, e não turistas, propriamente ditos.

TREINOS Marcelo Triboni afirma que ciclistas são ‘público tranquilo’. (Foto: Eisner Soares)

Triboni destaca que distrito ainda não tem uma estrutura para o turismo. Isso acontecerá, opina, com a abertura do Museu Ferroviário e as viagens de trem.

Rota da Luz

Nas próximas semanas, Sabaúna deverá receber um outro tipo de visitante. O distrito está na Rota da Luz, um traçado iniciado em Mogi das Cruzes e com término em Aparecida, criado pelo Governo do Estado para retirar os romeiros da perigosa travessia a pé, pela rodovia Presidente Dutra. Marcelo Triboni acredita que, com a pandemia, o número de devotos por este caminho será menor. “No ano passado, em meados de setembro, o movimento era grande; neste ano, isso deve diminuir”, completa.

Fonte:O Diário de Mogi