Secretário de Saúde falou publicamente: pacientes serão atendidos no hospital instalado no Mogilar. Ou seja: não sairão de Mogi das Cruzes
Noemia Alves
Da Reportagem Local
Divulgação
Secretário foi à Assembleia falar de planos e acabou sendo questionado sobre o Hospital do Câncer
Embora as investigações sobre as supostas irregularidades no Hospital do Câncer "Dr. Flávio Isaías Rodrigues" ainda não tenham sido concluídas, o secretário estadual de Saúde, Giovanni Guido Cerri, já tem uma decisão sobre o assunto: vai transferir o atendimento de pacientes para o Hospital Luzia de Pinho Melo. Foi o que ele disse durante audiência anteontem na Assembléia Legislativa.
É a primeira vez que o secretário fala sobre o assunto publicamente desde o vazamento do relatório preliminar da auditoria realizada no Hospital do Câncer e que apontou supostas irregularidades, como cobranças duplicadas que caracterizariam fraude de até R$ 20 milhões.
Guido Cerri foi convocado pelos deputados estaduais da Comissão de Saúde para falar sobre sua gestão e o desenvolvimento de ações, programas e metas para 2012. Contudo, em meio às explanações, Cerri foi taxativo e, segundo alguns parlamentares, até "áspero" quando perguntado sobre o caso do Hospital do Câncer em Mogi. "No caso do Hospital do Câncer de Mogi das Cruzes, foram constatados em auditoria 85% de irregularidades nos atendimentos. Por isso, o atendimento para os pacientes de câncer da região será feito pelo Hospital Luzia de Pinho Melo", disse ele, segundo texto elaborado pela Assessoria de Imprensa da Asembleia e publicado na edição de ontem do Diário Oficial do Estado.
O deputado estadual Luís Carlos Gondim Teixera (PPS), integrante da Comissão de Saúde, afirmou que o secretário estava irredutível em sua decisão. "O tom de voz dele era carregado de emoção, um rancor contra o Hospital do Câncer do doutro Flávio, sem explicação. Além disso, ele não apresentou o relatório para confirmação das denúncias e nem explicou porque não acionou o Ministério Público para averiguar as tais irregularidades apontadas pela auditoria realizada no hospital em setembro do ano passado. Tem algo errado. A impressão que dá é de que querem tirar pacientes na marra do Hospital do Câncer para levar para outros locais e atender a interesses de outros", denunciou Gondim.
Hoje, o parlamentar e outros membros da Comissão Estadual de Saúde voltam a se reunir para decidir sobre a possibilidade de visitar o Hospital do Câncer de Mogi e averiguar as supostas irregularidades apontadas por técnicos da Secretaria de Estado da Saúde no relatório preliminar divulgado no dia 2 deste mês pelo jornal Folha de S. Paulo.
"Precisamos ver ´in loco´ o que está acontecendo e reunir documentação. Se houver mesmo irregularidades, vamos denunciar ao Ministério Público. Trata-se de uma situação delicada, com prejuízo aos pacientes que ficam sem saber o que fazer, alguns, inclusive, sendo encaminhados para São Paulo. E prejuízo moral ao doutor Flávio, que, por 30 anos, trabalhou no tratamento de pacientes com câncer. Tudo precisa ficar às claras e os pacientes têm de ficar em Mogi".
O deputado estadual e integrante da Frente Parlamentar do Alto Tietê, André do Prado (PR), também desconfia de uma "má vontade do secretário estadual" para a manutenção do atendimento no hospital de Flávio Isaías. "Na reunião em que estive, na semana passada, com o prefeito Marco Bertaiolli, o secretário estava tenso, muito áspero às nossas indagações. Após muitos argumentos, conseguimos a garantia do serviço em Mogi e é isso que iremos fazer. Contudo, há de se levar a questão de que tudo não poderá se concentrar no Luzia de Pinho Melo", disse. Prado se refere ao estudo realizado por secretários municipais do Alto Tietê que aponta a necessidade de dois centros de tratamento de câncer na região e um terceiro em Guarulhos.
O diretor administrativo do Hospital do Câncer, Álvaro Isaías Rodrigues, não quis comentar sobre a manifestação do secretário. "Vamos aguardar o resultado do relatório final da autoria".
Fonte:Mogi News
