domingo, 5 de fevereiro de 2012

e-mails: do leitor Cracolândia



A ação articulada entre a Prefeitura e o governo de São Paulo para acabar com a Cracolândia conseguiu a façanha de ser unanimemente rejeitada. Sociedade civil organizada, movimentos sociais, Ministério Público e Igreja Católica já se posicionaram contra o fato de a operação no centro de São Paulo tratar uma questão tão delicada e dolorosa como o consumo do crack como um mero caso de polícia. A droga é um problema que deve ser tratado com repressão policial apenas quando se trata de enfrentar e coibir o tráfico - e, mesmo assim, com estratégias inteligentes que impeçam os traficantes de dominar áreas da cidade e ameaçar as pessoas. Neste caso, a repressão policial pela polícia é admissível - jamais para enfrentar usuários miseráveis e desarmados. O padre Júlio Lancelotti esclarece muito bem essa questão quando afirma que tratar o usuário das drogas como criminoso é a mesma coisa que tentar resolver o problema alcoolismo prendendo dependentes do álcool. A dependência química é uma doença e precisa ser tratada como tal. A extinção da Cracolândia só é possível se os usuários de droga puderem ser recuperados. Fora isso, o problema só estará sendo deslocado. Também seria importante construir consultórios de rua, cujos recursos já foram liberados pelo Ministério da Saúde. Criados em Salvador nos anos 1990, esses escritórios são uma fórmula de sucesso porque os profissionais envolvidos se aproximam da população usuária de drogas nas ruas, convivem com ela até ganhar a sua confiança. E isso faz toda a diferença. O viciado compreende que aquele profissional está lá para orientá-lo a viver melhor. Aí, sim, é possível realizar um trabalho psicossocial e educativo de resgate do indivíduo. 
Gilberto Alvarez, Professor


Fonte:Mogi News