domingo, 12 de fevereiro de 2012

Amigos tentaram evitar a queda



fora Luiz Felipe Denucci foi afastado do cargo no último dia 28 de janeiro, acusado de receber propinas


BRASÍLIA


O ex-presidente da Casa da Moeda Luiz Felipe Denucci, demitido mês passado sob suspeita de irregularidades, se manteve no cargo mesmo depois do alerta da Polícia Federal por contar com uma rede influente de padrinhos, que começa no ex-presidente Lula, chega ao ex-ministro Delfim Netto e, por razões afetivas indiretas, encontra respaldo na presidente Dilma Rousseff.


A teia formada desde a nomeação de Denucci fez o governo pisar em ovos ao demiti-lo e expôs o ministro da Fazenda, Guido Mantega, ao seu maior constrangimento no cargo.


No governo, a presidente Dilma Rousseff manteve o apoio dado a Denucci pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2008, quando ele assumiu o cargo. Fora do Executivo, o nome do economista foi patrocinado, além de Delfim Neto, pelo senador Francisco Dornelles e pelo ministro do Tribunal de Contas da União (TCU), ex-deputado e ex-ministro da Articulação Política da fase Lula, José Múcio.


A combinação de fatores explica a saia justa em que se meteu o ministro da Fazenda, Guido Mantega, ao tentar explicar porque só demitiu o presidente da Casa da Moeda dia 29, mesmo sabendo da investigação policial que o apontou como beneficiário de uma milionária e suspeita movimentação financeira.


A presidente Dilma Rousseff era amiga da irmã de Denucci, Tereza Cristina Denucci Martins, falecida ano passado de câncer. Ambas são contemporâneas. Pessoas próximas das duas, informam que Dilma não quis contrariar uma amizade da época da ditadura que se estendeu até os dias em que era filiada ao PDT. Tereza foi casada com o mineiro Paulo Costa Ribeiro, do MR-8, desaparecido depois de preso por agentes da ditadura, em 1972. Exilada no Chile, Tereza passou a viver com José Ibrahim, ex-presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Osasco que liderou a primeira grande greve após o golpe de 64, com quem teve um filho.


Ela presidiu o Instituto Brasileiro do Empreendedor que, em 2004, assinou convênio com o Ministério da Saúde "para dar apoio financeiro e custear ações para reduzir o impacto traumático e os danos do suicídio causados a pessoas próximas". Consultada, a assessoria da Presidência da República não quis se manifestar sobre a relação de Dilma com a irmã de Denucci.


O presidente do PTB, Roberto Jefferson, garante que quem "brigou" pela nomeação de Denucci foi o presidente Lula e não o seu partido, como Mantega insiste em afirmar. Pessoas próximas ao ex-presidente acrescentam que ele agiu para atender a seu conselheiro econômico, Delfim Netto, que gostava do trabalho de Denucci.


O senador Francisco Dornelles (PP-RJ), por sua vez, apoiou o nome porque gostou de seu currículo, com passagem na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e na Superintendência de Seguros Privados (Susep). Ambos e o ministro José Múcio não querem falar no assunto.


O deputado Nelson Marquezelli (PTB-SP) afirma que só mesmo um apadrinhamento de peso explica a posição da ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvatti, e do ministro Mantega em não atender ao pedido do partido para exonerar Denucci.


No PTB circula a versão de que Denucci tem problemas com a Receita por conta da operação financeira no exterior, o que aumenta o constrangimento do ministro Mantega, a cuja pasta a autarquia está subordinada.


Fonte:Mogi News