domingo, 15 de janeiro de 2012

Cancelas atravancam o trânsito


Júlia Guimarães



As recentes declarações do governador Geraldo Alckmin (PSDB), de que o Estado poderá elaborar um projeto de eliminação gradual das passagens de nível em Mogi das Cruzes, deram ânimo novo ao Município, que é cortado pela linha férrea e convive diariamente com os conflitos gerados por ela. Os incômodos causados pelas cancelas e a urgente necessidade de solucionar o problema já são velhos conhecidos dos mogianos. O Diário foi às ruas conferir o grau de interferência da circulação dos trens para o trânsito da Cidade. O resultado foi espantoso: nos horários de maior movimento as cancelas permanecem mais tempo fechadas do que abertas. Durante uma hora de teste, a passagem dos carros ficou interrompida por exatos 31 minutos e 13 segundos.


A Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) informou "que no trecho Guaianazes-Estudantes, na Linha 11-Coral, são programadas em média 285 viagens nos dias úteis". De acordo com a nota, "esse é o número em que as cancelas devem ser acionadas" durante o dia na Cidade. Considerando-se que os trens circulam entre as 4horas e a meia-noite, em um total de 20 horas, a média é de passagem de um trem a cada 4 minutos e 12 segundos pela linha férrea mogiana. A circulação das composições é fixada pela CPTM (confira quadro nessa página), sendo que os intervalos variam ao longo do dia, de dez a cinco minutos. Na prática, no entanto, o movimento é bem maior já que é preciso considerar-se as viagens de ida e volta.


O Diário cronometrou o tempo de abertura e fechamento da cancela da Rua Cabo Diogo Oliver, junto à Praça Sacadura Cabral, em frente à estação Mogi das Cruzes, local onde as complicações do trânsito são mais evidentes. O teste foi realizado na última quinta-feira, sendo que a reportagem chegou ao local exatamente às 11h35 e deixou o cruzamento apenas uma hora mais tarde, às 12h35 (confira quadro nesta página). Cada contagem foi iniciada no momento do acionamento do sinal sonoro, quando os portões começam a se movimentar e os veículos devem parar antes da linha, e concluída apenas quando as passagens estavam inteiramente abertas. No total, as porteiras foram fechadas durante 11 vezes, sendo que passaram 16 composições durante o período em que a reportagem esteve no local.


Nos momentos em que a cancela foi acionada para circulação de apenas um trem, a passagem ficou obstruída por intervalos mais curtos, que variaram de 1 minuto e 41 segundos a 2 minutos e 27 segundos. Já para os cruzamentos de duas composições, os motoristas foram obrigados a esperar por mais tempo, em intervalos que foram de 2 minutos e 48 segundos até 5 minutos e 28 segundos. O momento mais dramático ocorreu entre 12h07 e 12h13, quando as cancelas ficaram fechadas por exatamente 6 minutos e 27 segundos, para a circulação de três composições. A obstrução das passagens provocou um enorme buzinaço e longas filas nas ruas Ricardo Vilela, Braz Cubas e Cabo Diogo Oliver. Ao final do teste, a reportagem averiguou que, dentro de 60 minutos, as cancelas ficaram fechadas por 31 minutos e 13 segundos, ou seja, mais de 50% do tempo.


Pico


A realidade constatada pela reportagem é, provavelmente, ainda pior em outros períodos do dia. Isso porque no momento da realização do teste, as viagens eram realizadas em intervalos de sete minutos. Porém, nos horários de pico da CPTM, entre as 4h30 e as 9h10 e entre as 15h55 e as 20h10, as composições passam de cinco em cinco minutos, o que indica que é maior o número de acionamentos das cancelas e, consequentemente, de obstrução do trânsito.


Fonte:O Diário de Mogi