sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Taboão e trânsito são prioridades


De um lado, a joia do Taboão pronta para ser lapidada e garantir o futuro de Mogi das Cruzes. Do outro, o trânsito que se mostra cada vez mais como o grande desafio do gestor da Cidade que chega aos 451 anos com uma frota de quase 200 mil veículos e cortada ao meio pela linha férrea. Os planos para o desenvolvimento do Distrito Industrial do Taboão e a necessidade urgente de intervenções no sistema viário ganham espaço em meio aos projetos de saúde e educação, as áreas prioritárias da administração do prefeito Marco Aurélio Bertaiolli (DEM). Em entrevista a O Diário, ele avalia que a Cidade completa mais um aniversário caminhando na direção certa e revela que a meta da Prefeitura é conquistar, a exemplo do que aconteceu com a General Motors (GM), na década passada, uma grande indústria para servir de âncora na evolução do Taboão, na faixa direita de quem segue na direção do Vale do Paraíba e, por meio de uma Parceria Público-Privada (PPP), dotar o local da tão reivindicada infraestrutura. Bertaiolli também afirma que a Cidade terá de decidir quem terá a prioridade no trânsito - os pedestres ou os automóveis - e, a partir disso, definir os projetos para melhorar as condições viárias atuais. Na conversa, ocorrida na última terça-feira, o prefeito falou ainda de reeleição, do funcionamento da Central de Urgências, Remoção e Emergências (Cure) e da reforma do prédio da Prefeitura, prevista para o próximo ano. Confira:


Este é o terceiro aniversário de Mogi das Cruzes com o senhor prefeito. Está satisfeito com a Cidade?


Chego muito satisfeito por uma questão muito simples. Nesses dois anos e nove meses, nós estamos administrando a 120 quilômetros por hora, a velocidade máxima permitida na rodovia. Não tem como fazer mais do que estamos fazendo. Estamos com verbas estaduais bem conquistadas, verbas federais bem conquistadas e com o orçamento da Prefeitura no limite. Estamos, neste momento, com algo em torno de R$ 150 milhões em obras e a população sente os resultados disso em muitas áreas. Entre outras coisas, estamos construindo um hospital público. Imagine quantas cidades no Brasil estão fazendo isso? Portanto, chego nesse aniversário muito tranquilo e muito satisfeito.


Apesar dos avanços, existem demandas que ainda não foram atendidas e outras surgem na medida que a Cidade cresce. Qual é o principal desafio que a próxima gestão impõe ao prefeito de Mogi?


O ano que vem é o último da nossa administração e entendo que um dos grandes desafios da próxima administração vai ser a questão do trânsito. Entra em Mogi algo em torno de 1 mil veículos/mês. A frota cresceu, nos últimos 20 anos, cinco vezes, enquanto que as ruas continuam sendo as de 451 anos. Então, a Cidade vai ter que discutir muito sobre quem ela vai privilegiar: os automóveis ou os pedestres. Todas as obras que temos feito, o privilégio tem sido para o pedestre, mas o Município terá de decidir se é isso que ele quer. Vou citar aqui alguns exemplos. Fizemos a Avenida Yoshiteru Onishi (Nova Mogilar) e estamos fazendo, neste momento, a marginal do Córrego dos Canudos (Braz Cubas). Essas duas vias privilegiam o pedestre. Elas têm ciclovia, pista de cooper, calçadas largas e grades de proteção na margem dos córregos. A canalização do córrego que corta Braz Cubas inteiro, o Gregório, não tem nada disso. Portanto, são obras que privilegiam as pessoas e a Cidade vai ter que discutir se ela quer uma Cidade que privilegia o pedestre ou uma Cidade que privilegia automóvel. E como no caso do orçamento da Prefeitura, essa não poderá ser uma decisão só do prefeito. As políticas públicas da Cidade precisam ser discutidas coletivamente, por siso mesmo, todos os conselhos e coordenadorias de políticas especiais que podem ser implantados, estamos implantando. Para que os resultados venham mais rápido. Nesse ponto, Mogi está indo muito bem. É uma cidade cada vez melhor para viver e morar e oferecendo cada vez mais serviços de qualidade.


Quer dizer que a Cidade está no caminho certo?


Não tenho dúvida nenhuma disso. A Cidade está crescendo muito, naturalmente pela sua infraestrutura e pela sua localização. O que precisamos cuidar é da qualidade de vida porque não podemos colocá-la em risco em função do crescimento. Tem que ser um crescimento ordenado, sustentável. Temos uma explosão imobiliária em Mogi. Ótimo. Isso gera riqueza, emprego e moradia, mas é fundamental que o entorno disso, que é a qualidade de vida, seja preservada.


O senhor cita o trânsito como um dos grandes desafios de Mogi, mas a Cidade não consegue vencer as passagens de nível que representam um gargalo. Os dois viadutos anunciados serão construídos pelo Governo Federal?


A informação oficial que temos é de que a contratação oficial do consórcio que vai construir os dois viadutos está suspensa até que a licitação seja feita para definir a empresa que vai agir como fiscal dessas obras. E o Governo Federal, neste momento, está parado em relação a todo o Ministério dos Transportes. Como isso não está a nosso alcance, temos de aguardar e torcer muito para que o Governo Federal seja competente para não perder essas obras que são tão importantes para Mogi. É lamentável a situação que se encontra o Governo Federal, que é um financiador de obras públicas com bons projetos. Mogi é um município que sempre apresenta bons projetos e vamos continuar fazendo isso. Mogi é uma cidade de 400 mil habitantes e que não tem um orçamento folgado para que seja administrada. Mogi é uma cidade grande, mas que não consegue fazer as suas grandes obras sem o apoio do governo estadual ou federal. Preconiza-se que uma cidade para ter a sua viabilidade financeira deva gerar uma receita de R$ 3,5 mil a R$ 4 mil per capita. O orçamento de Mogi, em 2011, é de R$ 650 milhões (sem as autarquias), o que dá R$ 1,6 mil per capita. Se comparar com outros municípios do Estado e do País, Mogi tem uma situação administrável. Agora, se comparar com o desejável para se administrar bem, Mogi tem um orçamento sofrível.


E como é possível melhorar isso?


Colocando condições adequadas na Cidade. Estamos falando de trânsito, mas nem todos os veículos que rodam em Mogi, complicando o sistema viário, estão licenciados em Mogi. Nem todos os empreendimentos imobiliários estão regularizados, pagando IPTU. Estamos buscando coibir isso e um outro trabalho muito importante em andamento, que é mais de conscientização do que de fiscalização, é quanto ao ICMS. Não podemos fiscalizar o ICMS, mas podemos identificar muito rapidamente quais as empresas que não recolhem o imposto por Mogi e correr atrás para saber porque isso ocorre. Estamos fazendo esse trabalho, agora, nas indústrias do Taboão.


O Taboão, citado pelo senhor, é apontado como a grande joia para o desenvolvimento mogiano, mas carece de infraestrutura, o que limita a sua ocupação. O que a Prefeitura fará em relação a isso?


O Taboão tem um desenvolvimento fenomenal, o que é comprovado pelos valores do metro quadrado (m2) que se vende. Quando cheguei na Prefeitura, se falava em R$ 10 e R$ 20. Hoje já se fala entre R$ 80 e R$ 100. Se fosse fato que o Taboão não tem nada de infraestrutura, isso não teria valorizado tanto. O que acontece é que o Poder Público precisa de bons parceiros para viabilizar lá cada vez mais, como fizemos com a General Motors (GM), que serviu de âncora para atrair novos investimentos. Nós temos procurado novas empresas que possam ir para o Taboão e atrair outros investimentos. Se você olhar da GM para São José dos Campos, o lado esquerdo da Rodovia Ayrton Senna está todo sendo desenvolvido. Precisa de mais investimento da Prefeitura? Precisa, temos ruas não asfaltadas e canalizações pendentes, mas que devem ser viabilizadas através de uma Parceria Público-Privada (PPP) com as empresas. Quem olha do lado direito, procede a informação de que não há infraestrutura nenhuma. E o que estamos fazendo? Tentando achar uma grande empresa que queira investir conosco lá, como foi com a GM. Nós estamos buscando uma grande empresa que queira, ao invés de pagar R$ 80 ou R$ 100 pelo m2 do lado esquerdo, pague R$ 10 ou R$ 20 do lado direito e, juntos, vamos trabalhar com o Governo do Estado para dotar da infraestrutura necessária.


A escolha do Taboão para a construção do terceiro aeroporto metropolitano de São Paulo muda isso?


O aeroporto muda completamente a questão de infraestrutura. Automaticamente a chegada de um aeroporto cria a infraestrutura necessária para que qualquer empresa se instale ao redor. Então temos que lutar muito por essa conquista.


E como caminham os projetos para um aeroporto no local?


Temos conhecimento de que duas ou três construtoras têm interesse em construir um aeroporto no Taboão. Temos um conhecimento maior da OAS, que já apresentou inclusive o projeto. Mas tudo demanda iniciativa do Governo Federal, que tem prerrogativa para dar a concessão para uma empresa privada construir um aeroporto em São Paulo.


Mas ao mesmo tempo que apresenta potencial para um aeroporto, o Taboão vive com a ameaça do lixão. Como a Prefeitura lida com isso?


Estamos trabalhando para acabar com as pretensões da Queiroz Galvão e as coisas estão caminhando bem. Estou otimista que a resposta do Estado para o nosso pedido de arquivamento do processo de licenciamento será positiva para nós. Ao mesmo tempo, temos de definir o destino que Mogi vai dar para o seu lixo. Neste ponto, estamos construindo com a Sabesp um projeto para uma unidade para tratamento de resíduos. A Sabesp ainda não tem a melhor solução, mas a boa notícia é que temos alguém estudando isso para nós, seriamente. A Sabesp está trabalhando para resolver esse problema. E já temos um protocolo de intenções com Arujá, Guararema, Salesópolis e Biritiba Mirim para isso. Essas cinco cidades são muito similares e Mogi é o polo dessa região. Temos condições de Mogi capitanear esse processo e os custos serem menores para todos. E mais eficientes.


A solução da Sabesp também é voltada para o Taboão?


Muito provavelmente não, apesar de que é uma estrutura moderna suficiente para estar em qualquer lugar. Mas o acordo é de que, após encontrar a melhor solução, a Sabesp aponte, entre os cinco municípios, qual é a melhor área, logisticamente, para implantação.


Prefeito, quais serão as prioridades do seu governo daqui até o próximo aniversário de Mogi das Cruzes, que praticamente coincidirá com o final do seu mandato?


Vamos continuar priorizando a mesma linha que iniciamos. Nós começamos com algumas missões, que são cuidar das pessoas nos bairros onde moram e com as necessidades básicas de saúde e educação. Essa linha de trabalho vai ser mantida até o último dia do meu governo.


Fonte:O Diário de Mogi