quarta-feira, 1 de junho de 2011

Valtra demite 120 funcionários

Valtra demite 120 funcionários

Alexandre Barreira
A Valtra do Brasil, empresa ligada ao Grupo AGCO, demitiu 120 funcionários na última segunda-feira, confirmando informações de possíveis cortes na empresa divulgadas com exclusividade ontem porO Diário.
De acordo com a Assessoria de Imprensa da empresa, o desligamento dos operários da unidade de Mogi das Cruzes ocorreu devido a ajustes necessários no volume de produção de máquinas agrícolas.
A empresa alega, ainda, fatores conjunturais e mudanças nos cenários político e econômico, além da sazonalidade agrícola, que afetaram diretamente a demanda de mercado. Além disso, a empresa cita, ainda via Assessoria de Imprensa, a desaceleração na busca por financiamentos no setor, já prevista pelo segmento após dois anos do lançamento do Programa Mais Alimentos, do Governo Federal, e o embargo da Argentina, que também afetou a indústria de máquinas agrícolas no País.
A Valtra ressalta que, caso haja a recuperação do mercado, a AGCO dará prioridade à recontratação dos funcionários desligados esta semana e mantém os planos de produção para o ano, no entanto, sem divulgar números.
O diretor regional do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo e Mogi das Cruzes, Silvio Bernardo, destacou que esteve na fábrica ontem pela manhã e confirmou as demissões. "Lamentamos que a empresa tenha tomado esta atitude sem nos consultar ou abrir negociações. Estaremos providenciando uma manifestação na próxima sexta-feira na porta da fábrica", contou o sindicalista, que tem informações sobre mais demissões. "Acreditamos que o número de dispensas na fábrica pode chegar a até 300", completou Bernardo.
Ele e dois funcionários demitidos, que não quiseram se identificar, disseram que a linha de produção da fábrica estará parada até amanhã. Os operários, que integram o grupo de dispensados pela empresa, declararam que se trata de uma política de banco de horas da fábrica de tratores.
Eles informaram, ainda, que a linha de produção tinha dois turnos de trabalho – das 6 às 14h40 e das 14h40 às 23h20 – no entanto, deverá adotar turno único a partir desta sexta-feira, com o horário das 9 às 18 horas. A produção, em momento de pico, chegava a 72 tratores fabricados por dia, devendo voltar para o patamar mínimo de 60 por dia.
Fiesp/Ciesp
Na opinião do diretor titular da regional da Federação e Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp/Ciesp), Milton Sobrosa Cordeiro, as demissões da Valtra são parte do processo do que ele chama de "desindustrialização" no País. Segundo Cordeiro, as dispensas de funcionários da empresa de Braz Cubas são reflexos da economia nacional, que registra aumento das importações e redução das exportações em todos os setores. "Tenho alertado há algum tempo para este fenômeno. Infelizmente, a política econômica do País baseada no Real valorizado e na alta de juros tem feito as empresas reduzirem suas produções. O reflexo disso é o desemprego", explicou.
Isolado
O secretário municipal de Desenvolvimento Econômico, Marcos Damásio, destacou que as demissões na Valtra fazem parte de um problema isolado da empresa e não têm ligação com a situação econômica de Mogi. "A economia da Cidade tem vivido um bom momento, principalmente pelas notícias sobre a geração de emprego nos últimos meses. Acredito que as demissões na Valtra é um caso isolado e não significa que o setor industrial de Mogi esteja em crise", afirmou.
Damásio avalia, ainda, que as dispensas estejam ligadas a um problema sazonal do setor em que a fábrica atua e que, com certeza, deve mostrar recuperação em breve. "A Valtra sempre prezou pela estabilidade na sua atuação no mercado, principalmente após a crise econômica mundial de 2009. Dependendo de seu ramo de atuação, pode passar por oscilações, o que é natural a qualquer empresa", definiu o secretário.

Fonte:O Diário de Mogi