quarta-feira, 1 de junho de 2011

Dilma já planeja demitir ministro

Dilma já planeja demitir ministro

BRASÍLIA
A presidente Dilma Rousseff planeja trocar o articulador político do Palácio do Planalto assim que a crise envolvendo o ministro da Casa Civil, Antonio Palocci, tiver acabado e a poeira baixar. Dilma avalia que pode segurar Palocci, mas há tempos tem queixas sobre o desempenho do ministro das Relações Institucionais, Luiz Sérgio, alvo de críticas no Congresso até mesmo em seu partido, o PT.
A substituição de Luiz Sérgio, porém, não será feita agora, em meio à tempestade que ameaça a sobrevivência de Palocci, alvejado por denúncias de enriquecimento ilícito e tráfico de influência. Além disso, Dilma não age sob pressão e não gostou nada das cobranças apresentadas pelo PMDB, que quer mudanças no núcleo de coordenação política do Planalto e assento nas reuniões semanais do grupo.
Na prática, a presidente vinha analisando a possibilidade de trocar Luiz Sérgio, deputado federal licenciado, muito antes da crise que inferniza o governo. Interrompeu os movimentos nesse sentido, no entanto, para tentar salvar Palocci, com o apoio do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Agora, vai aguardar o desfecho da guerra para agir.
Mesmo assim, em conversas reservadas, Dilma disse a mais de um interlocutor que o ministro das Relações Institucionais - ligado ao ex-chefe da Casa Civil José Dirceu - não tem o trânsito esperado na Câmara e no Senado. Acha, ainda, que a dobradinha entre ele e Palocci não funcionou.
No Planalto, o comentário mais frequente é o de que Palocci, antes mesmo das denúncias, já estava "sobrecarregado"por demandas e não conseguia cuidar do "varejo" do Congresso, uma tarefa que deveria ficar a cargo de Luiz Sérgio.
A cúpula do PT faz críticas à falta de interlocução do governo com o Congresso, mas quer marcar posição para não permitir que o PMDB avance sobre esse ministério, em tese o responsável pela articulação política. É consenso na base de que não adianta trocar Luiz Sérgio por outro, sem dar poderes para o sucessor.
Um dirigente do partido disse ao Estado que "a infidelidade do PMDB não pode ser premiada". A referência era à votação do Código Florestal, na semana passada, quando deputados do PMDB votaram contra os interesses do Planalto.
A insatisfação de Dilma está em diapasão com as críticas que o articulador recebe no Congresso. Nem mesmo os pleitos do PT, que tem uma lista com mais de 100 pedidos de nomeação, foram atendidos pelo Planalto Os cerca de 50 cargos de segundo escalão pleiteados pelo PMDB para acomodar correligionários também não saíram do papel.
Envolvidos em uma briga interna no partido, os petistas estão divididos em relação à articulação política do governo. Parte deles está certa que a "tríade" da coordenação _ Palocci, Luiz Sérgio e o líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza (PT-SP) _ precisa ser rapidamente substituída, uma vez que há "um desgaste profundo".


Fonte:O Diário de Mogi