sexta-feira, 13 de abril de 2012

Funcionários exigem pagamento



PARALISAÇÃO Grupo de trabalhadores realizou protesto ontem pela manhã na porta da Vidax, em César 
Edson Martins


FERNANDO PIOVEZAM


Mais de 100 operadores de telemarketing cruzaram os braços ontem, pela manhã, em protesto contra as condições de trabalho oferecidas pela empresa Vidax Contact Center, em César de Souza. Sem receberem o salário desde o quinto dia útil deste mês, os trabalhadores optaram pela paralisação para exigir o cumprimento de outros direitos trabalhistas - além do pagamento -, os quais alegam estar sendo desrespeitados, como: vale-transporte, refeição e convênio saúde. Segundo o Sindicato dos Trabalhadores em Telecomunicações do Estado de São Paulo (Sintetel), a empresa garantiu que depositou, na tarde de ontem, o salário de todos os funcionários.


Pela manhã, entoando palavras de ordem, o grupo chamou a empresa de "caloteira" e protestou em frente à portaria, das 8 às 13 horas. "Não deram comunicado nem justificativa sobre a nossa situação. Simplesmente não tem dia, nem hora certa para pagamento e vale-transporte. A gente tem que se virar para vir trabalhar. Precisamos ter comprometimento, mas eles não têm com a gente", protesta a operadora Natália dos Santos Paula.


Indignada com a situação, Daiane Silva dos Santos de Souza se revolta por não ter condições de cuidar da própria filha. "É uma palhaçada, uma falta de respeito com a gente. Terei de esperar até segunda para alimentar a minha filha? É uma vergonha eu ter de pedir dinheiro emprestado, sendo que trabalhei o mês inteiro", declara.


De acordo com a funcionária Katiane Lima dos Santos, a Vidax insinua problemas financeiros para o não pagamento dos salários. Contudo, tal explicação é colocada em dúvida. "Dizem que estão passando por uma crise, mas como estão contratando operadores todos os dias?", questiona Katiane.


As dificuldades enfrentadas e apontadas pelos funcionários não pararam por aí. "Fiz convênio pra mim e meu dependente faz tempo, mas até agora não chegou nenhuma carteirinha. Reclamei e eles falaram para procurar a central da empresa, em São Paulo", critica a operadora Crisleine Catarina Batista, que cobrou também o "reajuste salarial que não foi pago".


Além disso, a pressão psicológica praticada pelos supervisores imediatos dos operadores veio à tona nesta paralisação, tida como a "gota d’água". "Tem supervisor aí, não são todos, que atormentam a vida do operador até ele pedir a conta. Chegam a xingar e enrolam para liberar o intervalo, até que vendamos", acusa Solange Godoi.


Representantes do Sintetel estiveram no local para o suporte aos funcionários e ratificaram os problemas sinalizados. "A empresa está em falta com os trabalhadores. É falta de respeito. Ela tem de arcar com a responsabilidade. Se quer cobrar uma postura dos funcionários, tem que pagar o direito deles", afirma Rivaldo Laurentino da Silva, do Sintetel.


Mauro Cava de Britto, diretor regional do Sindicato, responsável pela Região do Alto Tietê, negociou com a Vidax ontem mesmo e obteve retorno positivo. "A empresa fez o pagamento hoje [ontem], até o final do expediente bancário, a todos os funcionários, sem descontar as horas paradas. E nenhum operador sofrerá retaliação. Foi uma vitória dos trabalhadores, com a intervenção do Sindicato". Ele adianta ainda que, "se a empresa continuar a cometer essas infrações será instaurado um processo de greve".


Quanto às demais reivindicações dos funcionários, Mauro ressalta que a empresa se comprometeu a responder ao Sintetel até, no máximo, a próxima quarta-feira. Procurada por O Diário para se manifestar a respeito dos protestos de ontem, não quis se pronunciar oficialmente, o que deverá ocorrer por meio de seu departamento jurídico, até a próxima quarta-feira.


A Vidax possui cerca de 4 mil postos de trabalhos, espalhados em três turnos, somente na unidade de Mogi das Cruzes.


Fonte:O Diário de Mogi