“01” Ontem, Queiroz passou o dia dando satisfações à base aliada
BRASÍLIA
A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Cachoeira, que deverá ser instalada no Congresso na semana que vem, poderá encurralar o PT. Os partidos de oposição preparam-se para jogar pesado na CPI e reviver antigos escândalos que envolveram o partido.
Entre eles, o que atingiu Waldomiro Diniz, o ex-assessor da Casa Civil na gestão de José Dirceu, no início do segundo ano de governo de Luiz Inácio Lula da Silva. Em fevereiro de 2004 uma fita amplamente divulgada mostrou o então assessor parlamentar da Casa Civil pedindo propina para o contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira. Na época, Cachoeira mostrava interesses nas máquinas de apostas das loterias administradas pela Caixa Econômica Federal.
A janela de oportunidade aberta pela própria base para a oposição vasculhar malfeitos no governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e até mesmo da presidente Dilma Rousseff já preocupa o Planalto.
Os partidos de oposição pretendem ainda procurar algum tipo de ligação entre Cachoeira e o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares, denunciado pelo Ministério Público como um dos idealizadores do mensalão. Delúbio é réu no Supremo Tribunal Federal. Líderes oposicionistas acreditam que poderão ter algum tipo de êxito nessas buscas, porque Cachoeira e Delúbio são de Goiás e andavam por lugares semelhantes.
Apesar de o requerimento de instalação da CPI dizer que ela deve "investigar práticas criminosas do senhor Carlos Augusto Ramos, desvendadas pelas Operações Vegas e Monte Carlo, da Polícia Federal" - que significaria um espaço temporal de 2009 para cá -, o entendimento dos partidos de oposição é de que todos os fatos correlacionados podem ser tratados.
"O Supremo Tribunal Federal decidiu que as CPIs podem fazer as investigações nesses casos, independentemente de espaço temporal", disse o líder do PSDB na Câmara, Bruno Araújo (PE).
Por isso, os partidos de oposição estão se preparando para apresentar requerimentos de convocação de pessoas que, de alguma forma, tiveram relação com Carlinhos Cachoeira. Além de Waldomiro Diniz, os oposicionistas deverão pedir também que sejam apuradas as ligações do deputado Rubens Otoni (PT-GO) com o empresário de jogos de azar.
Dois vídeos que circulam nos meios políticos mostram encontros de Otoni com o contraventor. Num destes, deputado teria recebido R$ 100 mil de Cachoeira, como doação de campanha para a prefeitura de Anápolis, em 2004. No vídeo, o próprio Cachoeira aconselha Otoni a não declarar os valores recebidos.
O deputado petista está sendo processado pela Corregedoria Parlamentar da Câmara por causa dessa fita. Ele já respondeu que desde 2004 é vítima de chantagem de Carlinhos Cachoeira, que o teria procurado para resolver um problema num laboratório farmacêutico de Anápolis. Otoni disse que não ajudou Cachoeira e que por isso é vítima de vingança.
Para o líder do PT na Câmara, Jilmar Tatto (SP), o caso de Rubens Otoni não se enquadra no que a CPI vai investigar. "Vamos trabalhar com os fatos relacionados com as Operações Vegas e Monte Carlo, tudo o que envolveu agentes públicos e privados".
Fonte:O Diário de Mogi
