sábado, 31 de março de 2012

Hospital do Câncer Cerri promete rever prontuários


Secretário se prontificou a analisar documentos, mas não deu garantia de reversão do descredenciamento
Luana Nogueira
Da Reportagem Local
Erick Paiatto

Emília obteve do secretário Cerri a promessa de revisão dos prontuários do Hospital do Câncer
Após a inauguração do Ambulatório Médico de Especialidades (AME), o secretário estadual de Saúde Giovanni Guido Cerri foi abordado pela vereadora Emília Letícia Rossi Rodrigues (PTdoB), que é esposa do médico oncologista Flávio Isaías, fundador do Hospital do Câncer de Mogi. Ela pediu ao secretário para rever o descredenciamento da unidade de saúde. Cerri, por sua vez, disse que irá revisar os prontuários do hospital.


Emília abordou Cerri ao final da cerimônia. Ela estava acompanhada por pacientes do Hospital do Câncer. Visivelmente nervosa, ela segurou o braço do secretário e pediu para que ele interviesse no processo de descredenciamento da unidade de saúde. O encontro dos dois durou poucos minutos, mas foi o suficiente para que ela fizesse o pedido de revisão. "Peço que reveja essa decisão. Não recebemos nada por escrito, ficamos sabendo da decisão por meio do jornal Folha de S. Paulo e da mídia", argumentou a vereadora. Por sua vez, o secretário garantiu que "vai rever todos os prontuários".


A vereadora propôs ainda a Cerri uma visita ao hospital para que ele conheça o trabalho desenvolvido. "Vou receber o senhor com o máximo de carinho. O senhor pode olhar pessoalmente os prontuários junto com o governador Geraldo Alckmin (PSDB), e todas as outras autoridades", propôs Emília. Ela argumentou ainda que o trabalho desenvolvido pelo hospital é tradicional em Mogi. "Há 40 anos trabalhamos neste hospital", acrescentou. Flávio Isaías, que é diretor do Hospital do Câncer, não compareceu à solenidade. 


Protesto
Familiares e pacientes do Hospital do Câncer foram à inauguração do AME com faixas em defesa do atendimento. Os manifestantes permaneceram durante todo o evento com os cartazes erguidos para tentar sensibilizar Cerri. As pessoas reclamavam da transferência do tratamento de câncer para o Hospital Luzia de Pinho Melo e para unidades de São Paulo. 
Fazendo tratamento contra um câncer no colo do útero há um ano e meio, a auxiliar administrativa Deise de Oliveira Chaves, de 53 anos, contou que vive uma incerteza depois que o processo de descredenciamento do Hospital do Câncer de Mogi teve início. Para ela, fica a sensação de "nadar e morrer na praia". "Vai ficar muito ruim se o atendimento passar a ser feito em São Paulo. É muito difícil se locomover até lá. O atendimento prestado no Hospital Luzia de Pinho Melo também não chega aos pés do tratamento que estamos recebendo do Hospital do Câncer, pois eu recebo até cesta básica e tenho atendimento com psicólogos e nutricionistas", afirmou.


Embora os pacientes estivessem incomodados com o descredenciamento do Hospital do Câncer, em nenhum momento houve uma atitude mais exaltada dos manifestantes, eles só pediram mais atenção. "Tenho exames para fazer e não sei como ficará minha situação. É muito difícil ir para São Paulo fazer qualquer um deles. O atendimento do Hospital Luzia de Pinho Melo também é muito demorado, tenho uma mamografia que até agora não foi marcada", reclamou a aposentada Zilma Pereira Paixão, 69 anos.


A lotação e a dificuldade de acesso nas unidades da capital foram as reclamações unânimes dos manifestantes. "Só acompanhando o paciente e seus parentes para avaliar o sofrimento destas pessoas. Acho cruel e desumano, o Hospital Luzia de Pinho Melo não funciona. Não tem como uma pessoa com um problema grave como este se deslocar para São Paulo por causa do trânsito e toda dificuldade. A cidade de São Paulo é grande e tem muitos pacientes, como vai absorver os das cidades vizinhas?", indagou a dona de casa Deise Marisa, 54 anos.


Fonte:Mogi News