denúncia Técnicos da Vigilância vistoriaram a Santa Casa na segunda, após isolamento de três bebês
Júlia Guimarães
A Santa Casa de Mogi das Cruzes foi autuada ontem pela Vigilância Sanitária do Estado em razão de uma série de irregularidades encontradas no Berçário do hospital. O auto de infração foi emitido como resultado da vistoria técnica realizada na última segunda-feira no setor de Neonatologia, depois que O Diário revelou o caso de três bebês mantidos em isolamento em razão de uma infecção bacteriana adquirida simultaneamente na semana passada. O hospital tem prazo de 10 dias para apresentar defesa e está sujeito a multa. O relatório da vistoria ainda será encaminhado ao Ministério Público.
O resultado do relatório elaborado pelo Grupo de Vigilância Sanitária de Mogi das Cruzes foi divulgado, de forma resumida, no fim da tarde de ontem, por meio de nota encaminhada pela Assessoria de Imprensa da Secretaria de Estado da Saúde. O texto aponta um total de cinco irregularidades flagradas no setor: uso de equipamentos com manutenção preventiva e corretiva vencida; falta de manutenção na área física; não cumprimento do manual de normas e rotinas da UTI neonatal; não cumprimento dos procedimentos operacionais padrão no que diz respeito à limpeza terminal e concorrente; não cumprimento integral do manual de higiene e limpeza.
Falhas semelhantes, especialmente no que diz respeito ao descumprimento de procedimentos padrão e de higienização, foram encontradas pela Vigilância Sanitária em 2009, quando um suposto surto de infecção levou 11 bebês a óbito na Neonatologia da Santa Casa. Na época, o caso foi investigado pelo Ministério Público e está atualmente na Justiça. A Promotoria ingressou com várias ações pedindo a responsabilização das mortes e a indenização das mães das crianças. Agora, uma nova investigação poderá ser aberta pelo MP, já que a Vigilância informou ontem que comunicará os promotores sobre as irregularidades flagradas nesta semana.
A Santa Casa de Mogi das Cruzes terá prazo de 10 dias, a contar de ontem, para apresentar defesa ao auto de infração emitido pela Vigilância Sanitária. De acordo com a Assessoria de Imprensa da Secretaria de Saúde, o hospital poderá ser multado. Porém, não será possível determinar o valor da pena enquanto a possível defesa não for analisada. A reportagem tentou entrar em contato com a direção da Santa Casa no início da noite de ontem, após divulgação do relatório, mas não obteve sucesso.
Pouco antes, o diretor assistencial do hospital, o médico Paulo Toledo, concedeu entrevista e esclareceu que os três bebês infectados na semana passada possuem quadro estável. As crianças já não apresentavam a infecção desde a última segunda-feira e duas delas foram retiradas do isolamento no dia seguinte. Um dos prematuros foi reencaminhado para a Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) Neonatal e o outro foi transferido para o setor de Cuidados Intermediários. O terceiro recém-nascido continua no isolamento.
Histórico
A infecção nos três bebês foi identificada pela Santa Casa em 27 de dezembro durante exames de rotina realizados no berçário. Os prematuros, todos de famílias mogianas e do sexo masculino, foram imediatamente encaminhados para o setor de isolamento. No dia 31, O Dário publicou reportagem sobre o caso, com a denúncia do jornalista Rodrigo Ferreira, que mora na Capital e é tio de umas crianças infectadas. Na mesma data, a Santa Casa comunicou o caso, por telefone, à Vigilância Sanitária, que agendou a vistoria. No dia 2 de janeiro, novos exames negativaram a presença das bactérias no sangue dos bebês.
Fonte:O Diário de Mogi
