quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Dilma usa PAC contra crise

BRASÍLIA
O setor público brasileiro vai investir forte no ano que vem para fazer o crescimento da economia atingir a marca dos 5%, apesar da crise internacional. Esse foi o recado passado pelo governo ontem durante o 2º balanço do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) 2. "De novo, o PAC cumprirá um papel anticíclico", afirmou a ministra do Planejamento, Miriam Belchior.


Num quadro de incertezas, é papel do governo dar a sinalização ao setor privado, acrescentou o secretário executivo do Ministério da Fazenda, Nelson Barbosa.


A ministra escalou o presidente da Petrobrás, José Sérgio Gabrielli, para falar sobre tudo o que a estatal terá de adquirir nos próximos anos, um volume sem comparação no mundo. "Abre-se um leque de opções gigantesco para os fornecedores brasileiros", afirmou ele. A Petrobrás tem investimentos inscritos no PAC que somam R$ 303,2 bilhões até 2014.


Com isso, o governo tenta se contrapor ao pessimismo que tomou conta do setor privado, que vem adiando planos de investimento. O clima negativo deverá ser reforçado com a divulgação do PIB no terceiro trimestre de 2011, que deverá ser próximo de zero. Nelson Barbosa repetiu que o governo poderá em breve rever para baixo a estimativa de crescimento deste ano, atualmente em 3,8%.


Conforme antecipado pelo jornal "O Estado de S. Paulo", os dados do PAC apresentados ontem mostram que, na parte que cabe ao governo federal, o programa se concentrou em pagar os restos contratados no governo Lula. Dos R$ 36,4 bilhões disponíveis no Orçamento de 2011 para o programa, só foram pagos até agora R$ 5,5 bilhões.


No entanto, foram quitados de janeiro a meados de novembro R$ 16,1 bilhões dos chamados restos a pagar, que são despesas contratadas no governo anterior. Miriam insistiu, porém, que essas não são contas deixadas por Lula, pois as obras foram realizadas este ano.


O PAC é composto também por investimentos privados, de empresas estatais e de Estados e municípios. Tudo somado, a execução atingiu R$ 143,6 bilhões até setembro, ou 15% do previsto para os quatro anos do governo de Dilma Rousseff.


A ministra admitiu que, no que se refere aos investimentos do governo, inclusive os que não estão no PAC, houve uma redução este ano em comparação com 2010. "Eu reputo à mudança de governo", justificou. O valor investido pelos ministérios e pelas empresas estatais deverá atingir 2,7% do Produto Interno Bruto (PIB) este ano, ante 3,1% do PIB em 2010.


Para a Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib), o PAC poderia ganhar velocidade se o governo entregasse mais projetos à iniciativa privada por meio de concessões e parcerias público-privadas.


Os investimentos do governo e do setor privado são "cruciais" para que a economia brasileira cresça 5% no ano que vem, disse Nelson Barbosa. O PAC é importante também para que seja mantida a trajetória de queda dos juros reais, afirmou. Isso porque os investimentos ampliam a capacidade produtiva do País, por isso permitem reduzir as taxas sem risco de pressão inflacionária.


Fonte:O Diário de Mogi