terça-feira, 27 de setembro de 2011

Políticos apontam falhas na Saúde

Júlia Guimarães


Reportagem publicada por O Diário no último domingo mostrou uma séria de carências da saúde pública regional. Os dados fazem parte de um artigo científico publicado em 2009 pelo Instituto de Saúde da Secretaria de Estado da Saúde sob o título "Integralidade da Atenção às doenças cardiovasculares e diabetes mellitus: o papel da regionalização do Sistema Único de Saúde no Estado de São Paulo". As informações da pesquisa foram coletadas em 2003, mas, oito anos mais tarde, o cenário atual continua pouco animador. Deputados estaduais consultados por O Diário comentam o estudo e apontam as atuais falhas na rede pública de Saúde. Os parlamentares defendem maiores investimentos, de todas as esferas do Poder Executivo, como solução para o setor.


O artigo científico mostrou que a Região apresentava índices de mortalidade acima da média estadual para quatro doenças cardiovasculares estudadas e relacionou este resultado à ausência de estruturas de assistência médico-hospitalar adequadas. A pesquisa registrou médias de 0,01 hospital, 0,07 leito de Unidade de Tratamento Intensivo (UTI), 0,10 ambulatório e 0,42 médico para cada mil habitantes. No primeiro semestre deste ano, a Frente Parlamentar do Alto Tietê entregou ao governador Geraldo Alckmin (PSDB) um relatório com as prioridades da Região na área da Saúde, com indicadores semelhantes ao do estudo. O documento indicou déficit de 52% para leitos clínicos e 42% para leitos de UTI nos hospitais da Região. O presidente da Frente, deputado André do Prado (PR), aguarda para breve uma reunião com o secretário de Estado da Saúde, Giovani Guido Cerri, a fim discutir o assunto (leia mais nesta página).


Prado afirma que, nos últimos dias, visitou os principais hospitais regionais do Alto Tietê, o Santa Marcelina, de Itaquaquecetuba, e o Luzia de Pinho Melo, de Mogi, e que encontrou as unidades superlotadas. O parlamentar relata que havia, inclusive, pacientes atendidos em corredores por falta de leitos. "Estas unidades deviam funcionar com cerca de 80% da capacidade, mas estão operando com mais de 90%. Isso é reflexo não apenas da falta de leitos nos hospitais, mas também da ausência de estrutura da rede básica dos municípios e de investimentos do Governo Federal. É uma questão bastante ampla, que precisa ser discutida e está sendo acompanhada de perto pela Frente".


O deputado mogiano Luiz Gondim Teixeira (PPS) afirma que faltam políticas públicas eficientes de regionalização da saúde. Ele aponta como exemplo o caso do Luzia de Pinho Melo que, segundo o parlamentar, não recebe novos investimentos desde sua ampliação há sete anos. Gondim afirma que a unidade precisa urgentemente da instalação de mais 100 leitos, assim como de novos equipamentos como uma UTI coronariana, inexistente na unidade, e um pronto-socorro de traumas. "O Governo do Estado defende a regionalização da Saúde, mas, na prática, faz o contrário. Veja o caso da hemodiálise, temos apenas 200 vagas para toda Região. Quando a cota é ultrapassada, precisamos mandar os pacientes para Guarulhos. Essa política tem de ser revista".


O deputado estadual Estevam Galvão de Oliveira (DEM) admitiu que há problemas, mas afirmou que o "Governo do Estado já está tomando as rédeas da situação". Ele destacou o anúncio feito por Alckmin de construção de um hospital de Suzano, onde atualmente a população é atendida apenas pela Santa Casa. "É claro que há problemas e é por isso que o governador atendeu o pedido e tomou as providências logo que assumiu seu mandato. Este novo hospital vai suprir as necessidades de leitos, de UTIs, de vários atendimentos de média e alta complexidade".


Estevam fez críticas à União e atribuiu ao Governo Federal as deficiências da rede pública de saúde brasileira. "Meu entendimento é de que a saúde vai mal não apenas na nossa Região, mas em todo o País. E uma das principais razões é a Tabela SUS (Sistema Único de Saúde), cujos valores ficam muito aquém daquilo que representa os custos das despesas hospitalares", destacou.




Estado


A Secretaria de Estado da Saúde enviou nota a O Diário esclarecendo que mantém e custeia integralmente, na Região do Alto Tietê e Guarulhos, seis hospitais estaduais, que juntos somam 1,4 mil leitos. "É importante ressaltar que o credenciamento de novos leitos hospitalares pelo SUS depende diretamente do Ministério da Saúde, mediante aumento do teto financeiro para o Estado e os municípios", diz a nota.


A Pasta destaca ainda que "vem discutindo com as secretarias municipais de Saúde a ampliação do atendimento para os pacientes do SUS na Região e está mapeando a demanda existente para definição de novos serviços".


No texto, a Secretaria ressalta as melhorias promovidas na Região do Alto Tietê e cita como exemplo os investimentos de R$ 3,3 milhões para instalação do AME de Mogi, que está em fase final de implantação, e de R$ 4 milhões para construção do Hospital Municipal de Braz Cubas. Além disso, encontra-se em estudo na superintendência e no Conselho Deliberativo do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), a construção de um prédio anexo ao Hospital Auxiliar de Suzano, para reforçar a assistência aos pacientes da rede pública.


Fonte:O Diário de Mogi