O artigo científico mostrou que a Região apresentava índices de mortalidade acima da média estadual para quatro doenças cardiovasculares estudadas e relacionou este resultado à ausência de estruturas de assistência médico-hospitalar adequadas. A pesquisa registrou médias de 0,01 hospital, 0,07 leito de Unidade de Tratamento Intensivo (UTI), 0,10 ambulatório e 0,42 médico para cada mil habitantes. No primeiro semestre deste ano, a Frente Parlamentar do Alto Tietê entregou ao governador Geraldo Alckmin (PSDB) um relatório com as prioridades da Região na área da Saúde, com indicadores semelhantes ao do estudo. O documento indicou déficit de 52% para leitos clínicos e 42% para leitos de UTI nos hospitais da Região. O presidente da Frente, deputado André do Prado (PR), aguarda para breve uma reunião com o secretário de Estado da Saúde, Giovani Guido Cerri, a fim discutir o assunto (leia mais nesta página).
Prado afirma que, nos últimos dias, visitou os principais hospitais regionais do Alto Tietê, o Santa Marcelina, de Itaquaquecetuba, e o Luzia de Pinho Melo, de Mogi, e que encontrou as unidades superlotadas. O parlamentar relata que havia, inclusive, pacientes atendidos em corredores por falta de leitos. "Estas unidades deviam funcionar com cerca de 80% da capacidade, mas estão operando com mais de 90%. Isso é reflexo não apenas da falta de leitos nos hospitais, mas também da ausência de estrutura da rede básica dos municípios e de investimentos do Governo Federal. É uma questão bastante ampla, que precisa ser discutida e está sendo acompanhada de perto pela Frente".
O deputado mogiano Luiz Gondim Teixeira (PPS) afirma que faltam políticas públicas eficientes de regionalização da saúde. Ele aponta como exemplo o caso do Luzia de Pinho Melo que, segundo o parlamentar, não recebe novos investimentos desde sua ampliação há sete anos. Gondim afirma que a unidade precisa urgentemente da instalação de mais 100 leitos, assim como de novos equipamentos como uma UTI coronariana, inexistente na unidade, e um pronto-socorro de traumas. "O Governo do Estado defende a regionalização da Saúde, mas, na prática, faz o contrário. Veja o caso da hemodiálise, temos apenas 200 vagas para toda Região. Quando a cota é ultrapassada, precisamos mandar os pacientes para Guarulhos. Essa política tem de ser revista".
O deputado estadual Estevam Galvão de Oliveira (DEM) admitiu que há problemas, mas afirmou que o "Governo do Estado já está tomando as rédeas da situação". Ele destacou o anúncio feito por Alckmin de construção de um hospital de Suzano, onde atualmente a população é atendida apenas pela Santa Casa. "É claro que há problemas e é por isso que o governador atendeu o pedido e tomou as providências logo que assumiu seu mandato. Este novo hospital vai suprir as necessidades de leitos, de UTIs, de vários atendimentos de média e alta complexidade".
Estevam fez críticas à União e atribuiu ao Governo Federal as deficiências da rede pública de saúde brasileira. "Meu entendimento é de que a saúde vai mal não apenas na nossa Região, mas em todo o País. E uma das principais razões é a Tabela SUS (Sistema Único de Saúde), cujos valores ficam muito aquém daquilo que representa os custos das despesas hospitalares", destacou.
Estado
A Secretaria de Estado da Saúde enviou nota a O Diário esclarecendo que mantém e custeia integralmente, na Região do Alto Tietê e Guarulhos, seis hospitais estaduais, que juntos somam 1,4 mil leitos. "É importante ressaltar que o credenciamento de novos leitos hospitalares pelo SUS depende diretamente do Ministério da Saúde, mediante aumento do teto financeiro para o Estado e os municípios", diz a nota.
A Pasta destaca ainda que "vem discutindo com as secretarias municipais de Saúde a ampliação do atendimento para os pacientes do SUS na Região e está mapeando a demanda existente para definição de novos serviços".
No texto, a Secretaria ressalta as melhorias promovidas na Região do Alto Tietê e cita como exemplo os investimentos de R$ 3,3 milhões para instalação do AME de Mogi, que está em fase final de implantação, e de R$ 4 milhões para construção do Hospital Municipal de Braz Cubas. Além disso, encontra-se em estudo na superintendência e no Conselho Deliberativo do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), a construção de um prédio anexo ao Hospital Auxiliar de Suzano, para reforçar a assistência aos pacientes da rede pública.
Fonte:O Diário de Mogi