sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Tragédia no Rio Rigor na fiscalização é a única maneira de evitar desabamentos


Presidente de entidade de classe diz que é preciso fechar o cerco aos leigos e aos maus profissionais
Cleber Lazo
Da Reportagem Local
Divulgação

Tragédia no Rio trouxe à tona ontem a discussão sobre a segurança na estrutura dos edifícios
Representantes de entidades ligadas ao setor de engenharia e arquitetura de Mogi das Cruzes garantem: a única maneira de evitar tragédias como a que ocorreu no Rio de Janeiro é aumentar a fiscalização em prédios antigos e nos projetos de construção de novos edifícios. 
Dois prédios e um sobrado desabaram na noite de quarta-feira no centro da capital carioca. O acidente causou a morte de pelos várias pessoas. Apesar de o caso ainda estar sob análise, autoridades cariocas trabalham com a hipótese de dano estrutural em um dos três imóveis que desabaram. 
O comandante do Corpo de Bombeiros do Rio, coronel Sérgio Simões, disse que "tudo leva a pensar que, na obra que estava sendo realizada (em um dos edifícios), alguma estrutura importante do prédio foi danificada". De acordo com o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (Crea) daquela região, as obras realizadas no 3º e 9º andares do Edifício Liberdade, de 20 andares, eram ilegais por não terem autorização do conselho. A explosão de gás como causa do desabamento chegou a ser cogitada. Três hipóteses são analisadas: que a obra tenha provocado uma alteração estrutural com a retirada, por exemplo, de uma viga; a corrosão ou infiltração da laje da cobertura; ou o excesso de peso do material de construção utilizado na obra
Para o presidente da Associação de Engenheiros e Arquitetos de Mogi das Cruzes (Aeamc), Orlando Pozzani, para que episódios semelhantes não ocorram na cidade "é preciso fechar o cerco aos leigos e aos maus profissionais". "Os fiscais deveriam ter noções de engenharia. Eles precisariam ser habilitados e ter respaldo legal para fiscalizar os prédios antigos. Em cidades de Santa Catarina os fiscais têm este perfil e não são meramente ´assinadores´ de plantas", disse. "A associação vai conversar com a Prefeitura para estabelecer um convênio em busca de meio legal para que profissionais responsáveis pelos prédios em construção e antigos apresentem de tempos em tempos uma pasta com os laudos necessários", disse Pozzani, que também exerce o cargo de fiscal do Crea na região.


O representante no Alto Tietê do Conselho de Arquitetura e Urbanismo (CAU), Nelson Bettoi Batalha, sugere que a Prefeitura de Mogi adote ações semelhantes a cidades como Belo Horizonte, em Minas Gerais, e Santos, que desenvolve um programa conhecido como "auto-vistoria". "Os responsáveis por prédios comerciais ou residenciais maiores que cinco ou seis andares são obrigados a enviar à administração municipal um laudo garantindo o pleno funcionamento da parte elétrica e estrutural. Conforme o ano de construção do edifício, a entrega dos laudos seguiria um cronograma", pontuou. "Para os mais velhos, a apresentação seria com um intervalo de tempo menor. Quem descumprir a exigência poderia ser multado", completou Batalha. 
"As entidades de classe precisam dialogar para chegar a um acordo e desenvolver leis mais rígidas para os irresponsáveis. A fiscalização preventiva pode salvar vidas", afirma o presidente do Sindicato dos Engenheiros do Alto Tietê, Mário Edson Galego.


Fonte:Mogi News