domingo, 22 de janeiro de 2012

Obama anuncia que irá apresentar um plano para fortalecer a economia


Renata Tranches

AFP Photo/Jewel Samad
Quando concorreu à Presidência dos Estados Unidos em 2008, Barack Obama tinha como mote a esperança. Sua frase Yes, we can (Sim, nós podemos) tornou-se mundialmente famosa e ganhou versões nas mais diversas línguas. Agora, Obama sabe que será cobrado. E já se antecipa à pressão. Enquanto os pré-candidatos republicanos se enfrentavam na primária da Carolina do Sul, Obama anunciou ontem, em seu programa semanal de rádio, que apresentará medidas para fortalecer a economia do país durante o tradicional discurso do Estado da União que fará na noite de terça-feira aos congressistas.


“Vou expor meu plano de ação que devemos adotar em conjunto — não apenas eu, ou o Congresso, e sim todos os americanos — para reconstruir uma economia onde o trabalho duro e a responsabilidade são recompensados. Uma economia que está construída para durar”, afirmou Obama, acrescentando: “Enquanto isso, vou continuar fazendo todo o possível para fazer deste país não apenas o melhor lugar para visitar e fazer negócios, como também para viver, trabalhar e construir uma vida melhor”.


Na última quinta-feira, Obama escolheu a Disney para anunciar medidas que irão facilitar e tornar mais ágil a concessão de vistos a turistas procedentes de países emergentes, como Brasil, China e Índia. No pronunciamento, ressaltou a importância do turismo para incrementar o emprego no país. Ontem, voltou ao assunto: “É bom para a nossa economia, e ajudará a dar impulso às empresas para que tenham necessidade de crescer e contratar pessoal”.


Durante o programa de rádio, o presidente reafirmou a disposição de continuar trabalhando com o Congresso, os estados e o empresariado em busca de soluções para levar o país adiante. Ressaltou, entretanto, que seguirá adiante caso não tenha o apoio almejado. “Quando eles não puderem atuar ou não o fizerem, eu o farei sozinho”, enfatizou.


Estratégia
Cientistas políticos norte-americanos consultados pelo Correio analisam que Obama buscará provar que é a melhor opção a qualquer alternativa que o Partido Republicano possa apresentar. Para David Rohde, da Duke University (Carolina do Norte), o presidente investirá no seguinte discurso: apesar de longe do ideal, a economia está se recuperando, mais rápido do que no passado, e seguirá nesse ritmo sob seu comando.


Para justificar os entraves dessa recuperação, a estratégia democrata passa pelo ataque aos congressistas da oposição, com quem o líder tem travado uma queda de braço para aprovar seus projetos desde que perdeu a maioria na Casa, em 2010. Rohde explica que a tática lembra a campanha democrata de 1948, quando Harry Truman disputou e conquistou a reeleição. “Não estou dizendo que irá funcionar desta vez, porque as coisas estão diferentes, mas acho que essa será a ênfase”, diz.


Mas Obama está otimista. Em seu primeiro ato de campanha do ano, na teleconferência com simpatizantes no estado de Iowa, no último dia 3, ele afirmou : “De certa maneira, me sinto mais otimista agora do que quando concorri pela primeira vez.” Após o discurso da próxima terça-feira, o presidente sairá em um périplo de três dias por cinco estados, considerados críticos à sua reeleição pelo comando da campanha do democrata. Além de Iowa, Obama passará pelo Arizona, por Nevada, pelo Colorado e por Michigan.


Na bagagem, o presidente levará alguns números favoráveis, como a abertura de 200 mil postos de trabalho em dezembro, segundo Departamento de Trabalho. Foram 50 mil a mais que o previsto por economistas. Destacará ainda um recuo para 8,5% no desemprego, a taxa mais baixa desde fevereiro de 2009.


Os números da economia poderão ser os aliados ou os vilões de Obama. Segundo o cientista político James Morone, da Brown University (Rhode Island), se o crescimento do país alcançar os 3%, provavelmente Obama será reeleito. “Se ficarmos abaixo dos 2%, ele deve perder”, estimou.
No centro do embate com os congressistas está a disputa dos benefícios na área social. Morone explica que provavelmente os democratas acusarão os republicanos de quererem cortar gastos nesse setor, especialmente na previdência. “Os congressistas republicanos, de fato, propuseram cortes nas pensões. Agora, os democratas colocarão seus pré-candidatos em uma posição muito desconfortável por isso”, afirmou.


''Vou continuar fazendo todo o possível para fazer deste país não apenas o melhor lugar para visitar e fazer negócios, como também para viver, trabalhar e construir uma vida melhor''
Barack Obama, presidente dos Estados Unidos


Fonte:Correio Braziliense