domingo, 16 de outubro de 2011

Roquinho, um falastrão explosivo

























boquirroto Roque contou o milagre, mas não revelou os santos


SÃO PAULO
Desde 23 de setembro, quando vieram à tona suas acusações sobre a venda de emendas na Assembleia Legislativa de São Paulo, o deputado Roque Barbiere (PTB) paira como um barril de pólvora prestes a explodir no Legislativo paulista e no governo estadual. Além de sustentar que "entre 25% e 30%" dos parlamentares da Casa enriquecem vendendo emendas e que poderia dar até nove nomes ao Ministério Público, afirma que alertou duas secretarias de governo sobre o problema.


Até agora, no entanto, contou o pecado, mas não os pecadores. Transformou-se, por acidente verborrágico, em uma versão paulista de Roberto Jefferson, o pivô do mensalão. Em privado, já se mostrou arrependido do arroubo denunciador. Não recua pelo desagrado com alguns pares - não apenas pela suposta venda de emendas, mas sobretudo por uma quase obsessão: eleger-se prefeito em Birigui, sucedendo a seu principal desafeto, o atual prefeito, Wilson Borini (PMDB).


A cautela em declinar os nomes pelos quais muitos anseiam - e alguns temem - contraria os adjetivos com que mais o caracterizam aqueles que o conhecem de longa data: falastrão, boquirroto, desbocado, explosivo.


Para tudo o mais, Roquinho não mede o que fala. Dispara contundências sempre que perguntado, e muitas vezes até quando isso não ocorre.


Em uma entrevista concedida há mais de um ano a uma afiliada do SBT no interior, criticou a Polícia Civil em Birigui: "Hoje a Polícia Civil é uma vergonha na nossa região", disse, para em seguida denunciar: "O maior roubo aqui da região. Três milhões de reais do Guaraná Paulistinha. Há denúncias de que 20% foram para a Polícia Civil Pra quem? Não sou policial para investigar. Mas corre à boca pequena que 20% do auferido naquele assalto foram para tiras de Birigui".


Em outro vídeo, postado em seu blog em setembro de 2010, reclama de uma dupla de policiais que havia "filado uma boia" em um restaurante de sua cidade. "O policial tem que se comportar à altura, ele representa o Estado. Se ele ganha mal, vai trabalhar na Nasa, pô!"


A sinceridade de Barbiere não poupa sequer os colegas de Assembleia. Um deputado, que pediu anonimato, relata que certa vez contou a Roquinho que participou de um evento em uma das cidades do noroeste paulista, onde ele mantém base eleitoral. E ouviu de Barbiere, cioso de seu eleitorado: "Não tem problema, venha sempre. O único problema é que depois eu vou ter que limpar as coisas que você faz".


Fonte:O Diário de Mogi