domingo, 16 de outubro de 2011

Alto Tietê: 65 áreas contaminadas

MARA FLÔRES
O Alto Tietê tem pelo menos 65 áreas contaminadas por conta de substâncias químicas ou resíduos, especialmente domésticos, depositados inadequadamente nestes pontos anos atrás. Desses imóveis, quatro funcionaram no passado como aterros sanitários/lixões e produzem diariamente, no seu subsolo, uma quantidade elevada de gás metano, o mesmo agente explosivo que levou a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) a interditar, recentemente, o Shopping Center Norte, construído sobre um antigo lixão.


As quatro áreas contaminadas por aterros sanitários e lixões - há mais em processo de investigação e ainda não incluídas no relatório oficial da Cetesb (veja nesta página) – estão localizadas uma em Ferraz de Vasconcelos, uma em Itaquaquecetuba e duas em Mogi das Cruzes, mais especificamente, no antigo Lixão da Volta Fria e no terreno remanescente da antiga Mineração Geral do Brasil, entre a Vila Industrial e a Vila São Francisco, onde a proposta de construção de um parque municipal teve de ser arquivada em razão do passivo ambiental que, há alguns anos, chegou a gerar acidentes com algumas pessoas no local, como queimaduras.


Nas áreas de Mogi, os riscos existentes levaram a Cetesb a isolar os imóveis como medida emergencial e, consequentemente, eles estão impedidos de serem reutilizados enquanto não ocorrer a completa recuperação dos danos ambientais.


Como não há o confinamento de gás metano nesses locais - por serem áreas abertas o poluente é liberado para a atmosfera -, o risco de explosões está afastado, segundo Edson Santos, gerente regional da Cetesb. O mesmo acontece em Itaquaquecetuba, onde a área contaminada é a do aterro sanitário da Pajoan, que atualmente se encontra interditado após o deslizamento de montanhas de lixo.


Ferraz de Vasconcelos, por sua vez, é a cidade que tem a situação mais diferente quando se trata de área contaminada por resíduos e é a que apresenta condição mais semelhante à registrada no Center Norte, inclusive quanto aos riscos.


Isso porque, ao contrário dos demais terrenos, uma unidade da Fundação Casa – antiga Febem – foi construída pelo Governo sobre o antigo lixão do Cambiri, desativado há cerca de 10 anos. A edificação de um prédio em cima de uma área onde houve depósito de resíduos implica no confinamento do gás metano, que é gerado permanentemente durante o processo de decomposição do lixo, o que leva, no mínimo, 30 anos.


"Levando-se em conta que durante muitos anos haverá geração de gases e chorumes, áreas de antigos lixões e aterros são geralmente reutilizadas para a implantação de parques e estacionamento de veículos ao ar livre para que os poluentes possam ser liberados na atmosfera e afastar o risco de explosões. Ainda assim, é necessário manter sistema de exaustão de gases e o monitoramento", ressalta o gerente da Cetesb.


No caso da Fundação Casa, um prédio foi edificado em parte da área do antigo lixão, sem a autorização na época do Departamento de Uso do Solo Metropolitano (Dusm, hoje incorporado à Cetesb), e ele é habitado por jovens internados para fins de recuperação após a prática de crimes. A situação foi denunciada por vereadores à Cetesb em 2006 e, após vistorias e análises, a companhia ambiental determinou uma série de ações de remediação no local, inclusive a impermeabilização do piso para evitar a entrada de gases.


Na condição atual, a Cetesb afasta riscos no local como os que existem no Center Norte. A diferença, de acordo com a companhia, está no fato da Fundação Casa manter ali um sistema de exaustão de gases que funciona 24 horas, além de monitorar o índice de explosividade.


"A situação da Fundação Casa está totalmente regular e não há riscos no local porque o gás metano não fica confinado. Ele é levado para a atmosfera através dos exaustores", pontua Edson Santos. "Na nossa Região, não temos casos de áreas com confinamento de gases", acrescenta o gerente regional da Cetesb.


A área da Fundação Casa está contaminada, comprovadamente, por metais, solventes aromáticos e hidrocarbonetos policíclicos aromáticos (PAHs), um poluente orgânico que é cancerígeno e pode ser encontrado em uma série de resíduos de origem doméstica. A contaminação no local está concentrada nas águas subterrâneas, mas limitada ao interior do imóvel. Em razão disso, a Cetesb determinou o fechamento dos poços de abastecimento, impedindo assim o consumo da água contaminada.


Fonte:O Diário de Mogi