domingo, 16 de outubro de 2011

DEM prepara um presidenciável

BRASÍLIA
Lutando pela sobrevivência, o DEM ensaia abandonar a aliança tradicional com o PSDB e lançar um candidato próprio nas eleições presidenciais de 2014. O partido foi o maior perdedor com o surgimento do PSD do prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, e não vê nos dois principais presidenciáveis do parceiro, o senador Aécio Neves e o ex-governador José Serra, a expectativa de um projeto conjunto de poder.


Por isso, o DEM tenta se reconstruir nas eleições municipais e estruturar um voo solo para o futuro. A única vez que o partido disputou a Presidência da República foi em 1989, com Aureliano Chaves. Na época, o partido se chamava PFL.


O projeto de uma candidatura própria, ainda embrionário, tem como base uma pesquisa feita em agosto na qual se verificou que discursos da sigla, como maior rigor nas ações de segurança e menos impostos, encontram eco no eleitorado. Para o DEM, existe um eleitor órfão de uma alternativa mais à direita.


No partido, a insatisfação com o PSDB é grande. O DEM sentiu-se abandonado pelo aliado no processo de criação do PSD, principalmente pelos dois principais nomes tucanos. José Serra é próximo de Gilberto Kassab, enquanto Aécio Neves não conseguiu impedir a saída do DEM do deputado Marcos Montes e ainda fez acenos à nova legenda.


A oposição vista como "tímida" de Aécio no Senado também é um motivo de descontentamento entre dirigentes do DEM.


Diante disso, o partido cogita dar um grito de independência. O presidente do DEM, José Agripino (RN), vincula o plano para o futuro ao desempenho em 2012. "Tudo depende da eleição municipal Vamos fazer alianças de acordo com o que as conveniências partidárias recomendam e as afinidades ideológicas permitem."


Uma amostra desta busca de independência em relação aos tucanos em 2012 é a negociação com o PMDB para apoiar Gabriel Chalita em São Paulo no momento em que PSDB e PSD ensaiam conversas.


O nome mais falado dentro do partido para uma candidatura em 2014 é o do líder no Senado, Demóstenes Torres (GO). Ele tem mandato até 2018. Poderia, portanto, disputar e não ficar sem cargo em caso de derrota. Os aliados o veem ainda como o mais adequado ao perfil do eleitor revelado na pesquisa. Negando se colocar como o nome do partido, ele é um dos maiores entusiastas da candidatura própria.


"Partido não pode ficar sempre com vice. Isso faz você perder a militância e ficar sem bandeiras. Acho que o DEM tem de ter candidatura própria a tudo, a prefeito, a governador e a presidente", diz Demóstenes.


O líder do partido na Câmara, ACM Neto (BA), destaca não haver um "alinhamento automático" com o PSDB. Para ele, o DEM precisa reformular a sua comunicação para se aproximar do eleitor e se viabilizar como uma alternativa. Segundo ele, o DEM tem de investir em seus dogmas e buscar novas formas de mobilização social.


Animado com o resultado obtido no levantamento feito com os eleitores, o DEM quer aprofundar as consultas em busca da definição de um discurso que atenda ao desejo dos brasileiros. O próximo passo é a realização de pesquisas qualitativas, onde o nível de detalhe das respostas é maior. As suas lideranças vão também intensificar as viagens pelo País em busca de, pelo menos, repetir o resultado de 2008, quando elegeu mais de 500 prefeitos e ficou na quinta posição entre os partidos do Brasil. Se conseguir sucesso, aumentará o seu cacife eleitoral e terá mais condições de colocar em prática seu plano para 2014.


Fonte:O Diário de Mogi