domingo, 16 de outubro de 2011

Distante de tucanos, DEM ameaça voo solo em 2014

Isolado pelos tucanos, DEM prepara voo solo em 2014
Dirigentes da sigla não apostam em aliança com Aécio Neves nem com José Serra; senador Demóstenes Torres (GO) é um dos nomes cotados para a disputa


EDUARDO BRESCIANI / BRASÍLIA - O Estado de S.Paulo
Lutando pela sobrevivência, o DEM ameaça abandonar a aliança tradicional com o PSDB e lançar um candidato próprio nas eleições presidenciais de 2014. O partido foi o maior perdedor com o surgimento do PSD do prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, e não vê nos dois principais presidenciáveis do parceiro, o senador Aécio Neves e o ex-governador José Serra, a expectativa de um projeto conjunto de poder.


Dirigentes do partido se ressentem de sequer terem sido procurados por Aécio, que em entrevista ao Estado no domingo passado deixou clara a intenção de disputar a Presidência em 2014.


Isolado e com pouca interlocução com os tucanos, o DEM tenta se reconstruir nas eleições municipais e estruturar um voo solo para o futuro. A única vez que a legenda disputou a Presidência da República foi em 1989, com Aureliano Chaves. Na época, o partido se chamava PFL.


O projeto de uma candidatura própria, ainda embrionário, tem como base uma pesquisa feita em agosto na qual se verificou que discursos da sigla, como maior rigor nas ações de segurança e menos impostos, encontram eco no eleitorado. Para o DEM, existe um eleitor órfão de uma alternativa mais à direita.


Insatisfação. No partido, a insatisfação com o PSDB é grande. O DEM sentiu-se abandonado pelo aliado no processo de criação do PSD, principalmente pelos dois principais nomes tucanos. José Serra é próximo de Gilberto Kassab, enquanto Aécio Neves não conseguiu impedir a saída do DEM do deputado Marcos Montes e ainda fez acenos à nova legenda. A oposição vista como "tímida" de Aécio no Senado também é um motivo de descontentamento entre dirigentes do DEM.


Diante disso, o partido cogita a independência. O presidente do DEM, José Agripino (RN), vincula o plano para o futuro ao desempenho em 2012. "Tudo depende da eleição municipal. Vamos fazer alianças de acordo com o que as conveniências partidárias recomendam e as afinidades ideológicas permitem." Uma amostra desta busca de independência em relação aos tucanos em 2012 é a negociação com o PMDB para apoiar Gabriel Chalita em São Paulo no momento em que PSDB e PSD ensaiam conversas.


Cotado. O nome mais falado dentro do partido para uma candidatura em 2014 é o do líder no Senado, Demóstenes Torres (GO). Ele tem mandato até 2018. Poderia, portanto, disputar e não ficar sem cargo em caso de derrota. Os aliados o veem ainda como o mais adequado ao perfil do eleitor revelado na pesquisa. Negando se colocar como o nome do partido, ele é um dos maiores entusiastas da candidatura própria.


"Partido não pode ficar sempre com vice. Isso faz você perder a militância e ficar sem bandeiras. Acho que o DEM tem de ter candidatura própria a tudo, a prefeito, a governador e a presidente", diz Demóstenes.


O líder do partido na Câmara, ACM Neto (BA), destaca não haver um "alinhamento automático" com o PSDB. Para ele, o DEM precisa reformular a sua comunicação para se aproximar do eleitor e se viabilizar como uma alternativa.


Animado com o resultado obtido no levantamento feito com os eleitores, o DEM quer aprofundar as consultas em busca da definição de um discurso que atenda ao desejo dos brasileiros. O próximo passo é a realização de pesquisas qualitativas. As lideranças da sigla vão também intensificar as viagens pelo País em busca de, pelo menos, repetir o resultado de 2008, quando elegeu mais de 500 prefeitos e ficou na quinta posição entre os partidos.


Fonte:O Estado de S.Paulo