quinta-feira, 12 de abril de 2012

Ideli vai explicar sobre lanchas



RESPOSTA Em nota, Ideli negou qualquer envolvimento com irregularidades na compra das lanchas


BRASÍLIA
Com a ajuda da base aliada, a Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara aprovou ontem a convocação da ministra das Relações Institucionais, Ideli Salvatti, para explicar as denúncias de irregularidades na compra de 28 lanchas pelo Ministério da Pesca e Aquicultura, publicadas pelo jornal "O Estado de S. Paulo" há duas semanas.


Insatisfeitos com a demora na liberação de verbas orçamentárias, no preenchimento de cargos de segundo escalão e com a decisão do Palácio do Planalto de apoiar a criação da CPI do Cachoeira, deputados aliados resolveram votar a favor da convocação da ministra, derrotando o governo por oito a sete na Comissão. A data do depoimento da ministra não foi ainda marcada.


A vitória da oposição só foi possível porque cinco deputados da base governista - dois do PP, dois do PR e um do PMDB - votaram pela convocação de Ideli. "Foi uma derrota apertada e equivocada. Tivemos parlamentares da base do governo que votaram a favor da convocação, o que identifica um problema político. Foi também um problema de quórum porque deputados do PMDB foram embora da sessão", lamentou o vice-líder do governo, Odair Cunha (PT-MG).


"Eu diria que foi uma mistura de vacilo, cochilo do governo com a insatisfação da base aliada", resumiu o deputado Vanderlei Macris (PSDB-SP), autor do requerimento de convocação da ministra.


Em nota divulgada ontem pelo Ministério das Relações Institucionais, Ideli negou qualquer envolvimento com irregularidades na compra das lanchas. Ao garantir não ter relações com a Intech Boating, a ministra argumentou que nos cinco meses em que esteve à frente do Ministério da Pesca "não assinou e não firmou nenhum novo contrato ou convênio".


"Devido aos deveres intrínsecos ao cargo, executou os contratos e convênios sobre os quais não recaíam quaisquer vetos dos órgãos fiscalizadores", diz a nota. A ministra afirmou ainda que sua campanha ao governo de Santa Catarina não foi beneficiada com doações da Intech Boating.


A convocação de Ideli Salvati foi aprovada depois que a Comissão de Fiscalização e Controle desistiu de votar requerimento de convocação do ministro da Saúde, Alexandre Padilha. Por interferência do líder do PMDB, deputado Henrique Eduardo Alves (RN), que foi pessoalmente à Comissão, o pedido para arguir Padilha não foi votado.


Em troca, o líder garantiu que o ministro da Saúde irá comparecer na semana que vem à Comissão para explicar as denúncias envolvendo um ex-assessor do ministério e hospitais federais do Rio. A posição de Alves irritou, no entanto, os peemedebistas, que preferiram se retirar da Comissão e não votaram na convocação de Ideli, permitindo a vitória da oposição.


Há 13 dias, o Grupo Estado revelou a existência de contrato para a compra de 28 lanchas-patrulha em operação casa com uma doação eleitoral para Ideli, então candidata ao governo de Santa Catarina. As lanchas foram encomendadas por R$ 31 milhões pelo Ministério da Pesca em 2009, e parte da conta - R$ 5,2 milhões - foi paga já na gestão de Ideli à frente da pasta.


O Grupo Estado também mostrou que o dono da fabricante das lanchas, a Intech Boating, doou a pedido do ministério R$ 150 mil ao comitê financeiro do PT de Santa Catarina, que bancou 81% dos custos da campanha derrotada de Ideli ao governo.


Fonte:O Diário de Mogi