domingo, 27 de novembro de 2011

Eles trabalham na AL. Trabalham?

cabide Prédio da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, onde deveriam trabalhar os assessores que nem sequer aparecem por lá

SÃO PAULO
Funcionária comissionada na 2ª secretaria da Assembleia Legislativa de São Paulo desde março de 2009, a estudante de Publicidade Camila Joly, moradora da cidade de Santa Gertrudes, a 160 km de São Paulo, afirma que viaja todos os dias à capital paulista para exercer seu cargo na sede do Palácio Nove de Julho. O chefe da secretaria, Edinilson Vicente, superior de Camila, no entanto, assegura que ela trabalha no gabinete estendido do deputado Aldo Demarchi (DEM), 2.º secretário, em Rio Claro.

Na quinta-feira, a reportagem alcançou Camila pelo telefone na sede do jornal "A Cidade", de Santa Gertrudes, onde ela trabalha como repórter. "Na verdade eu trabalho aí mesmo (em São Paulo). Mas eu presto alguns serviços aqui, como se fosse um bico. Vou todos os dias para São Paulo. É que hoje calhou de você ligar e eu estar aqui", disse Camila, que também faz faculdade em Rio Claro. Demarchi não atendeu as ligações em seu celular.

Exemplo da falta de controle de presença dos funcionários e da falta de dispositivos para que o cidadão fiscalize as atividades que desempenham, situações semelhantes à de Camila se repetem em gabinetes, lideranças partidárias e na Mesa Diretora da Assembleia: funcionários que passam dias a fio sem aparecer na Casa, assessores que - supostamente - cumprem jornada dupla em cidades muito distantes, falta de transparência, ocupantes de cargos comissionados que garantem cumprir jornada na Casa todos os dias, mas que raro ou nunca são vistos.

Lotado na liderança do PSDB há quase três anos, Bruno Siniauskas é gerente comercial de uma fábrica de peças para o setor automobilístico em Matão, a 300 km da capital. Além disso, é representante de uma empresa em Osasco, segundo seu padrinho político, deputado Celso Giglio (PSDB). Apesar disso, Giglio diz que ele consegue tempo para representá-lo politicamente.

Na primeira tentativa de contato telefônico, feita na quinta-feira, a reportagem localizou Siniauskas na fábrica. Ao ser indagado sobre como conciliava todas as ocupações, pediu que a reportagem ligasse no dia seguinte. Não atendeu mais às ligações.

Na 3ª vice-presidência, o PMDB emprega o diretor da Rede Interlagos de Televisão, José Luis Borsato, que sustenta que vai todos os dias à Casa, onde não tem nem sequer uma mesa. Na 3.ª vice, a versão é diferente. Borsato raramente aparece por lá porque a maior parte de sua atuação é em atividades externas do deputado Jooji Hato (PMDB).

Éverson Inforsato é funcionário de confiança da liderança do PT. Ex-secretário do deputado Edinho Silva, Inforsato é diretor das categorias de base da Ferroviária, tradicional clube de futebol. Líder do PT, Ênio Tatto justifica a contratação afirmando que o trabalho dos assessores não se resume ao gabinete.

Fonte:O Diário de Mogi