sábado, 23 de julho de 2011

Crise no governo derruba petista

FORA Primeiro petista a cair devido à crise no Ministério dos Transportes, Hideraldo Caron deixa o posto

BRASÍLIA

Primeiro petista a cair devido à crise no Ministério dos Transportes, o diretor de Infraestrutura Rodoviária do Departamento de Infraestrutura de Transportes (Dnit), Hideraldo Caron, deixou o posto ontem defendendo a atuação da autarquia. Caron pediu demissão depois de o jornal "O Estado de S.Paulo" revelar sua atuação para liberar R$ 30 milhões para a construção de casas em Canoas (RS), cidade administrada pelo prefeito Jairo Jorge (PT).

O dinheiro, no entanto, destinado a estradas. O contrato foi celebrado mesmo com pareceres contrários da Advocacia-Geral da União (AGU).

Caron saiu por pressão da presidente Dilma Rousseff. Ele tentou negociar sua permanência com o ministro Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral), mas a presidente Dilma mandou que saísse.


Defesa

Em entrevista, ontem, depois de entregar a carta de demissão ao ministro Paulo Sérgio Passos (Transportes), Caron fez uma extensa defesa da gestão do Dnit e disse que as denúncias de irregularidades se devem ao volume de obras da autarquia. "O Dnit melhorou muito. Com o volume de obras que temos, o nível de irregularidades que tivemos é muito pequeno".

Questionado se concordava com a "faxina" feita pela presidente que já levou à saída de 17 pessoas da cúpula dos Transportes, o diretor afirmou que muitas das demissões eram "desnecessárias". Disse, porém, não guardar ressentimentos por entender que há uma decisão política de reestruturar a área. "As circunstancias políticas estão levando a este epílogo. Isso é natural, não estou nem um pouco desanimado ou desiludido com isso".

Afirmou que "não há nada de concreto" nas denúncias veiculadas contra a cúpula da área e se colocou a disposição para ficar e ajudar numa "transição" no órgão.

Sobre a construção de casas em Canoas, Caron disse que a medida foi tomada para atender a obrigações previstas na licença da obra da rodovia BR-448. Afirmou que optou por realizar um convênio com a prefeitura para reduzir o preço da remoção de famílias que moram na chamada "Vila do Dique". Chegou ainda a chamar de "altruísta" o prefeito Jairo Jorge por ceder o terreno para a construção das casas.

Caron tentou dar a sua saída a interpretação de dever cumprido. Ele afirmou que escolheu anunciar a saída ontem porque concluiu na quinta junto com a equipe do ministério dos Transportes uma redução no orçamento de obras do Dnit no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Segundo ele, a redução foi pedida pela própria presidente Dilma em reunião no mês passado.

A proposta entregue a Dilma na quinta prevê reduzir de cerca de R$ 72 bilhões para algo "entre R$ 58 e R$ 60 bilhões" o orçamento das obras do órgão no PAC, de acordo com Caron. Essa redução de até R$ 14 bilhões se deve ao enxugamento de obras. "Numa determinada obra o projeto prevê a implantação de cinco viadutos, ao invés de cinco faremos dois", explica. A proposta do Dnit teria ainda a retirada de obras do programa.

Fonte:O Diário de Mogi