domingo, 6 de maio de 2012

Para boi dormir



CPI antecipa depoimento de Carlinhos CachoeiraSe há uma instituição que ainda tem muito respeito da população no Brasil, esta é a Imprensa. E esta vai continuar denunciando os picaretas, sim, sempre, doa a quem doer
Alguém ainda acredita que alguma CPI tocada pelos políticos em Brasília deve ser levada a sério? Difícil, principalmente pelo fato de que a maioria acaba em pizza, em nada, é só holofote para lá e para cá e sempre, no fundo, tem algum outro motivo por trás para o estardalhaço que alguns aproveitam para fazer, como, por exemplo, interesse próprio ou simplesmente manobra para tirar de foco coisa pior.

Desde que estourou o escândalo do bicheiro Carlos Cachoeira e, o que foi de lascar e de se lamentar, o envolvimento do senador Demóstenes Torres, até então um dos poucos paladinos da Justiça no âmbito do Senado, ouve-se falar que os governistas, aliados do PT e também os amigões do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva estão doidinhos para fazer essa CPI andar. Duas razões: para que desafetos (políticos do outro lado e também a mídia) sejam pegos pelas investigações e para que as notícias, claro, porque elas virão em cascata, possam ofuscar o "brilho" do julgamento do maior escândalo político nunca antes visto na história desse país, o do mensalão, que está para começar.


Aliás, desde o ano passado, o ex-presidente Lula prometeu para si e para seus asseclas desconstruir a história da propina que os políticos receberam por mês no começo de seu primeiro mandato. Lula prometeu, como missão de fé, provar para o Brasil que o mensalão "não existiu", que tudo aquilo que os brasileiros viram e ouviram foi uma "invenção das elites e da Imprensa golpista".


Desde que estourou o mensalão que o PT e Lula não engolem a Imprensa. Antes, quando o ex-operário e agora ex-presidente estava do lado de lá do balcão, ou seja, quando era oposição, não tinha vergonha nem restrição ou desconfiança alguma para fazer chegar aos jornalistas dossiês e denúncias contra o governo do momento. O partido, que carregava a bandeira da ética, a reboque da mídia, achava lícito tudo que poderia colocar em apuros os adversários. Depois, do lado de cá do balcão, mudou de posição e, na caradura, passou a voltar suas baterias contra a Imprensa e contra todos que se acham no direito de ousar pensar do contrário, de não concordar com a "cumpanheirada".


Também não é de se estranhar, agora, que o partido queira, por meio da CPI do Cachoeira, envolver a Imprensa no balaio de gatos dos bandidos do colarinho branco, especialmente jornalistas que nunca aceitaram o cabresto que o PT tenta impor à opinião brasileira desqualificando qualquer um que vá na contramão de sua ideologia, hoje mais parecida a um monstrengo, tamanho os rombos abertos nos flancos, como a ética corrompida com a política do "é dando que se recebe", do acobertamento de gente malandra, do alinhamento a políticos rechaçados no passado, como, por exemplo, Fernando Collor, hoje aliado dos petistas e outro rancoroso e raivoso contra a Imprensa (por que será?).


Os petistas prometem investigação, doa a quem doer, na CPI do Cachoeira. O relator da CPI, Odair Cunha, é do PT. Ele promete ir fundo, mas sem generalizar: "É preciso individualizar condutas. Quer seja entre alguns membros da Imprensa, membros do empresariado brasileiro, membros do Congresso Nacional, agentes de governos municipais e estaduais e agentes do governo federal. Essas condutas que, individualizadas, serviram à organização criminosa, têm que ser investigadas por nós". Se metade desse povo aí tiver culpa no cartório, alguém será punido? Por enquanto, tentam enlamear a mídia com a sujeira que engole a política. Mas, podem ter certeza, não vai dar certo. Se há uma instituição que ainda tem muito respeito da população no Brasil, esta é a Imprensa. E esta vai continuar denunciando, sim. Pressões, ameaças, entre outras artimanhas, fazem parte do jogo. O resto, esse teatrinho que chamam de CPI, é conversa para boi dormir.


Fonte:Mogi News