quarta-feira, 21 de março de 2012

PR retira o governo Dilma da TV



FIRMEZA Para Nascimento, não haverá posição dúbia a partir de abril


BRASÍLIA
Para forçar negociação com o Planalto, o PR não fará qualquer menção ao governo da presidente Dilma Rousseff das 40 inserções de 30 segundos do partido que serão divulgadas nos meses de maio e junho. Uma reunião da direção nacional com os presidentes regionais do partido decidiu que todo o conteúdo será preenchido apenas por representantes locais da legenda. No ano passado, ainda no governo, o PR destinou sua propaganda ao governo federal.


Na reunião realizada ontem, o partido decidiu ainda que entre o final deste mês e o início de abril decidirá qual posição terá em relação ao governo da presidente Dilma Rousseff. Por enquanto, o Senado pratica o que os senadores chamam de "oposição independente"; os deputados, um "apoio independente".


De acordo com o presidente da legenda, senador Alfredo Nascimento (AM), não haverá posição dúbia a partir do mês que vem. Antes, ele vai ouvir os dois lados. E aguardar possíveis acenos do governo para que o PR volte à base de apoio da presidente Dilma. Poderá optar por uma posição independente.


Qualquer que seja o lado que o PR optar - se oposição, governo ou independência - ficou acertado com os presidentes regionais do partido que na eleição de municipal de outubro não haverá privilégios ao PT. "O partido fará coligações e alianças com legendas que nos oferecerem espaço. Porque é na eleição municipal que começamos a montar a base da eleição de 2014, quando garantimos nosso tempo de propaganda na TV e no rádio", disse Alfredo Nascimento.


Ele lembrou que o PR tem hoje um bom tempo na propaganda política. Por isso mesmo, há ofertas de noivado e casamento por parte de todos os partidos, em todas as cidades. Em São Paulo, o PR tem entre três a quatro minutos a oferecer ao candidato com o qual fizer coligação. A tendência é que fique com Gabriel Chalita (PMDB) ou José Serra (PSDB).


Uma aliança com Fernando Haddad, do PT, é tida como descartada pela direção do partido, que já falou até em lançar o deputado Tiririca para concorrer à prefeitura.


Alfredo Nascimento, que foi ministro dos Transportes até julho - saiu na esteira de um escândalo na área dos transportes -, disse que hoje "a articulação política do governo está muito perdida, porque não existe interlocução." Ele afirmou que o PR cansou de esperar pelo governo, porque já se passaram nove meses e Dilma não definiu qual pasta o partido terá.


"Posso dizer que a interlocução está um horror", afirmou. Agora, segundo ele, se o governo quiser conversar, terá que procurá-lo, por ser o presidente da legenda.


O PR tem sete senadores e 36 deputados. É um número de votos que nenhum presidente da República costuma desprezar, principalmente em projetos polêmicos. Dilma Rousseff, no entanto, não tem mostrado boa vontade com o partido, segundo Alfredo Nascimento.


O líder do governo no Senado, Eduardo Braga (AM), procurou ontem o líder do PR, Blairo Maggi (MT), na tentativa de iniciar novas conversações para reaglutinar a base de apoio. Braga disse a Maggi que é preciso tentar estabelecer um diálogo, por menor que seja. Resolveu até apelar para a velha amizade entre os dois. Disse que se conhecem há mais de 20 anos, e que isso é uma vantagem para a retomada das negociações.


Mas, segundo Nascimento, o PR se cansou das promessas de líderes e articuladores, "que não levam a nada". Se tiver de conversar, tem de ser com a presidente. Ou, então, com alguém que apresente uma proposta concreta para a volta do partido à base.


Ao ser procurado por Eduardo Braga, Blairo Maggi insistiu que a posição do partido não é de luta por cargos. De forma clara, ele tem uma posição menos conciliadora do que a do presidente do PR, o ex-ministro Alfredo Nascimento, que tem esperança num aceno da presidente da República.


Fonte:O Diário de Mogi