quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Relatório revela 5 falhas em aterro


Alexandre Barreira
O relatório da Pastoral da Criança ligada à Diocese de Mogi das Cruzes, que engloba 10 municípios do Alto Tietê, e que reforça o pedido de encerramento das atividades do Aterro Santiário da Pajoan, em Itaquaquecetuba, aponta cinco irregularidades cometidas pela empreiteira no local, além do registro de óbito de 12 bebês e crianças entre outubro de 2010 a junho de 2011. A Pastoral suspeita de que estas mortes possam ter ocorrido pela proximidade das famílias com o aterro sanitário.


O relatório assinado pelo padre Sidnei Quenji Ito, da Paróquia Cristo Redentor do Homem, do Bairro Caiuby, em Itaquá, foi encaminhado ao escritório regional da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb), que deverá pedir explicações à empreiteira sobre as irregularidades.


"Há uma série de irregularidades no Aterro da Pajoan e pedimos que sejam tomadas providências sobre o descaso com os moradores dos bairros Jardim Nicéia, Jardim Pinherinho e Josely", frisou Ito.


De acordo com o documento que foi entregue à Cetesb, foram constatadas as presenças de camihões da Pioneira no aterro sanitário. "Esta empresa lida com materiais hospitalares de alto risco de contaminação e que deveria ser incinerado em local próprio e não ser levado ao aterro", afirmou o padre.


Outra denúncia feita pela Pastoral é o decarregamento de lixo sem reciclagem prévia na área do desmoronamento com risco para a Estrada José Scobin e na Rodovia Ayrton Senna.


"Há ainda o descarte de terra em outras áreas do aterro da Pajoan provenientes de Guarulhos, do outro lado da Rodovia Ayrton Senna, sem segurança. "Existe um risco grande de desmoronamento e possível aterramento de nascente", explicou.


O relatório da Pastoral indica ainda que houve desmatamento de mata nativa na travessa da Rua Cobaldo, no Parque São Pedro, além de depósito de terra no local pela empresa Delta Terraplanagem. "Foi constatado material farmacológico no entulho do local. Até anexamos fotos para que a Cetesb possa verificar", frisou o padre.


Outros problemas também são relatados nas proximidades da Estrada do São Bento, no Jardim Dilly, como desmatamento e derrubada de árvore da espécie Araucária e danificação do asfalto na região próxima à ponte ferroviária onde consta a placa da Secretaria do Meio Ambiente.


"Tivemos que produzir este ‘dossiê’ porque já fizemos inúmeras reclamações à Secretaria de Meio Ambiente de Itaquaquecetuba, mas nada foi feito. E também não se manifesta contrária a estas situações", salientou o padre.


Ito acredita que cerca de 50 mil pessoas vivam nos bairros das imediações do aterro sanitário da Pajoan, em Itaquaquecetuba.


Em abril de 2011, o empreendimento foi interditado pela Justiça após a explosão de 450 toneladas de lixo no local. Desde esta data, a empreiteira foi multada em aproximadamente R$ 1,3 milhão, reflexo de 12 advertências, 15 multas e um embargo.


O Ministério Público e a Cetesb não se manifestaram ainda sobre as denúncias feitas pela Igreja Católica contra a Pajoan.


Fonte:O Diário de Mogi