quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Dia de luto Ale Rocha morre após transplante

Jornalista mogiano esperou 2 anos pela cirurgia, que foi realizada na semana passada. Porém, não resistiu
Luana Nogueira
Da Reportagem Local
Daniel Carvalho

Ale lutava contra a doença há 6 anos. Campanha obrigou governo do Estado a fornecer remédio
O dia amanheceu mais triste para as pessoas que conheciam, conviviam ou acompanhavam o jornalista e blogueiro Ale Rocha. Aos 35 anos, ele morreu ontem, por volta das 7 horas, no Instituto do Coração (Incor), na capital. Segundo boletim oficial do hospital, a morte foi em decorrência de uma disfunção nos pulmões transplantados na última quarta-feira. Há seis anos, ele estava em tratamento contra hipertensão pulmonar, doença rara, crônica e fatal. O sepultamento será hoje, às 8 horas, no cemitério Parque das Oliveiras, mesmo local do velório, na Vila Oliveira.Há dois anos, Ale Rocha estava na fila do transplante de pulmão e no último dia 30 passou pela cirurgia. O Incor informou que ele teve uma boa evolução imediata logo após o transplante, mas nos últimos três dias o blogueiro não apresentou uma adaptação aos novos pulmões.


Rocha era conhecido em toda a região por causa da incessante luta contra a hipertensão pulmonar e por causa de sua determinação em dialogar sobre as diversas questões de Mogi das Cruzes. O jornalista colaborou por dez meses como colunista do Mogi News, durante o período de maio de 2010 até março deste ano, com seus artigos. Deixou de escrever por causa das complicações de saúde. A doença, afinal, era irreversível. Sua única esperança era o transplante. 
O jornalista participou também como comentarista do reality show "A Fazenda", da Record. Ele criou o "Poltrona", considerado o maior blog independente sobre TV no Brasil. Era paulistano, mas escolheu viver em Mogi. Em março deste ano, a Câmara aprovou o título de Cidadão Mogiano como homenagem ao jornalista. Ale, porém, não teve tempo de recebê-lo.


Entre várias lutas que travou contra a hipertensão pulmonar, se destaca a briga com o governo do Estado de São Paulo para receber o Iloprost, medicamento de alto custo de grande importância para seu tratamento. O caso ocorreu em 2010 e tomou proporções nas redes sociais até que o então governador José Serra (PSDB) utilizou o Twitter para anunciar a entrega do medicamento para o jornalista.


Para os amigos, Ale Rocha, pai do menino João Vitor, era uma pessoa que lutava por aquilo que era certo, não tinha papas na língua e era um empreendedor. A campanha sobre doação de órgãos e a melhoria na saúde pública foram questões recorrentes nas entrevistas, comentários e postagens suas nas redes sociais. A consultora de empresas, autora do blog Lounge Empreendedor e colaboradora do Mogi News, Ana Maria Magni Coelho, contou que se inspirou no trabalho de Rocha para criar seu próprio blog. "Ele foi um grande empreendedor da vida. Usava o Twitter como ferramenta de expressão, não só de comunicação. Ele levantou grandes discussões na rede", declarou. "Ele falou com competência sobre a importância da doação de órgãos de uma forma muito mais ampla".


A jornalista Marilei Schiavi lembrou do colega e do companheiro de profissão. "Tinha um carinho especial por ele como profissional. O Ale acabava mostrando os assuntos da cidade e participava com frequência do programa ´Meninos da Marilei´. Ele mandava emails e apontava caminhos importantes. Foi uma grande perda", ressaltou. 
"Ele era polêmico. Não tinha problema de emitir opinião e não ligava para nariz torto. Levantou a bandeira da importância da conscientização da doação de órgãos, do tratamento de câncer e da qualidade de vida e saúde das pessoas".


O advogado Laerte Moreira disse que a persistência de Rocha deve ficar como exemplo para todos. "O grande legado que ele deixa é não se abater diante das dificuldades, apesar de tudo. Ele era convicto de que ia conseguir viver. Junto com o filho, olhava para o futuro, apesar dos transtornos da medicação", contou.




Fonte:Mogi News