quarta-feira, 19 de outubro de 2011

GM abre demissão voluntária

SÃO PAULO

Pouco mais de um mês após a publicação do decreto que aumentou o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para automóveis importados, medida que beneficia as montadoras instaladas no País, a General Motors iniciou ontem um Programa de Demissão Voluntária (PDV).


O pacote é direcionado aos trabalhadores da área administrativa (mensalistas) de todas as fábricas do grupo e ao pessoal da área produtiva (horistas) da unidade de São José dos Campos (SP). A GM tem mais de 22 mil trabalhadores no País.


A empresa não informou número de adesões pretendido, nem benefícios a serem pagos. Para o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos, Vivaldo Moreira Araújo, o PDV não se justifica. "Mostra que as medidas de incentivo à indústria, tomadas pelo governo federal, beneficiam apenas as empresas, nunca os trabalhadores", disse Araújo.


Segundo o presidente da GM América do Sul, Jaime Ardila, o PDV não está relacionado à desaceleração das vendas de carros e aos altos estoques da indústria como um todo, suficientes para 36 dias de vendas. "Trata-se de uma redução permanente para simplificar a organização e ficarmos mais competitivos", disse.


O aumento do IPI em 30 pontos porcentuais para carros que não tiverem 65% de peças locais foi anunciado como medida provisória (vale até o fim de 2012), até que o governo e a indústria consigam desenhar uma política industrial que melhore a competitividade do setor.


De acordo com Ardila, o corte entre o pessoal mensalista visa obter maior agilidade e eficiência e reduzir custos. Em relação ao corte de horistas na unidade de São José dos Campos, informou estar relacionado ao fato de a empresa ter concentrado a produção de novos modelos nas fábricas de São Caetano do Sul (SP) e Gravataí (RS), "onde estamos aumentando as contratações". Em São José são feitos os modelos Blazer, Classic, Corsa, Meriva, S10 e Zafira.


Araújo vê o PDV como medida contraditória pois, segundo ele, não representa a realidade vivida na fábrica. "A linha de produção está mantendo seu ritmo, de 850 veículos por dia. Para se ter uma ideia, trabalhadores estão sendo chamados para fazer horas extras aos sábados", disse. A filial tem 9 mil empregados.


Em nota, a GM disse que a medida é baseada "na intensa competitividade do mercado brasileiro de automóveis, além dos crescentes custos de mão de obra, matérias-primas e insumos em geral, e uma concorrência assimétrica gerada entre outros fatores por uma guerra cambial."


Fonte:O Diário de Mogi