quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Filho de Kadafi tenta negociar com rebeldes


TRÍPOLI
Insurgentes líbios informaram no começo da noite de ontem que o ex-ministro das Relações Exteriores do governante Muamar Kadafi foi detido perto de Tripoli. "Abdelati al-Obeidi foi detido hoje, perto de Janzur", disse Mahdi al-Harati, vice dirigente do conselho militar dos insurgentes.


A detenção ocorre no mesmo dia em que dois filhos do coronel enviaram mensagens contraditórias sobre o conflito civil líbio e o destino de Kadafi. Seif al-Islam, um dos filhos de Kadafi, prometia continuar lutando até a morte e dizia que ninguém iria se render, segundo uma mensagem de áudio atribuída a ele e levada ao ar pela emissora de televisão Al-Rai. Na mensagem, Seif al-Islam dizia estar na periferia de Trípoli e afirmava que seu pai estava bem.


Pouco antes, um de seus irmãos, Al-Saadi, declarava-se pronto para dialogar com os rebeldes do Conselho Nacional de Transição com o objetivo de interromper o derramamento de sangue.


"Nós morreremos na nossa terra", disse Seif al-Islam. "Ninguém vai se render". Já Al-Saadi disse mais cedo que "a coisa mais importante é interromper a carnificina". As declarações de Al-Saadi foram feitas à televisão estatal da Arábia Saudita. A voz de Seif al-Islam era facilmente reconhecida, mas foi mais difícil confirmar a autenticidade da voz de Al-Saadi.


O porta-voz de Kadafi, Moussa Ibrahim, rejeitou ontem um ultimato dos rebeldes para que os partidários de Kadafi se rendam até o sábado ou enfrentem um amplo ataque. "Nenhuma nação digna aceitaria um ultimato dado por gangues armadas", disse Ibrahim.


Mais cedo, ontem, um comandante dos insurgentes em Tripoli, Abdel Hakim Belhaj, disse que Al-Saadi tentava negociar termos para a própria rendição, se sua segurança fosse garantida. Quando questionado sobre essas afirmações, Al-Saadi disse que conversou com Belhaj e vários oficiais das forças insurgentes, mas afirmou que ofereceu a rendição apenas para que a carnificina chegue a um fim, não em troca de garantias pessoais.


As declarações contraditórias são feitas no momento em que as forças dos insurgentes pressionam os partidários de Kadafi nas suas últimas cidades, Sirta, Bani Walid e Sabha. Kadafi está escondido desde a semana passada, quando os rebeldes tomaram Tripoli. A quinta-feira, 1º de setembro, marcará o 42º aniversário do golpe de Estado de Kadafi, quando ele liderou um grupo de militares que derrubaram a monarquia do rei Idris I, o qual fugiu para Roma.


Al-Harati confirmou que Al-Saadi negociou a rendição. "Ele está relutante, mas que quiser se render sua vida está segura, se Deus quiser. Se houver um acordo, não haverá problemas", afirmou Al-Harati.


A Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) informou que bombardeou vários alvos perto da cidade natal de Kadafi, Sirta, e de Bani Walid, cidade a sudeste de Trípoli que segundo os rebeldes pode ser um esconderijo do líder fugitivo.


A aliança começou a atacar nas proximidades de Bani Walid na terça-feira, destruindo três lançadores de mísseis terra-terra, um depósito de munição, um tanque e um local onde eram estocados lançadores de foguetes, além de uma base militar não especificada, segundo a atualização diária das operações da Otan.


Um porta-voz da missão militar, coronel Roland Lavoie, disse na terça-feira que a missão liderada pela Otan estava agora voltando-se para "o corredor entre Bani Walid e o limite leste de Sirta". A Otan atacou 35 alvos no entorno de Sirta na segunda-feira e continuou a disparar na área na terça-feira, atingindo 12 veículos com armas, três tanques, um comando, um posto de controle, um radar e outra base militar.


Omar Hariri, chefe de assuntos militares dos rebeldes, disse que Kadafi pode estar escondido em Bani Walid ou nas proximidades da capital. Porém ele ressaltou que, como a Líbia está em um estado de guerra, as informações mudam rapidamente.


Fonte:O Diário de Mogi