domingo, 14 de agosto de 2011

Reis: “Faxina não ameaça sustentação”


Os sucessivos escândalos no governo - resultando, por vezes, no afastamento de apadrinhados de partidos aliados ao Palácio do Planalto - não devem ameaçar a maioria governista no Congresso, na avaliação do cientista político Fábio Wanderley Reis, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Reis considera que a prioridade dos partidos fisiológicos que compõem a base da presidente Dilma Rousseff é manter-se no governo, para usufruir o máximo possível de benesses como cargos e liberação de emendas parlamentares. "Esses partidos, em última análise, não vão colocar fogo no circo", argumenta.


O cenário mais provável para os próximos anos do governo Dilma, na análise do cientista político, é um arranjo "precário e instável" entre Executivo e Legislativo. "Essa é a aposta mais provável, tendo em vista o ânimo briguento da presidente." "Em grande medida, a manutenção desses partidos na base cabe à própria presidente", opina Reis. "Dada sua natureza fisiológica, sobretudo o PMDB, eles não têm nada a ganhar afastando-se do governo. A não ser, é claro, que isso lhes seja imposto."


Por isso, pondera o professor, há espaço para que a presidente "dê um murro na mesa" para demarcar o limite dos partidos aliados em seu governo. Segundo ele, "se o murro não for forte demais", haverá tolerância. Centrão. Reis discorda da tese do filósofo Marcos Nobre, que vê o risco da formação de um novo "centrão", como forma de reação à postura anticorrupção de Dilma "Acho muito improvável", pondera. "Temos a formação da base governista desde a gestão de Fernando Henrique Cardoso."


Em sua opinião, contudo, há "falta de habilidade" na articulação política - evidenciada pela demora no envio da Desvinculação das Receitas da União (DRU) ao Congresso. A medida autoriza o governo a gastar livremente, até 2015, 20% dos recursos arrecadados com impostos, e é vista como fundamental para a gestão orçamentária.


O cientista político avalia que "falta projeto" à maior parte das siglas que compõem a bancada governista para que elas migrem para a oposição. Ele reconhece, contudo, que há o risco de a base dificultar a gestão econômica, sobretudo se houver necessidade de cortes de gastos. "É uma situação complexa, porque o Brasil precisa manter a cabeça fora d’água para respirar, se a crise nos atingir."


Para ele, é "ingênuo" o pedido do governo, feito em um encontro na quarta-feira entre a presidente e líderes governistas no Congresso, para que os parlamentares colaborem no combate à crise. "Há uma preocupação de repetir o sucesso econômico do governo Lula", diz Reis.


Fonte:Mogi News