terça-feira, 12 de julho de 2011

Famílias precisam deixar V. Oroxó

Vila Oroxó Apesar do risco de deslizamento, famílias lamentam a necessidade de sair de suas casas


Mariana Leal



Há 25 anos, Estela Geraldo de Siqueira, de 65, mora na Rua Ofélia Cirino Malozze, na Vila Oroxó, no Rodeio. No início, segundo ela, o "barraquinho" era de madeira e um mandiocal cobria boa parte da área hoje considerada de risco pela Secretaria Municipal de Segurança Pública e Defesa Civil já que o barranco onde os imóveis foram construídos ameaçou ceder em janeiro deste ano. Por viver todo este tempo no local e nunca ter sentido na pele o problema de desmoronamentos, ela considera dispensável a mudança imposta pela Administração Municipal no começo do ano, durante o período de chuvas. Assim como ela, outros moradores do Bairro lamentam a saída de suas casas, mas garantem que, caso realmente seja preciso, se mudarão para os apartamentos do programa "Minha Casa, Minha Vida", assim que as unidades forem liberadas.


"Tinha comprado R$ 400,00 em piso e iria deixar isso aqui com cara de residência mesmo", brinca. "Sinceramente, não entendo onde está o risco, porque nunca caiu um tijolo na minha cabeça nem nas dos meus netos, que foram todos criados aqui. Mas fizemos o cadastro e estamos esperando. Se precisarmos sair, vamos fazer o quê?", diz Estela.


Reginaldo José dos Santos, 48, mora na casa número 229 há 20 anos e planejava uma reforma para ampliar os cômodos. Algumas paredes foram levantadas e a laje seria feita em fevereiro, mas a carta da Prefeitura informando que teria de sair dali o levou a abortar os planos. "Gosto daqui porque conheço todo mundo, já somos uma família. Fizemos uma Festa Junina há algumas semanas, com direito até a fogueira e todos trouxeram pratos típicos. Se me deixassem ficar aqui, eu não reclamaria, porque se tivermos que morar em apartamentos, não vamos ficar juntos mais. Porém, já fomos cadastrados, assistimos a palestras na Prefeitura e entendemos o risco", ressalta Santos.


O secretário municipal de Segurança, Eli Nepomuceno, informa que o local foi interditado, porém oito famílias permanecem lá, contrariando a interdição e as recomendações da Pasta e da Defesa Civil. Existe um monitoramento periódico desta área e também um contato permanente com moradores do entorno, que comunicam a Prefeitura sempre que há uma situação de perigo, mas como o período agora é de estiagem, os riscos são menores.


"O problema se agrava no período de chuvas, quando o local passa a apresentar risco de deslizamento. De qualquer maneira, mantemos um monitoramento na área, sempre alimentando vínculos com moradores, que nos avisam em qualquer situação de emergência. Esta área especificamente é pública, foi interditada e precisa ser desocupada, mas como o risco agora está menor, por causa da estiagem, estamos evitando adotar uma medida mais radical", declara Nepomuceno.


O secretário lembra, ainda, que as famílias se inscreveram em programas municipais de habitação e as moradoras originais até já saíram. O problema é que os imóveis foram rapidamente reocupados por outras pessoas, que se recusaram a deixá-los. A encosta toda da Vila Oroxó é ocupada por 16 famílias, mas somente estas oito estão em área de risco de deslizamento e tiveram, portanto, os imóveis interditados.


Além da Vila Oroxó, Mogi das Cruzes tem áreas de risco de deslizamento no Jardim Itapety (cerca de 10 famílias), no Botujuru (4 casas) e na Vila Nova União (5 residências), porém não são casos de risco de deslizamento, logo não há imóveis interditados nestes locais e é possível a permanência das pessoas em casa, especialmente agora, no período de estiagem. O local também recebe monitoramento e, naturalmente, ganhará atenção especial no próximo período de chuvas.




Fonte:O Diário de Mogi