quarta-feira, 29 de junho de 2011

Base aliada volta a ameaçar Dilma

ENCONTRO Dilma Rousseff com senadores do PDT, PSB e PCdoB, após almoço no Palácio da Alvorada


BRASÍLIA



A base de sustentação da presidente Dilma Rousseff na Câmara rebelou-se contra a demora na liberação de recursos de emendas parlamentares incluídas no Orçamento de 2009, deu um ultimato ao governo e ameaça não votar mais nada na Casa se os recursos não chegarem a suas bases eleitorais. O primeiro recado prático foi dado ontem. Os aliados decidiram adiar para hoje a conclusão da votação da proposta criando novas regras de licitação para as obras da Copa e da Olimpíada, o chamado Regime Diferenciado de Contratações Públicas (RDC).


A rebelião da base pôs em xeque a articulação política da presidente Dilma, sob o comando da ministra Ideli Salvatti. Ela passou o dia todo zanzando de um lado para o outro, com promessas dúbias. "Levei o pleito dos líderes à presidente Dilma, mas ela está irredutível", explicou Ideli entre um encontro com senadores e outro com deputadas.


Ela almoçou na casa do líder do PMDB, Henrique Eduardo Alves (RN), ouviu cobranças dos 18 líderes dos partidos que formam a base do governo e não conseguiu garantir a liberação do dinheiro das emendas.


Os líderes da base consideram que a solução do impasse é determinante para o sucesso ou não da coordenação comandada por Ideli. Os aliados querem a prorrogação, pelo menos por seis meses, do decreto que cancela em 30 de junho as emendas que não forem liberadas até essa data, um estoque conhecido como "restos a pagar", na linguagem parlamentar.


As críticas ao governo por parte dos partidos aliados costumam ser feitas de forma reservada. No caso atual ninguém esconde a insatisfação. "É preciso liberar o dinheiro", disse o líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE). O projeto nem chegou lá, mas ele já está preocupado com a reação de seus pares. "Se o dinheiro não for liberado a tensão só aumentará", afirmou o líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza (PT-SP).


Para os líderes, Ideli mostrará que tem poder ou não dependendo dessa decisão. Se a presidente prorrogar o decreto, a ministra mostrará que tem poder para bancar a base. Se não resolver, passará a imagem de uma negociadora fraca. Ideli avisou aos aliados que a equipe econômica é contrária à liberação dos recursos.


No empurra-empurra, os aliados disseram que darão um crédito de confiança à ministra até amanhã. Depois disso, eles prometem endurecer com o governo nas votações na Casa. "Se não prorrogar, não tenho como controlar a base", disse o líder Vaccarezza no almoço com a base aliada, na casa de Henrique Alves. Ele ouviu dos líderes que sairá mais caro para o governo não liberar esse pagamento do que pagar para ver.


Os líderes avisaram que se o decreto que vence na quinta-feira não for prorrogado, vão votar em breve o projeto que regulamenta os gastos da União, dos Estados e dos municípios com a área de saúde, conhecido no parlamento como emenda 29, e a votação da proposta de emenda constitucional que cria o piso salarial nacional para as polícias civil, militar e bombeiros, chamada de PEC 300. O dinheiro das emendas, argumentam os líderes da base, não trará despesa extra porque já foi empenhado.


Fonte:O Diário de Mogi