domingo, 8 de maio de 2011

Medo: Pais denunciam caso de bullying

Medo
Pais denunciam caso de bullying
As mudanças no comportamento do estudante foram os princípios indícios de que algo estava errado
Cleber Lazo
Da Reportagem Local
Guilherme Bertti
Pais denunciaram caso na escola do Estado em César de Souza; o filho está relutando em ir às aulas
Os pais de um estudante de apenas 10 anos denunciam que a criança sofre bullying dos alunos mais velhos na Escola Estadual Doutor Rubens Mercadante de Lima, em César de Souza. Desde o início do ano letivo, o garoto já foi agredido duas vezes de forma grave. Na última, bateu a cabeça depois de ser empurrado.
O menino se recusa a ir para a escola com medo de novos atos de violência. Os pais comunicaram o caso à direção da escola e à Diretoria Regional de Ensino, mas nenhuma providência foi tomada. As agressões ocorrem dentro do banheiro.

A mãe da vítima, Elaine Cristina de Oliveira, 29 anos, disse que o filho estudou durante os últimos anos em uma escola municipal e em 2011, quando passou para a 5ª série, foi transferido à instituição de ensino que iria se transformar no palco de mais um caso de bullying. "Ele estranhou a mudança, mas como alguns amigos dele também foram para lá, não nos preocupamos com a adaptação, até os problemas começarem", disse.
As mudanças no comportamento do estudante foram os princípios indícios de que algo estava errado. "Ele passou a reclamar das brincadeiras que aconteciam no banheiro. Dias depois apareceram as primeiras lesões no peito", disse a mãe. Os ferimentos tiveram origem porque os alunos da 7ª série, mais velhos que a vítima, apertavam o peito do aluno, imitando os personagens do programa Pânico na TV, da Rede TV!.

Com o aparecimento dos machucados, que tiveram como saldo uma grave inflamação, os pais procuraram a diretoria da escola. "Conversamos com eles e a promessa foi que o caso seria analisado e os agressores repreendidos, porém, os dias passaram e meu filho continuou sendo alvo dessas brincadeiras violentas", lembrou Elaine.

A segunda agressão grave, o empurrão e a lesão na cabeça, levaram os pais a procurarem a Diretoria de Ensino. "Fomos pedir a transferência para qualquer escola da cidade e a resposta foi que não havia vaga", contou a mãe da vítima. A situação preocupa os pais do aluno, que passaram a monitorá-lo ainda mais. "O medo de ir para escola é constante, porque as brincadeiras no banheiro continuam. Orientamos para ele ficar sempre próximo de um professor ou funcionário da escola e tentamos convencê-lo a ir às aulas, porém, não é fácil", descreveu Elaine. Ela contou que mesmo com os problemas, as notas do garoto continuam altas.
A Secretaria de Estado da Educação informou que a direção da escola por diversas vezes tentou reunir-se com os responsáveis, porém, somente na última quinta-feira foi procurada pelo pai do estudante. Após relatar o ocorrido, ele solicitou a transferência. Enquanto a direção providenciava, o pai desistiu do pedido. Uma equipe da diretoria regional enviará na próxima segunda-feira um supervisor até a escola a fim de reunir-se com os alunos envolvidos e funcionários para apurar o caso e tomar providências.


Discussão
Dois eventos nesta semana discutirão as causas e as consequências do bullying. O primeiro ocorrerá na próxima terça-feira, às 9 horas, no auditório da sede da Associação Comercial de Mogi das Cruzes (ACMC). O orientador pedagógico e mestre em Educação David Hornblas explicará o que é o termo, o histórico de violência, a origem do comportamento dos violentos, entre outros assuntos. A iniciativa terá como público-alvo mantenedores e educadores da cidade e integra o Programa Empreender.

No dia 12, às 19 horas, a Universidade de Mogi das Cruzes (UMC) receberá professores e outras autoridades para um debate sobre o "Bullying - assédio moral escolar: visão jurídica e pedagógica", no Teatro Manoel Bezerra de Melo. O evento é gratuito e voltado aos professores da rede pública, advogados, promotores, juízes e acadêmicos.
Entre os participantes estará o professor de direito da UMC, Vitor Monacelli Fachinetti Junior. "Teremos uma discussão geral sobre a questão", resumiu. "Hoje, o termo está sendo banalizado, um exemplo claro foi aquele senador que tomou o gravador do repórter e depois disse que estava sendo vítima de bullying da Imprensa", disse o professor, se referindo ao senador Roberto Requião (PMDB-PR), que arrancou o gravador das mãos de um repórter da Rádio Bandeirantes depois de demonstrar contrariedade com uma pergunta sobre a aposentadoria que recebe como ex-governador do Paraná.

Fonte:Mogi News