domingo, 8 de maio de 2011

Outros tempos

Márcio Siqueira
Outros tempos
A morte do empresário Mauro Chagas de Macedo, ocorrida anteontem, leva com ela a memória da Mogi das Cruzes, caseira e provinciana, que vem se dissipando nos últimos anos. Macedo, que foi dono, de porteira fechada, durante mais de 40 anos, dos serviços funerários da cidade, além de ter sido proprietário de um número elevado de imóveis cidade adentro, vivia os últimos anos, em razão de sua saúde abalada, fora do circuito social e político.
Monopólio
Macedo lutou durante as últimas décadas para manter o monopólio dos serviços funerários. Nas diversas administrações de Waldemar Costa Filho e em outras que as entremearam, com Antonio Carlos Machado Teixeira, Chico Nogueira e Padre Melo, o empresário resistiu utilizando sua fala mansa e seu poder de persuasão. Sem o mesmo vigor, acabou desistindo de impedir a concorrência, consolidada na segunda gestão de Junji Abe, no fim de 2007.
Mal menor
O empresário teve um mérito: impedir, mesmo sem saber, a proliferação de funerárias na cidade, algo que, em outras cidades, como Suzano e Itaquá, causavam frequentemente uma disputa insana de falecidos. Talvez tenha tido um defeito: ter se conformado com a condição de único permissionário, achando que o que era bom para ele nunca acabaria. O que é certo é que, com a morte de Macedo, Mogi perde uma parte de sua memória política.

Serra do Itapeti
Foi publicada ontem, pelo Consema, a súmula do parecer técnico e aprovação do pedido de licença ambiental prévia para o plano urbanístico da Reserva da Serra do Itapeti. A audiência pública, cercada de polêmica, foi realizada em 17 de novembro de 2009.

Grandeza
Trata-se, como se sabe, de um megaempreendimento planejado pela SPLF Investimentos e Participações Ltda. numa área total de 10.109.806,01 m² (1.109,8 hectares), que terá acesso pelas avenidas Antônio de Almeida e Francisco Rodrigues Filho, entre o Rodeio e César de Souza. São previstos 1.574 lotes, sendo 1.134 residenciais e os demais para uso comercial ou misto.
Daniel Carvalho
Outra cidade
Diz a súmula: "Quanto à população, estima-se que o empreendimento, quando da sua completa ocupação em 50 anos, tenha 113.255 habitantes residentes e 94.891 flutuantes, totalizando uma população de 208.146 pessoas". Ou seja: uma meia Mogi dentro de Mogi. 
Curiosidade
Para ser aprovado, o EIA-Rima prevê medidas necessárias para a descarga brutal de esgotos, o consumo colossal de água e as medidas que deverão ser adotadas para a adequação do trânsito em todo o entorno do empreendimento. Mas, em tempos de discussão da destinação do lixo, há algo perigoso.

O lixo é nosso
Eis a transcrição de um trecho interessante: "Em relação aos serviços de coleta e de transporte de resíduos sólidos, conforme certidão emitida pela Prefeitura de Mogi, o município irá se responsabilizar pelo recolhimento e destinação dos resíduos sólidos. A quantidade estimada de geração de resíduos quando da saturação do empreendimento é de 50.377 tonelada/ano".

O problema é nosso
Ou seja, o empreendedor dará o lixo de presente para a Prefeitura, que, além de coletar, como faz, de forma terceirizada, destiná-lo para algum lugar. O problema aí passará a ser público. E que problema. O que fazer com mais 50 mil toneladas de lixo por ano?
Mãos lavadas
O que espanta é que, em que pese o desenvolvimento proposto pelo megaempreendimento e medidas tidas como "mitigadoras" em diversas frentes, não se prevê a participação privada no lixo, que vira herança da população das próximas gerações. O empreendedor lavou as mãos, o poder público deu a toalha a ele, e agora cumpre à sociedade arcar com as conse-quências.

Alerta geral
Tal fato deve servir de lição para a polêmica do aterro sanitário da Construtora Queiroz Galvão e a audiência pública que, como a maior parte de reuniões promovidas pelo Consema, mesmo depois de acirrada polêmica, apenas homologa os resultados. Trata-se de um lixão dentro de outro lixão. Ou não?
Divulgação
Agripino em Mogi
O presidente nacional do DEM, senador José Agripino Maia, vem a Mogi amanhã. Agripino será recebido pelo prefeito Marco Bertaiolli e por dezenas de convidados em almoço no Restaurante Fornatta Di Napoli, no Mogi Shopping, ao meio-dia. O cacique deverá valorizar a anunciada permanência de Bertaiolli no partido num momento em que os democratas tentam se recuperar da defecção causada pela criação do PSD, promovida com requintes de crueldade pelo prefeito da capital, Gilberto Kassab. 
Falecimento
Morreu ontem, em Mogi, Jesus Cervant, pai da secretária-adjunta de Educação, Maria Aparecida Cervan Vidal. Ele estava internado havia alguns dias no Hospital Luzia de Pinho Melo por causa de problemas intestinais. Cervant acabou sofrendo complicações. O corpo foi velado no Velório Municipal Cristo Redentor. O enterro será hoje, às 14 horas, no Cemitério São Salvador.
Imagem do dia
Daniel Carvalho
Tudo igual
De um lado, trem de passageiros; de outro, composição com carga. O povo tem de, com paciência, esperar pela passagem.
e-mails do leitor
Dia das Mães
Em meio a tarefas que parecem não ter fim, ela arruma tempo para dizer que nos ama. Em meio à luta por ser vista e ser enxergada em seus mais diferentes papéis, ela atrai nossa atenção. Se em algum momento não atribuímos a esta pessoa tão especial o seu devido valor, certamente ainda teremos muito a nos cercar de pesares pelos beijos e abraços que foram a ela negados, pela nossa ausência naquela noite em que ela disse para não sairmos, pelo simples telefonema para avisá-la de nosso atraso e que não a deixa enlouquecer de preocupação, pelo esquecimento de seus conselhos em momentos que não admitiam quaisquer erros... Quantas são as mães que em dias como os nossos sentem-se sozinhas, abandonadas em seu mundo, o qual foi reconstruído há algum tempo quando se descobriu gestando uma nova vida. Quando chega do trabalho, apesar do cansaço, é para nós que a atenção desta mulher-mãe está voltada. O "Dia das Mães" chega, enfim, e o que vemos são como cenas de uma novela: movimento intenso nas ruas, comércio cheio, propagandas em cor-de-rosa, flores, perfumes, sapatos, bijuterias e tantas outras formas de consumo.
Comprar presente é sim um gesto muito válido, mas algo ainda mais excelente do que presentear alguém como nossa mãe é estar presente quando ela precisa e deseja estar em nossa companhia. É, ser filho é uma dádiva, um presente que vem de Deus. Ter uma mãe ou encontrar uma referência válida dela em outra pessoa é vida para cada um de nós. Não dá para viver sem um dia termos tido a experiência de termos alguém com um amor que é capaz de vencer tantos obstáculos. 

Fonte:Mogi News