quinta-feira, 21 de março de 2013

Saúde Mental Tratamento psiquiátrico tem espera de 5 anos em Mogi


Saúde Mental
Tratamento psiquiátrico tem espera de 5 anos em Mogi
Paciente com esquizofrenia, síndrome do pânico e depressão não consegue atendimento
Jamile Santana
Da Reportagem Local
Jorge Moraes

Maria das Graças, de 44 anos, espera tratamento psiquiátrico há 5 anos; ela tem síndrome do pânico, esquizofrenia e depressão
Maria das Graças da Silva, de 44 anos está há cinco anos renovando guias de encaminhamento psiquiátrico em postos de saúde, sem conseguir atendimento. Ela já perdeu as contas de quantas vezes foi até o Ambulatório de Saúde Mental de Mogi das Cruzes e voltou para a casa com um "não temos vagas" como resposta.

E para piorar a situação dela e de outras pessoas que precisam do serviço, a única médica psiquiatra que atende na unidade (cerca de 900 pacientes, segundo a Secretaria de Saúde) está de licença e quem faz o acompanhamento são três clínicos gerais habilitados no atendimento em psiquiatria. A Prefeitura de Mogi das Cruzes promete abrir um concurso público para a contratação de mais médicos no próximo mês. 
A paciente foi encaminhada ao atendimento psiquiátrico há cinco anos, quando passou em consulta no posto de saúde do Conjunto Santo Ângelo. Com um quadro de depressão, síndrome do pânico e esquizofrenia, ela faz tratamento com diazepam, mas também precisa de acompanhamento com especialista. 
"Sinto que estou piorando a cada dia que passo sem o atendimento. E essa ansiedade de conseguir uma vaga, também só me deixa pior. Em uma das últimas crises, eu fiquei extremamente nervosa, não conseguia me controlar e queria morder as pessoas", contou.

Em maio passado, ela e o marido foram novamente ao posto de saúde conseguir uma nova guia para atendimento. Ontem, eles estiveram no Ambulatório de Saúde Mental novamente para tentar um encaixe. Mais uma vez, voltaram para casa sem previsão de quando a paciente será atendida. "Eu não sei mais a quem recorrer. Estou tão desesperado que vou atrás de um médico psiquiatra lá em Itaquaquecetuba", disse o marido, José Lourenço, de 51 anos. 

Outro caso
Em agosto do ano passado, o Mogi News mostrou a história do estudante D.A, de oito anos, que esperou três anos para ser atendido. Quando tinha cinco anos, a psicóloga da escola municipal onde estudava indicou o tratamento após diagnosticar a dificuldade de aprendizado e a hiperatividade do aluno. 
Em Mogi das Cruzes, a única chance de iniciar um novo tratamento é se o paciente sofrer um surto psicótico grave e for internado no Hospital Luzia de Pinho Melo. Caso contrário, continuará sem qualquer atendimento. 

Resposta
A Secretaria de Saúde de Mogi respondeu em nota que a psiquiatra Sônia Friedrich está de licença-médica, mas o secretário municipal de Saúde, Paulo Villas Bôas de Carvalho, explicou que Ambulatório Municipal de Saúde Mental conta clínicos gerais habilitados para o atendimento em psiquiatria na unidade, além de psicólogos e demais profissionais, garantindo suporte de atendimento aos pacientes. O prazo, no entanto, varia dependendo do caso. 
A secretaria informou ainda que um concurso público está sendo preparado, com previsão de lançamento do edital no próximo mês de abril, quando serão abertas vagas para médicos nas especialidades de psiquiatria, clínica geral, pediatria e ginecologia, entre outros. Somente o Ambulatório Municipal de Saúde Mental realiza uma média de 900 atendimentos médicos em psiquiatria.

Fonte:Mogi News