A casa caiu?
Marilei Schiavi
Lula é eleito o político mais corrupto de 2012. Isso mesmo... E faço a pergunta: a casa caiu? O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) venceu no domingo o Troféu Algemas de Ouro, prêmio criado para eleger o político mais corrupto de 2012. A enquete promovida pelo Movimento 31 de Julho, grupo anticorrupção que atua na internet, foi realizada no Facebook e conseguiu mobilizar mais de 14 mil pessoas.
Lula foi acusado pelo publicitário Marcos Valério de ter usado o dinheiro do mensalão para quitar despesas pessoais. E até hoje as pessoas ainda não engoliram que "ele não sabia de nada do tal esquema. O Lula venceu com uma margem gigante, em relação ao segundo colocado: 65,69%. O ex-senador Demóstenes Torres ficou com o segundo lugar, com 21,82% dos votos. Ele foi cassado devido à estreita relação com o contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, preso na Operação Monte Carlo. O terceiro ficou o governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB), com 4,55% dos votos, que no ano passado apareceu em fotos, em Paris, ao lado do dono da empresa Delta, construtora investigada na CPI do Cachoeira.
Na votação, há suspeita de fraude. Coordenadores tiveram de impugnar mais de 9 mil votos por causa da suspeita. Segundo o movimento, internautas denunciaram que um suposto robô estaria adulterando o resultado da enquete, votando para um determinado candidato. A organização do prêmio chegou a acionar o Facebook. Analistas políticos passaram o dia de ontem tentando entender o prêmio de primeiro lugar para Lula. Petistas juram que a votação foi armada, enquanto os líderes dos outros partidos acreditam que a casa do Lula caiu mesmo porque já estava na hora de os brasileiros arrancarem a máscara do ex-presidente corrupto. Afinal, quando ouvimos notícias como "os brasileiros que se dizem apartidários já são maioria ela primeira vez desde 1988", ressaltando que o número de brasileiros que se declaram apartidários superou o de pessoas que afirmam ter preferência por alguma legenda política, mostra que o brasileiro está ficando mais cético em relação à política partidária. Segundo o levantamento feito pelo Ibope para o jornal O Estado de S. Paulo, no fim de 2012, 56% das pessoas diziam não ter nenhuma preferência partidária, contra 44% que apontavam preferência por alguma legenda. Vinte e quatro anos antes, na esteira da redemocratização, apenas 38% das pessoas declaravam não ter um partido da sua preferência - 61% apontavam um favorito. A perda de simpatizantes ocorreu em todas as legendas.
Na verdade , os porcentuais apurados pelo Ibope refletem o momento histórico e a conjuntura política e econômica, não só brasileira como mundial. Também apontam para questões estruturais, como a crise da representatividade dos partidos políticos tradicionais.
Marilei Schiavi, é jornalista, radialista, diretora de Jornalismo da Rádio Metropolitana e mestre em Ciências Sociais pela PUC
Fonte:Mogi News
