sexta-feira, 22 de junho de 2012

Deputado pede à Agência de Cooperação Internacional que financie experimento voltado à legalização do uso do insumo para melhorar qualidade e produtividade na agricultura orgânica



Deputado pede à Agência de Cooperação Internacional que financie experimento voltado à legalização do uso do insumo para melhorar qualidade e produtividade na agricultura orgânica
A legalização do uso do extrato pirolenhoso no Brasil para melhorar a qualidade e produtividade na agricultura orgânica é o objetivo do Plano de Experimento idealizado por pesquisadores da Faculdade de Ciências Agronômicas da Unesp – Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita”, de Botucatu. Na expectativa de obter recursos para o projeto, o deputado federal Junji Abe (PSD-SP) recorrerá à Jica – Agência de Cooperação Internacional do Japão.
Segundo Junji, a execução Plano de Experimento depende de R$ 200.527,80, uma quantia que poderá ser obtida por meio de convênio entre a Unesp e a Jica. “A agência registra um vasto histórico de cooperação com o Brasil, especialmente no desenvolvimento de pesquisas e tecnologias dirigidas à agropecuária”, observou, lembrando que os financiamentos concedidos pelo governo japonês permitiram avanços como o desbravamento do cerrado brasileiro – que passou a ser altamente produtivo no setor agrícola, e a autossuficiência na cultura de maçãs.
Presidente da Pró-Horti – Frente Parlamentar Mista em Defesa do Segmento de Hortifrutiflorigranjeiros e reconhecido conhecedor do agronegócio, Junji foi procurado nesta quinta-feira (21/06/2012) por Yosizo Kubota, professor aposentado da Faculdade de Ciências Agronômicas da Unesp, para que intermediasse o pedido junto à Jica. Ele integra o grupo de pesquisadores, encabeçado pelo professor doutor Roberto Lyra Villas Boas, que se dedica ao estudo e uso do extrato pirolenhoso na agricultura. 
O extrato pirolenhoso é um insumo de grande alcance, que não agride a natureza e nem é prejudicial a seres humanos e animais, de acordo com Villas Boas, coordenador do Gemfer – Grupo de Estudos e Pesquisas em Manejo de Fertilizantes e Resíduos. O trabalho conta com a colaboração da Apan – Associação dos Produtores de Agricultura Natural. Trata-se de uma ONG – Organização Não Governamental que se dedica a divulgar a produção e uso do composto a partir da tecnologia importada do Japão.
Com o Plano de Experimento, será possível aprofundar os estudos de extrato pirolenhoso para viabilizar sua produção no País, assim como legalizar sua utilização. É um subproduto de carbonização da madeira, obtido pela condensação da fumaça, que tem preço baixo e alta qualidade, como explica Junji. “Na ponta inicial de produção, garantirá renda extra a pequenos produtores de carvão. Na ponta final de uso, beneficiará pequenos lavradores, inclusive os da agricultura familiar, com a melhoria da qualidade de seus produtos e maior produtividade”, completa, baseado em informações de Kubota.
O deputado acrescenta que se trata de um projeto pioneiro no Brasil. Ao contrário do que ocorre no Japão, o extrato pirolenhoso ainda não pode ser utilizado nas lavouras brasileiras. O produto precisa ser registrado junto ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. O Plano de Experimento possibilitará obter dados exigidos pela Pasta para providenciar o registro do insumo.
Durante a conversa com Junji, o professor antecipou que o plano será desenvolvido com extrato que apresente qualidade uniforme. Ou seja, em que estejam ausentes substâncias consideradas cancerígenas, como benzopireno, e haja baixo teor de alcatrão. A expectativa é desenvolver o subproduto em conformidade com a Norma de Produção e Padronização de Extratos Pirolenhosos da Apan.
“Faremos o possível para conseguir viabilizar o convênio com a Jica. Toda tecnologia que beneficie os produtores, principalmente os míni e pequenos, é de extrema importância para o Brasil porque dá aos profissionais do campo melhores condições de desenvolverem sua atividade”, assinala Junji. Ele lembra que o extrato pirolenhoso é ambientalmente correto. Vem da madeira, que armazena a energia do sol e do solo, e retorna a sua origem ao ser utilizado nas lavouras. 
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Mel Tominaga
Jornalista – MTb 21.286