domingo, 29 de abril de 2012

EM: ACM Neto herdou carlismo


BRASÍLIA
Na semana passada, dirigentes do DEM estiveram em Salvador para lançar a candidatura do deputado federal Antonio Carlos Magalhães Neto (DEM), 33 anos, à prefeitura da cidade. ACM Neto perdeu a disputa municipal em 2008, mas não tem motivos para se queixar. Foi eleito três vezes deputado, com a maior votação no Estado.


Os aliados do seu avô, ACM, morto há cinco anos, se queixam do estilo pouco agregador do parlamentar. E tentam, agora, sobreviver à queda do "carlismo", grupo que dominou 90% dos 417 municípios da Bahia. Diferentemente do avô, lembrado por gestos truculentos, ACM Neto é visto como um político ponderado e equilibrado.


O presidente nacional do DEM, senador Agripino Neto (RN), disse, no lançamento da candidatura, que o deputado era um "Antonio Carlos melhorado". Mas os gestos afáveis não diminuem críticas de aliados, que o classificam de simpatizante do "bloco do eu sozinho".


É na própria família Magalhães que antigos aliados de ACM veem a alternativa para oxigenar o grupo - o empresário Luís Eduardo Magalhães Junior, o Duquinho, 30 anos, primo de ACM Neto, é cortejado para reforçar candidaturas na Bahia.


Com apelido menos pomposo que o do primo, Duquinho é empresário do carnaval, amigo de Ivete Sangalo e tem boa relação com o governador Jacques Wagner (PT). Quando alguém lembra das raízes familiares, é para ressaltar a capacidade de diálogo do pai, o ex-deputado Luís Eduardo Magalhães, morto em 1998. Em setembro passado, o "descolado" Duquinho rasgou a carteirinha de filiado do DEM para deixar claro que não tinha projeto político a curto prazo.


A decisão causou tumulto na Bahia. O pré-candidato do PT à prefeitura, deputado federal Nelson Pelegrino, chegou a dizer que considerava a "possibilidade" de compor chapa. A suposta aproximação política de Duquinho com adversários dos Magalhães causou constrangimento. "Foi tática para desviar do foco", avaliou ACM Neto.


O deputado observou que o primo mantém relações empresarial e institucional com o governo Jaques Wagner e lideranças do PT. "Não confundo o empresário e o político. Nem filiação partidária ele tem", ressalta. "Ele é meu amigo. Está conosco", disse, com voz firme e pausada.


Duquinho e as irmãs Paula e Carolina detêm 33% da Rede Bahia, conglomerado de emissoras de rádio e TV e até construtora, deixado pelo senador. ACM Filho, pai de ACM Neto, e Teresa Magalhães, filha do senador, são os outros sócios. Mas foi no carnaval que Duquinho se projetou. Ele é um dos donos da empresa Premium Entretenimento, organizadora do Camarote Salvador, que emprega 1.500 pessoas na folia e virou parada obrigatória de empresários, políticos e turistas de classe média alta.


ACM Neto e Duquinho costumam se desentender nos encontros sobre o rumo da Rede Bahia, mas em público não demonstram divergências Quando a tia Teresa e o marido, o empreiteiro Cesar Mata Pires, tentaram controlar a rede, os primos se uniram. A pessoas próximas, ACM Neto e Duquinho costumam se elogiar. Mas as características pessoais e a aliança de amigos os colocam em campos opostos, ao menos no imaginário político baiano.


Duquinho não fala sobre política. A pessoas próximas, ele diz que não aceita dar continuidade a uma "dinastia", pelo simples fato de o termo significar algo "retrógado". Numa terra onde o carnaval é a marca, sua "renúncia" ao "trono" em nome da vida pessoal só aumentou sua influência política. O deputado e ex-prefeito de Salvador Antônio Imbassahy diz que Duquinho herdou do pai a "cordialidade".


Cansado de ouvir lamentações de vereadores e prefeitos em busca de apoio, o ex-deputado federal e atual presidente do DEM na Bahia, José Carlos Aleluia, afirma que o "amigo" Duquinho tem espaço na política. "Ele tem me dito que não quer, mas em política tudo é possível", diz.


Fonte:O Diário de Mogi