quinta-feira, 29 de março de 2012

Sem chance Secretaria inicia o processo para descredenciar Hospital do Câncer


Recurso apresentado pelo complexo de oncologia não foi aceito; Luzia atenderá casos de emergência
Noemia Alves
Da Reportagem Local
Daniel Carvalho

Secretaria estadual decidiu iniciar o processo gradativo de descredenciamento do hospital oncológico em Mogi das Cruzes
O Hospital do Câncer "Dr. Flávio Isaías Rodrigues" não deverá atender mais pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) de Mogi e de municípios do Alto Tietê. A Secretaria de Estado da Saúde anunciou na noite de ontem o início do processo de descredenciamento da unidade tanto para o atendimento ambulatorial e hospitalar como para casos de urgência e emergência.


Segundo nota encaminhada pela Assessoria de Imprensa da secretaria comandada por Giovanni Guido Cerri, o recurso apresentado pelo Hospital do Câncer foi negado. "Concluiu-se que houve, sem nenhuma dúvida, fraude ao Sistema Único de Saúde. Por isso, decidiu iniciar o processo gradativo de descredenciamento do hospital, que não possui, conforme análise técnica do setor de auditoria da pasta, condições de funcionar como Unacon (Unidade de Alta Complexidade em Oncologia)", diz a nota. 
De acordo com a Secretaria Estadual de Saúde, casos de urgência e emergência serão atendidos pelo Hospital das Clínicas Luzia de Pinho Melo. "É o hospital credenciado para esse tipo de assistência e já prestava atendimento aos pacientes nos finais de semana e no período noturno, quando o Hospital do Câncer fechava, de forma irregular, conforme apontado na auditoria", reforça o documento.


Ainda segundo a pasta, o resultado da investigação realizada pela Secretaria será encaminhado ao Ministério Público Estadual, ao Ministério da Saúde e para os conselhos regionais de Medicina, Enfermagem e Farmácia.


No início da tarde de ontem, o diretor e fundador do Hospital do Câncer, Flávio Isaías, estava revoltado com um comunicado enviado pela Secretaria de Estado da Saúde. O documento negava o repasse de recursos do Sistema Único de Saúde (SUS) aos atendimentos prestados na Central de Atendimento de Intercorrências Oncológicas (Caio), o chamado Pronto-Atendimento, entre os meses de janeiro e fevereiro passados. 
Em outras palavras, além do setor de ambulatório, exames e cirurgias de média e alta complexidade, quem sofre ou sofria com a doença não pode recorrer também ao Pronto-Atendimento do Hospital do Câncer para atendimento de urgência. 
"O contrato estabelecido com o governo do Estado era de prestarmos atendimento e depois realizar a cobrança. E isso não está sendo cumprido. Eles indeferiram o atendimento que realizamos", contou Rodrigues. O argumento apresentado pela secretaria estadual, segundo ele, é de que se tratam de pacientes novos, que receberam diagnóstico da doença nos últimos nove meses, enquanto o hospital passava por uma auditoria. "Isso é mentira, todo atendimento até então prestado no Hospital do Câncer e também na Central de Intercorrências é de pacientes antigos, isto é, daqueles que estão em tratamento há mais de um ano", rebateu. 
O setor de Pronto-Atendimento do Hospital do Câncer realiza, em média, de dez a 12 atendimentos emergenciais por mês. "São casos de pacientes que tiveram algum tipo de reação ao tratamento e precisam de cuidados especiais para hidratação, enjoo ou anemia", explicou.


Fonte:Mogi News