quinta-feira, 29 de março de 2012

Colapso na saúde Luzia fecha setores e manda paciente ao AME


Vereador diz que entidade tem reduzido atendimento em algumas especialidades no hospital e encaminhado os pacientes para ambulatório
Cleber Lazo
Noêmia Alves
Da Reportagem Local

Em comunicado, Santa Marcelina diz que está com problemas
O presidente da Comissão de Saúde da Câmara Municipal, Francisco Moacir Bezerra de Melo Filho (PSB), o Chico Bezerra, denunciou durante a sessão de ontem no Legislativo que a organização social que administra o Hospital das Clínicas Luzia de Pinho Melo e o Ambulatório de Especialidades Médicas (AME), a Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina, tem diminuído a quantidade de atendimentos em algumas especialidades no hospital e encaminhado os pacientes ao AME. 
A prática estaria sendo executada, segundo o parlamentar, porque o repasse feito pelos atendimentos no ambulatório ocorre de acordo com a quantidade de exames e consultas realizadas, já a verba paga ao hospital seria em forma de uma cota mensal, não variando com o volume de pessoas atendido. A Secretaria de Estado da Saúde negou as denúncias. 
"Se esta informação se confirmar, os envolvidos devem ir para a cadeia", disse o parlamentar, que também é médico da Santa Casa de Misericórdia de Mogi. "Quando o AME chegou à cidade todos imaginaram que ele viria para se somar ao Luzia, mas isso não ocorre", lamentou Bezerra. Ele também revelou que diversos médicos que atuam no Luzia estão sendo demitidos e convidados a integrar o quadro de funcionários do AME.


Para comprovar que a Santa Casa de Mogi tem recebido um número cada vez maior de pacientes, consequência do fechamento de especialidades nos hospitais estaduais da região, Chico Bezerra apresentou um comunicado encaminhado pelo Hospital Santa Marcelina, de Itaquaquecetuba, endereçado a diversos órgãos de saúde, entre eles a própria Santa Casa, Bombeiros e unidades do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) da região. No documento, com data de 27 de março de 2012, o Santa Marcelina explica que está "com dificuldades no atendimento" em setores como: tomógrafo (quebrado e inoperante), berçário, ortopedia, psiquiatria e UTI Neonatal (todos com "capacidade máxima ocupada"). 
Em virtude dos problemas, o hospital estadual "solicita o encaminhamento de pacientes que necessitam destes serviços para outros hospitais que disponham do suporte necessário". "Em um dia a secretaria estadual fala que aumentou a verba para os hospitais e no outro o Santa Marcelina distribuiu um comunicado como este. Algo está errado", analisou o vereador.


Desconhecimento
Em nota encaminhada pela Assessoria de Imprensa, a Secretaria de Estado da Saúde informou que "o vereador está equivocado e desconhece o funcionamento dos AMEs. Os Ambulatórios são feitos justamente para desafogar os hospitais, permitindo, assim, que as unidades hospitalares concentrem o atendimento a casos mais complexos e graves. Na capital de São Paulo, por exemplo, o AME Itaquera dá respaldo ao Hospital Santa Marcelina. Não há qualquer irregularidade. Portanto, não há motivos para supostas ´denúncias´. Cabe esclarecer, ainda, que tanto o AME Mogi quanto o Luzia são gerenciados pela mesma entidade parceira, que, portanto, tem autonomia na gestão de recursos humanos".


Transparência
Autoridades da região se revoltaram ontem ao saber pelo Mogi News que o governo do Estado teria promovido corte de 10% a 20% nos recursos de hospitais no Alto Tietê, entre eles o Hospital Luzia de Pinho, e cobraram publicamente do secretário Giovanni Guido Cerri medidas para mais investimentos. O orçamento inicial do Luzia, de R$ 98,8 milhões, teria passado para R$ 88 milhões para prestar os mesmos serviços. O motivo para o corte não foi explicado pelo governo do Estado, que, aliás, nega a redução.


O secretário-adjunto de Saúde em Mogi, Marcello Delascio Cusatis, manifestou está preocupado: "Se ocorrer problema de atendimento no Hospital Luzia de Pinho Melo, especialmente no Pronto-Socorro, certamente as Unidades Básicas de Saúde e de Pronto-Atendimento 24 horas podem ser afetadas e o município não pode arcar com esta conta. O prefeito Marco Bertaiolli já investiu além do que a legislação determina". O deputado estadual Luiz Carlos Gondim Teixeira (PPS), membro da Comissão da Saúde, apresentou, em plenário, na Assembléia Legislativa, a edição do jornal Mogi News com a denúncia de corte de verbas e prometeu encaminhar um requerimento cobrando medidas do secretário estadual de Saúde, Giovanni Guido Cerri.


Os deputados André do Prado (PR) e Heroilma Tavares (PTB), integrantes da Frente Parlamentar do Alto Tietê, também questionaram o Estado sobre o corte dos recursos. "Não tinha informação desse corte, mas se isso for comprovado, o secretário estadual terá de explicar", disse André do Prado, por meio de sua Assessoria de Imprensa.


Fonte:Mogi News