terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Mogi terá novas zonas industriais


MARA FLÔRES



A Secretaria de Desenvolvimento Econômico de Mogi das Cruzes inicia o ano de 2012 com a proposta de criar novas zonas industriais no território mogiano, na maioria dos casos, em áreas que no passado serviram para as atividades agrícola e extrativa. Entre os locais propostos para futuramente abrigar empresas estão César de Souza, Volta Fria, Cocuera, Vila Moraes e o próprio Taboão, que tem a maior reserva de terrenos da Região Metropolitana de São Paulo.


"A indústria é a locomotiva do desenvolvimento e Mogi, pela sua localização estratégica, tem tudo para crescer nesse setor. Acontece que, embora a sua extensão territorial seja muito grande, as zonas industriais em Mogi têm, ao longo dos tempos, em função principalmente das legislações ambientais e de proteção de mananciais, diminuído consideravelmente, o que limita e reduz o potencial de desenvolvimento", argumenta Marcos Damásio, secretário municipal de Desenvolvimento.


Preocupado com essas limitações – hoje, praticamente só o Taboão tem áreas disponíveis, no entanto, voltadas apenas para empresas de médio e grande portes -, os gestores da Secretaria de Desenvolvimento realizaram um estudo sobre regiões que podem ganhar novos limites para zonas industriais.


"Nesta avaliação prévia, levamos em conta regiões onde existem grandes áreas não habitadas e sem a influência, representativa, de vegetação e cursos d’água, porém, que estão muito próximas da população e, ao mesmo tempo, espalhadas pelo Município buscando, assim, minimizar impactos no fluxo de pessoas e carga", ressalta Damásio.


Entre as novas zonas industriais propostas chama a atenção o Bairro da Volta Fria, região tipicamente rural, mas que poderá ganhar um novo perfil a partir da pavimentação da vicinal que serve a localidade. O asfaltamento da estrada de terra, previsto para esse ano, irá transformá-la numa nova extensão da Via Perimetral, interligando a Estrada do Pavan (saída da Rodovia Mogi-Dutra) com a Avenida Guilherme Giorgi, em Jundiapeba.


Ali, a proposta é ocupar áreas de antigas propriedades rurais com indústrias, numa Zona de Uso Diversificado (ZUD) de baixo impacto em razão de estar na Bacia do Rio Tietê e colada a Serra do Itapeti. Pelos cálculos iniciais, a Secretaria de Desenvolvimento aponta a possibilidade de ocupação de dois quilômetros quadrados (km2) de áreas por indústrias, nas proximidades da ponte sobre o Rio Tietê.


Aliás, a própria Prefeitura poderá criar ali um novo núcleo industrial numa propriedade municipal localizada em frente ao antigo Lixão da Volta Fria e que tem cerca de 300 mil m2.


Em César de Souza, que já é um distrito com características industriais, a proposta da Secretaria de Desenvolvimento também avança por uma nova região. São aproximadamente três km2 de áreas ao longo da estrada que liga César de Souza a Sabaúna, pegando os fundos da Vila Suíssa e, depois, cruzando a linha férrea até sair próximo à antiga Dresser, hoje Multimarcas.


"Essa área está localizada na Bacia do Rio Paraíba e, por isso, está fora da região de controle dos mananciais do Rio Tietê. Além disso, a área também está próxima de centros populosos, o que facilita a oferta de mão de obra", sustenta o representante da Prefeitura.


No Cocuera, os estudos sugerem a implantação de duas ZUDs e uma Zona Mista Residencial (ZMR), todas em antigos sítios agrícolas, mas coladas em áreas que já possuem atividades econômicas. Uma das ZUDs compreende um trecho entre as Estradas do Shigueno e Mitsuo Kayashiro. A outra pega entre as fábricas da Kimberly e a NGK, região hoje definida como Zona de Transição (ZT2).


A ZMR também é proposta para uma área hoje de ZT2, e visa a instalação de empresas de baixo impacto ambiental nas proximidades da rotatória da Estrada do Nagao, pegando tanto o lado que faz divisa com o Rio Tietê, como também o lado de cima da estrada onde, por exemplo, foi montado o canteiro de obras das construtoras que fizeram a recuperação da Rodovia Mogi-Salesópolis.


Na Vila Moraes, a proposta é transformar parte da Zona Residencial (ZR6) em ZUD. A mudança, se acatada, evitará o desgaste ocorrido recentemente para a instalação da Daikin, multinacional japonesa que só no final do ano passado conseguiu o aval para se instalar em frente à Brasitânia, próximo da Estrada do Adashi, após mudança pontual no zoneamento daquela região. A ideia é que o novo zoneamento englobe não só o imóvel da Daikin, mas atravesse a Mogi-Bertioga e avance rumo à Porteira Preta.


"Essa área também tem atividade empresarial e a ideia é preservar isso e expandir. Não podemos ficar só com condomínios de casas, caso contrário, onde as pessoas irão trabalhar?", indaga o diretor municipal de Indústria, Renato Rissoni.


Taboão


Embora tenha 15 milhões de m2 voltados para a indústria, esteja ao lado de grandes rodovias e fora das áreas de proteção de mananciais, o distanciamento do Taboão de grandes centros habitacionais é apontado como um obstáculo à instalação de indústrias que demandem muita mão de obra ou mesmo empresas de pequeno porte. Ao mesmo tempo, o Distrito Industrial desperta, em especial, o interesse de empresas que necessitam estarem próximas de mais de um modal logístico, já que ali, além das rodovias, há a facilidade da linha férrea. É o caso, por exemplo, dos chamados "centros de distribuição".


É de olho nesse segmento, que já encontra respaldo no sucesso da Kimberly, instalada nas margens da Rodovia Mogi-Dutra, que a Secretaria de Desenvolvimento propõe a criação de uma ZUD, de baixo impacto, na região em que as topografias dos terrenos possibilitem o acesso à ferrovia. A ideia é, fundamentalmente, usar antigas propriedades extrativas e rurais, localizadas nas duas margens da Rodovia Ayrton Senna, após a saída para o Rio de Janeiro.


"Ali há vários terrenos que se localizam entre a estrada de ferro e a Ayrton Senna e que podem ter esse potencial aproveitado", argumenta Rissoni.


Fonte:O Diário de Mogi