sábado, 28 de janeiro de 2012

Esclarecido Polícia prende assassinos de pai e filha e dois mandantes do crime


Ex-mulher do namorado da soldado contratou bandidos para matá-la e ofereceu "bônus", caso ela fosse morta
Deize Batinga
Da Reportagem Local
Daniel Carvalho

Lima (à esq.) é um dos bandidos contratados; Santos (à dir.) é ex-marido da policial assassinada
Em menos de 24 horas de investigação, a Polícia Civil, em parceria com a Polícia Militar, esclareceu a morte da soldado feminina Lígia Maria Mendes Machado dos Santos, de 35 anos, e do pai dela, o aposentado José Mendes Machado, 62. O crime, segundo a polícia, foi encomendado pela gerente Alessandra Cristina Pimenta Moreira, 39, que é ex-mulher do sargento Vanderlei Moreira, 45, que era o atual namorado da policial. O ex-marido de Lígia, o motorista Bernardo José dos Santos, 43, também foi preso acusado de ter premeditado o crime.


Além dos supostos mandantes do duplo homicídio, a Delegacia de Homicídios deteve outros três homens acusados de executar o serviço: o vendedor Lucas Nunes da Silva Lima, 18, um adolescente de 16 anos e outro de 15 anos, cujos nomes não foram divulgados. Um terceiro adolescente, de 15 anos, já foi identificado, mas conseguiu fugir.


Após ouvirem todos os envolvidos na trama policial, os investigadores descobriram que o crime foi passional. Em 2009, depois de se separar de Santos, Lígia teria iniciado um romance com o sargento Moreira, do 29° Batalhão da PM, onde ela trabalhava. Passado certo tempo, Alessandra, mulher do policial, teria descoberto a traição e passado a perseguir a soldado. Desde então, a gerente teria dado início a uma onda de ameaças contra Lígia, que chegou, inclusive, a registrar vários boletins de ocorrência contra a mulher.


O sargento, em depoimento à polícia, contou que estava em processo de separação da esposa, mas que ainda morava com ela, em Ermelino Matarazzo, zona leste de São Paulo. Segundo ele, há cerca de cinco meses, Alessandra teria ameaçado acabar com a vida de Lígia, caso ele se separasse dela.


Mesmo diante dessas informações, o crime só foi totalmente esclarecido com o depoimento dos supostos mandantes do crime e dos executores. Alessandra, ao depor na delegacia, teria confessado ter contratado a quadrilha para dar um susto em Lígia. O plano, segundo ela, tinha sido elaborado pelo ex-marido da policial. A intenção era enviar quatro homens armados para assaltar a casa da soldado e dar um "susto" nela.


No entanto, o depoimento dos adolescentes envolvidos no duplo assassinato mudou a história. Segundo eles, Alessandra, depois de contratá-los, não teria informado que Lígia era policial, nem revelado que se tratava de um crime passional. Para eles, a gerente teria dito que havia perdido uma causa judicial para Lígia, que tinha ganhado R$ 20 mil. Como ela estava com raiva, queria contratá-los para reaver o dinheiro, que seria o pagamento deles. No entanto, ao chegar à casa da policial, Alessandra teria aumentado a proposta. Ela teria dito que, a mando de Santos, estava autorizada a pagar mais R$ 10 mil, caso Lígia fosse morta.




O crime
Os três adolescentes, Lima e Alessandra teriam chegado à casa da soldado, na rua Belmont, no Jardim Piatã I, por volta das 7 horas. Eles teriam permanecido de campana, mas levantaram a suspeita do pai da policial, que foi até o carro em que eles estavam, um Ipanema, ver o que havia ocorrido. Essa atitude teria sido decisiva para a morte dele. De acordo com os adolescentes, com medo de ser reconhecida, Alessandra teria informado que, além de Lígia, eles teriam de executar o pai dela.


Ao se aproximar do carro, o aposentado foi rendido e levado para dentro da casa. A soldado teria percebido a movimentação e sacado a arma, uma pistola ponto 40, mas teria desistido de um confronto direto com os bandidos para preservar a família.


Eles não levaram nada do imóvel. Apenas trancaram a mãe e os dois filhos da policial no banheiro e fugiram com ela e o pai no carro dela, um Fiesta. A menos de 800 metros da casa, o Ipanema, que era conduzido por Alessandra, atolou. O adolescente de 16 anos contou à polícia que, enquanto os demais integrantes do bando tentavam desatolar o veículo, ele teria ido até o Fiesta e executado o aposentado com um tiro na testa, a mando de Alessandra, e, na se-quência, a soldado com um tiro na região da cabeça. Os disparos foram feitos com a arma dela.


Depois de ser informado sobre o caso, o juiz da 1ª Vara Criminal do Fórum de Mogi, Freddy Costa, decretou a prisão temporária por 30 dias de Alessandra, Santos e Lima. Eles vão responder por latrocínio (roubo seguido de morte) e corrupção de menores. Os dois adolescentes detidos foram encaminhados à Vara da Infância e Juventude para que o juiz Gióia Perini decida o destino deles.


Fonte:Mogi News