quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Skaf: Brasil ‘marcou passo’

Wilson Marini


Rede APJ
A Fiesp prevê 2,8% de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil em 2011 (contra a previsão inicial do governo em torno de 4,5%) e 2,6% em 2012. Os dados foram apresentados ontem em balanço de fim de ano na sede da entidade, em São Paulo. O encontro teve início com uma análise do Departamento de Pesquisas Econômicas que apontou a transformação industrial como o segmento "mais preocupante" da economia em relação aos efeitos da crise global neste segundo semestre. O setor deverá fechar o ano com crescimento de 0,9%, considerado baixo. Para 2012, a projeção é de 1,5%.


Preocupante também segundo o órgão é a capacidade de geração empregos: a tendência é de desaceleração na indústria paulista, com projeção de crescimento de empregos de apenas 0,2% em 2011 e de 0,5% em 2012. O PIB da agropecuária deverá crescer 4% em 2011 e 4,5% em 2012 e o setor de serviços, respectivamente 2,9% e 3%.


O consumo das famílias deverá crescer 3,8% em 2011 e 4% em 2012; o consumo do governo, 2% e 3,4%. O indicador de nível de atividade (INA) da indústria paulista deve ter expansão de 1,7% em 2012 (contra 1% em 2011).


O presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, defendeu ontem a competitividade como saída para enfrentar a crise internacional que, segundo ele, ainda não afetou a economia brasileira. Energia elétrica, logística e juros são custos que afetam gravemente a indústria e que dificultam a competição com outros países.


A guerra dos portos e a guerra fiscal entre os estados também tiram competitividade dos produtos nacionais, segundo ele. Como solução para a economia em 2012, Skaf destacou entre outros pontos a necessidade de mais crédito e resolver o problema do câmbio "que é volátil, livre, difícil de controlar".


Ele chegou a usar a expressão "irresponsabilidade" ao analisar o desempenho do primeiro ano do governo Dilma em relação à economia e disse que a Fiesp não tinha nada a comemorar e nem a elogiar em relação ao governo. A falta de competitividade segundo ele não é só um problema da indústria "mas do país".


O presidente da Fiesp defendeu que o governo federal precisa criar condições para reduzir a taxa básica de juros para níveis mais próximos do patamar internacional.


Para Skaf, "ficamos seis ou sete meses discutindo a troca de ministros". Segundo ele, "reconhecer um erro é um mérito", mas o país "não pode ficar por conta da troca de ministros e fechar o ano de 2011 só com essa marca".


A entidade também fez outras projeções para 2012. A indústria como um todo deve expandir-se 2,3% no próximo ano (contra 1,9% em 2011), sendo que a indústria extrativa mineral deve avançar 2,9% (2,6% em 2011), a construção civil, 3,5% (mesmo índice em 2011) e os serviços industriais de utilidade pública devem crescer 3,7% (3,9% em 2011).


As projeções da Fiesp levam em conta um cenário base em que o PIB mundial cresceria 2,1% no próximo ano (contra 2,6% em 2011). O dos EUA deve ter expansão de 1,3% (contra 1,7% em 2011); o do Japão, 2,2% (-0,3% em 2011); e o da China, 8,2% (contra 9,1%). O PIB da zona do euro deve apresentar crescimento positivo de 1,5% em 2011, mas deve cair 0,3% em 2012, segundo as projeções da Fiesp.


A Fiesp calcula que o governo brasileiro pagará R$ 237 bilhões de juros este ano segundo o painel "Jurômetro" inaugurado pela entidade para demonstrar à sociedade quanto se gasta de juros (site www.jurometro.com.br). Os próximos cálculos abrangerão o montante gastos pelas empresas e os consumidores.


Fonte:O Diário de Mogi