terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Radar em Mogi previne enchente

Júlia Guimarães
Um radar meteorológico de alta tecnologia começou a operar neste ano em Mogi das Cruzes e deverá ser utilizado nesta temporada de chuvas, como uma importante ferramenta de prevenção a enchentes em toda a Região Metropolitana de São Paulo. Com custo de R$ 8 milhões, totalmente financiados pela iniciativa privada, o equipamento foi instalado na zona rural da porção leste do Município em dezembro de 2010 e, desde então, funcionou em caráter experimental. Este será o primeiro verão em que o aparelho vai operar oficialmente, sendo que um de seus principais clientes é a Defesa Civil do Estado de São Paulo. A expectativa dos idealizadores do projeto é de que a nova tecnologia seja adquirida não apenas pelo órgão estadual, mas também pelas defesas civis dos municípios de toda a Região Metropolitana. Apesar de sediado em Mogi, o equipamento não é utilizado pela Cidade.


O radar tipo doppler foi idealizado pela Somar Meteorologia e construído com tecnologia nacional pela empresa Atmos. Com alto custo, o aparelho foi financiado por outras empresas privadas, sendo que a maior parte dos recursos partiu da seguradora Porto Seguro. Ele foi instalado em solo mogiano, em região erma entre os distritos de César de Souza e Sabaúna, com acesso pela Estrada do Procópio e outras vias municipais de terra (confira mapa). O sócio diretor da Somar, Marcos Massari, explica que Mogi das Cruzes foi escolhida para receber o aparelho especialmente em razão das condições topográficas. "Escolhemos esse local exatamente pela posição geográfica. Um radar precisa ter uma boa visada para a área que se pretende monitorar. E o local onde ele está instalado tem uma boa visada para toda a Região Metropolitana de São Paulo, sem interferências. De Mogi, as informações são enviadas para a sede da Somar em São Paulo, onde são analisadas pelos meteorologistas", explica.


Antes da instalação do equipamento, a Somar utilizava um radar localizado em Bauru, no Interior do Estado. A empresa não tem acesso às informações produzidas pelo radar meteorológico mantido em Salesópolis pelo Departamento de Águas e Energia Elétrica (DAEE), que pode ser considerado obsoleto com seus 22 anos de vida. As diferenças entre os dois aparelhos são inúmeras, começando pelo fato de que o primeiro é digital e o segundo ainda é analógico. A nova tecnologia permite previsões extremamente precisas já que gera imagens muito aproximadas, com resolução de até 250 metros quadrados. Antes, o alcance era de no máximo dois quilômetros quadrados. Além disso, o novo radar ainda consegue prever a formação da chuva no interior das nuvens, permitindo emissão de alertas com antecedência de 30 a 90 minutos, enquanto que o aparelho de Salesópolis só faz alertas 15 minutos antes das precipitações.


De acordo com Marcos Massari, todos os avanços tornaram possível a realização de previsões meteorológicas antecipadas para áreas muito restritas como, por exemplo, uma determinada rua. "Em Mogi das Cruzes, o ponto crítico é a Avenida Voluntário Fernando Pinheiro Franco. Com esse novo radar, seria possível fazer um monitoramento da cabeceira do Rio Tietê para prever possíveis transbordamentos. Com os alertas antecipados, haveria tempo hábil para que a Defesa Civil tomasse as providencias necessárias".


Marcos Massari explica que o radar já deverá significar um avanço importante no combate a enchentes em toda a Região Metropolitana, a partir dos dados enviados à Defesa Civil. Porém, ele explica que o ideal seriam monitoramentos específicos para cada município e que, por este motivo, a empresa já começou a disponibilizar o serviço para as prefeituras, incluindo Mogi das Cruzes. "Nossa intenção é comercializar o serviço, até porque dependemos disso para manter o radar. Em Mogi das Cruzes, cheguei a apresentar o projeto ao prefeito (Marco Bertaiolli - PSD), na época da instalação do radar. Mas ainda não recebemos uma resposta".


Alta Tecnologia


De acordo com a Somar existem poucos radares com tecnologia semelhante ao mogiano no restante do País. Há equipamentos parecidos nos Estados do Paraná e Ceará.


Fonte:O Diário de Mogi