terça-feira, 6 de dezembro de 2011

PDT negocia espaço no governo

BRASÍLIA
Excluído do governo sem honras, o ex-ministro Carlos Lupi foi forçado pelo PDT a um exílio para não atrapalhar as negociações do partido com o Palácio do Planalto sobre a ocupação de cargos na Esplanada. Lupi deixou a pasta no domingo, após uma avalanche de denúncias, e vai continuar licenciado da presidência do partido pelo menos até janeiro de 2012. Até lá, o PDT espera ter resolvido o impasse relativo ao espaço que caberá à legenda no latifúndio governista.


A saída de Lupi no domingo mexeu no xadrez ministerial. Dilma não quer que o PDT continue à frente do Trabalho. Alega que o partido está há muito tempo no comando da Pasta - desde 2007, no governo de Luiz Inácio Lula da Silva - e prega mudanças.


A estratégia adotada ontem pela cúpula do PDT, no entanto, tem como objetivo permanecer no Trabalho. Apesar do discurso oficial de cautela, na prática o PDT vai brigar com o PT para não perder a cadeira durante a reforma ministerial, prevista para o início de 2012.


Presidente da Força Sindical, o deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP) desdenhou da possibilidade de emplacar o ex-senador Osmar Dias, filiado ao PDT, no Ministério da Agricultura, que também pode abrigar Pesca. "Não sabemos nada de mexer com terra", ironizou Paulinho, como é conhecido.


O deputado também serviu como porta-voz da crítica do PDT a um estudo do governo para fundir Trabalho com Previdência.


Auxiliares de Dilma disseram que nenhuma fusão de pastas está decidida. Mesmo assim, aliados já estão de olho nos cargos. O PMDB, por exemplo, sempre considerou o Ministério da Previdência como "um abacaxi" e não parece muito animado em abarcar Trabalho. No Palácio do Planalto, o comentário é de que o superministério pode ir para o PP, abrindo espaço para o PT em Cidades.


Lupi passou o dia em reuniões com dirigentes do PDT e optou pelo silêncio em seu primeiro dia fora da Esplanada. Entrou e saiu nas reuniões na sede nacional do PDT pela garagem. Aos correligionários, voltou a afirmar inocência e atribuiu a saída à pressão da família e ao cansaço das seguidas explicações que teve de prestar nas últimas semanas.


Pela manhã, em conversa reservada com o deputado André Figueiredo (CE), presidente interino, Manoel Dias (SC), secretário-geral, e Acir Gurgacz (RO), líder no Senado, Lupi acertou a renovação de sua licença do comando partidário. A criação de uma comissão para negociar com Dilma também foi construída para blindar o PDT do desgaste provocado pela crise política.


A exclusão de Lupi dessa comissão foi motivada pelo nível de beligerância dentro da legenda. Antes mesmo da reunião da Executiva, realizada no início da tarde, o deputado Brizola Neto (RJ) já defendia essa posição. "Não dá para o Lupi tirar o paletó de ministro, tomar banho e voltar ao Palácio de camisa como interlocutor do partido", insistiu Brizola Neto.


A comissão do PDT terá Figueiredo, Dias, Brizola Neto, Gurgacz e o líder na Câmara, Giovanni Queiroz (PA). O presidente interino fez questão de enfatizar que o partido apoia o governo Dilma mesmo sem cargos. A cúpula do PDT, porém, espera um convite da presidente, ainda nesta semana para negociar.


Fonte:O Diário de Mogi